Como o jogador Richarlison ajudou no combate à pandemia de covid-19
Em julho do ano passado, o jogador Richarlison de Andrade, que marcou os dois gols da vitória do Brasil por 2 a 0 sobre a Sérvia na tarde de ontem (24), durante a primeira rodada da Copa do Mundo Qatar 2022, decidiu leiloar uma de suas chuteiras. O destino do valor arrecadado com a peça, que na época foi utilizada pelo atleta nas semifinais da Copa América, não tinha nada a ver com futebol.
O dinheiro foi doado ao programa USP Vida, da Universidade de São Paulo, que surgiu em abril de 2020 para realizar pesquisas e ações direcionadas ao enfrentamento da pandemia, incluindo o desenvolvimento de respiradores artificiais e testes rápidos para a detecção da covid-19. Segundo o Jornal da USP, o leilão beneficente rendeu quase R$ 7.000 para a campanha, da qual Richarlison se tornou o primeiro embaixador.
A atitude do camisa 9 da seleção brasileira veio à tona nas redes sociais depois de sua estreia com o pé direito em uma Copa do Mundo.
Fora dos gramados, o atleta de 25 anos, que atualmente joga pelo clube inglês Tottenham, é conhecido por seus posicionamentos sobre causas sociais e ambientais —algo considerado incomum entre jogadores de futebol.
'Hoje o papo não é sobre futebol, é sobre vida'
Em novembro de 2021, Richarlison fez uma publicação em seu perfil no Instagram incentivando a população a tomar a vacina contra a covid-19.
"Hoje o papo não é sobre futebol. É sobre vida. Por favor, não deixe de tomar sua vacina", publicou o jogador.
Na época, ele também escreveu uma carta direcionada aos fãs, na plataforma The Players' Tribune, fazendo um apelo pela vacinação em massa. Ele valorizou o trabalho dos cientistas e profissionais de saúde que se empenharam no desenvolvimento das vacinas, criticou as fake news sobre os imunizantes e citou a cooperação com a campanha da USP.
"No ano passado, eu me tornei embaixador do USP Vida, um programa da Universidade de São Paulo que já arrecadou quase R$ 20 milhões em doações para pesquisas e projetos científicos", disse Richarlison.
"O programa não é restrito à vacina. Também ajudou a desenvolver respiradores mais baratos e de produção mais rápida, testes, equipamentos de proteção e outras coisas relacionadas à covid-19. A vacina seria a cereja do bolo", acrescentou o atleta.
Além de leiloar sua chuteira para o projeto, Richarlison fez parte da campanha "Tabelinha de Craques", que teve início em abril de 2020. Ele utilizou suas redes sociais para engajar outros jogadores profissionais, artistas e influenciadores digitais para colaborar na arrecadação de recursos para a campanha da USP.
O que fez o programa
O programa foi a primeira grande campanha da universidade para arrecadação de recursos destinados ao desenvolvimento de pesquisas. Ele nasceu como uma grande força-tarefa para combater a covid-19 em diversas frentes.
O valor arrecadado em dinheiro foi de cerca de R$ 5 milhões e, em material, cerca de R$ 15 milhões.
Os recursos foram gerenciados pelo Comitê Gestor de Cientistas, coordenado pela Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, e alocados em uma conta da Fundação de Apoio da USP.
No primeiro ano, o valor recebido foi aplicado no desenvolvimento de um equipamento de suporte respiratório emergencial, na realização de testes de covid-19 pela Rede USP para o Diagnóstico de Coronavírus e na pesquisa de uma vacina por spray nasal, por exemplo.
Um dos projetos beneficiados pelas doações foi o "Projeto Inspire", que surgiu na Escola Politécnica em março de 2021, ainda no início da pandemia da covid-19. Os pesquisadores desenvolveram um equipamento para suporte respiratório de baixo custo, livre de patente, de rápida produção e com insumos nacionais, para oferecer uma alternativa e suprir uma eventual demanda emergencial do aparelho.
A produção do equipamento foi autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em agosto e, desde então, é feita em parceria com o CMTSP (Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo) e doado a hospitais —ao todo, já foram produzidos e doados 300 equipamentos para hospitais nos Estados de São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Bahia e Amazonas.
Entre as pesquisas financiadas pela campanha, destaca-se uma que identificou uma molécula denominada de TREM-1, que pode ser um marcador de gravidade da covid-19 e, portanto, ser utilizada como marcador da evolução da doença. O valor também foi investido na criação de testes rápidos para detectar a presença do vírus.
Ao divulgar a campanha, Richarlison destacou o papel dos médicos, cientistas e pesquisadores que arriscam suas vidas todos os dias, chamando-os de "os verdadeiros craques".
"Eu vou confessar a vocês: eu estou muito inquieto por não poder fazer o que eu mais amo: GOLS. Mas esse tempo de confinamento me fez entender que há um outro jogo em disputa, e eu decidi me escalar", acrescentou. A campanha USP Vida acabou no final de 2021. A lista completa dos projetos beneficiados pode ser consultada clicando neste link.
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