Depressão, dores, insônia: 10 problemas de idosos que não saem de casa
Com a pandemia de covid-19, idosos, que são um grupo mais vulnerável a efeitos graves da doença, receberam a recomendação médica para ficarem em casa, o que se demonstrou eficaz para reduzir a disseminação do novo coronavírus. Porém, vida em isolamento em prol da saúde nada tem a ver com não se fazer nenhuma atividade, ou não tomar sol, ou só comer, beber e dormir tarde.
Idosos que passam longos períodos confinados dessa forma adoecem. Por isso, para os que preferem continuar sem sair de casa, que não se esqueçam nunca dos cuidados com o corpo e a mente e as consultas regulares ao geriatra.
Já para os que são ativos e saem, que continuem assim, mas evitem aglomerações e usem máscaras sempre que tiverem com outras pessoas e em locais fechados, sem circulação de ar. A orientação vale também para aqueles já vacinados.
A seguir, veja o que acontece quando ficar em casa mais prejudica do que ajuda os idosos:
1. Deficiência de vitamina D
Se sol em excesso faz mal, a falta dele também. Idosos que não se expõem aos raios UVB de forma controlada, por alguns minutos ao dia, não atingem os valores adequados de vitamina D, que neles já é sintetizada cerca de um terço a menos quando em comparação aos jovens. A falta dela resulta em fraqueza, osteoporose, doenças cardiovasculares, esclerose e até câncer.
2. Transtorno depressivo
Sem se relacionar, contemplar a natureza, se expor à luz natural, o risco de se predispor e reforçar um quadro de depressão também aumenta. O idoso tende a não reconhecer mais sua utilidade, os prazeres da vida, e deixa de fazer planos, se cuidar, se exercitar, o que gera, além de frustração e impotência, tédio, impaciência, mau humor, insegurança e ideias pessimistas.
3. Redução da mobilidade
A falta de caminhar e fazer atividades físicas leva a reduções de força e de massa muscular, o que pode deixar articulações instáveis, desalinhadas, doloridas, sobrecarregadas e sujeitas a traumas, quedas e doenças, como a osteoartrite. Como consequência, o idoso, aos poucos, deixa de se movimentar e realizar tarefas básicas, como se levantar, alongar, agachar e andar.
4. Perda da independência
Sedentário e com declínios físicos, de equilíbrio e de capacidade em cumprir atividades rotineiras, o idoso torna-se também dependente da ajuda de terceiros. Por isso, estando ele apto para ir ao supermercado, à farmácia, ao banco, seja qual for o local, a família não deve interferir. Pode até oferecer ajuda, mas é importante que ele gerencie sua própria dinâmica.
5. Tendência a ganhar peso
Quando não se gasta energia, o corpo tende a engordar e para o idoso esse risco é maior, pois com o avanço da idade o metabolismo naturalmente desacelera. Somado a isso, não sair de casa faz aumentar o tempo frente à TV e os "ataques" à despensa e geladeira, o que também pode levar a um descuido com a alimentação saudável e fazer surgir doenças, como diabetes.
6. Dificuldade para dormir
Embora seja um problema multifatorial, a insônia também pode se desenvolver em razão da aposentadoria ou da falta de não se ter uma rotina de compromissos e horários fora de casa. Com o problema instalado, logo o ritmo circadiano (biológico) do organismo também acaba desajustado, gerando sonolência diurna excessiva e facilitando a manutenção do ciclo vicioso.
7. Alterações de cognição
Por mais que o idoso possa utilizar a internet, recluso ele acaba impedido de ter experiências mais desafiadoras e momentos únicos, de socialização, diversão e aprendizados presenciais, fundamentais para a saúde mental. O cérebro, para não se lentificar, perder habilidades cognitivas, de raciocínio, linguagem e memorização, e ser acometido por Alzheimer e outras demências, requer estímulos constantes e os fora das telas também são muito importantes.
8. Mau funcionamento de órgãos
Com o corpo inativo e sem condicionamento físico, a performance de alguns órgãos, como coração, pulmões e intestinos, por exemplo, também deixa de ser a mesma. A frequência cardíaca fica mais fraca, assim como a função respiratória e a evacuação, o que é perigoso para quem já possui condições preexistentes, como insuficiência, obstrução crônica e diverticulose.
9. Dependência química
Vícios em álcool, cigarro e drogas, o que inclui medicamentos para tratar ansiedade, depressão e insônia, podem ser potencializados em decorrência de isolamento e falta de suporte social. O idoso "se entrega" por se sentir sozinho, abandonado, rejeitado. Para recuperá-lo e reintegrá-lo socialmente, é preciso apoio familiar, acompanhamento psicológico e tratamento médico.
10. Declínio da imunidade
Pode parecer contraditório, mas se por um lado ficar em casa evita contágios, por outro, à medida que o tempo aumenta, esse hábito pode reduzir a atividade do sistema imunológico, predispondo infecções e recuperações mais lentas. Isso é explicado pelo estresse crônico de se ficar recluso e pela falta de contato com vários patógenos, o que "destreina" nossas defesas.
Fontes: Christiane Machado, geriatra do Hospital São Rafael, em Salvador (BA); Natan Chehter, geriatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia); e Paulo Camiz, geriatra e professor no HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
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