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Qual o valor normal da glicemia? Saiba o que é e como medir corretamente

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Nathalie Ayres

Colaboração para VivaBem

28/11/2022 04h00Atualizada em 02/06/2023 11h00

Todo mundo que já passou por um médico que pediu exames de sangue, já fez um exame de glicemia. Ele é realizado para mensurar a quantidade de glicose (uma molécula resultante da quebra dos diferentes tipos de açúcar) no sangue.

A glicemia alta está normalmente relacionada ao diabetes, mas pode estar relacionada a outros problemas de saúde como:

VivaBem conversou com especialistas para entender melhor quais são os valores de referência para glicemia, quando ela está alta ou baixa e como controlar essa medida. Confira:

Qual é o nível normal de glicemia?

Ao fazer a medição sanguínea da glicemia, ela é considerada normal quando apresenta os seguintes valores:

  • Glicemia de jejum: entre 70 a 99 mg/dL
  • Glicemia pós-prandial: até 140 mg/dL

A glicemia pós-prandial é aquela medida após as refeições, geralmente com o intervalo de duas horas. Já a em jejum é o valor colhido após 8 horas ou mais sem comer. Os valores alterados são:

Glicemia em jejum:

  • 100 a 125 mg/dL = Intolerância à glicose
  • Acima de 126 mg/dL = Diabetes

Glicemia pós-prandial (120 min):

  • 140 a 199 mg/dL = Intolerância à glicose
  • Acima de 200 mg/dL = Diabetes

Além disso, valores de glicemia de jejum abaixo de 70 mg/dL já representam uma hipoglicemia. Considerada de nível 1 até 51 mg/dL, fase em que ainda é assintomática, e nível 2 quando está abaixo de 50 mg/dL, em que apresenta sintomas.

Normalmente, pessoas que fazem uso de insulina para o tratamento de diabetes (normalmente tipo 1, mas também em alguns casos de tipo 2), precisam estar atentas ao seu nível de glicemia ao longo do dia, até para ajustarem as quantidades de hormônio que irão injetar antes das refeições.

A insulina é responsável por levar a glicose para dentro das células, onde ela será usada como fonte de energia, por isso os níveis de glicemia indicam se foi aplicada muito ou pouco da substância.

Como medir a glicemia?

Normalmente a glicemia é medida pelo sangue, usando os valores de referência que citamos acima. Existem diferentes métodos para medi-la. Conheça os principais abaixo:

  • Glicemia capilar
Pessoa medindo glicemia, diabetes, glicose, açúcar no sangue - iStock - iStock
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A glicemia capilar é o exame em que o sangue é coletado da ponta do dedo e normalmente é feito em casa (ou em mutirões de saúde em locais públicos, entre outros), apresentando resultados um pouco mais altos do que o exame feito em laboratório. Depois de o furo ser feito, uma gota do sangue é aplicada em uma fita reagente, que é inserida em um aparelho eletrônico que realiza a leitura.

O sangue pode ser colhido em jejum ou após as refeições e normalmente é feito com frequência por pessoas que precisam controlar seus níveis de glicose diariamente. Este método existe desde a década de 1970 e também é chamado de glicemia de ponta de dedo.

  • Glicemia em jejum

É o nome dado ao exame laboratorial de glicemia feito após oito ou mais horas sem se alimentar. Nele, o sangue é colhido direto de uma veia e a medição é feita pela análise da amostra em laboratório.

  • Glicemia pós-prandial

Como já explicamos, é um exame feito também em laboratório, como a glicemia em jejum, só que duas horas após uma refeição. Esse é o período de tempo para entender se toda a glicose consumida naquele momento foi corretamente transportada para as células.

  • Curva glicêmica

A curva glicêmica é um exame laboratorial que avalia amostras de sangue coletadas em jejum e duas horas após a ingestão de 75 gramas de glicose, ou seja, é comparada a glicose em jejum e pós-prandial, para entender como o corpo reage a essa sobrecarga da molécula.

De modo geral, a orientação é que o paciente se alimente normalmente nos dias anteriores ao exame. Esse exame é pedido quando o paciente apresenta alguma alteração no exame de rotina de glicemia em jejum. Também pode ser feito em gestantes entre 24 e 28 semanas para investigação de diabetes gestacional.

  • Hemoglobina glicada

A hemoglobina glicada também é um exame laboratorial, mas que não mede diretamente a glicose sozinha e, sim, a quantidade dessa molécula que se ligou às hemoglobinas das hemácias, células do sangue responsáveis pelo transporte dos nutrientes e oxigênio pelo organismo.

O exame dá o resultado em porcentagem, ou seja, se o resultado é 7%, então esse foi o percentual de hemácias avaliadas com hemoglobina conectada a glicose.

Como essas substâncias têm meia-vida de 3 meses, o exame permite que sejam avaliadas a média de glicose no sangue durante esse período, sendo importante para seguimento de pacientes com essa medida alterada, como os diabéticos.

  • Outras formas de medir a glicose

Existe um aparelho que é aplicado no braço e mede ao longo de todo dia a glicose intersticial, cujos valores mudam com uns cinco minutos de atraso. No entanto, ele é importante para perceber se há uma queda ou subida muito rápida da glicose e mede sem precisar que o paciente pare o que está fazendo.

Quando medir a glicemia?

Pessoas insulinodependentes ou com problemas de saúde relacionados a alterações na glicemia devem medi-la em diferentes momentos do dia. Normalmente isso é individualizado para cada paciente conforme as orientações médicas. No entanto, os momentos mais comuns em que as medições devem ser feitas são:

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  • Ao acordar;
  • Antes das refeições;
  • Duas horas após as refeições;
  • Antes de dormir;
  • Sempre que tiver um sintoma diferente.

Além disso, em mulheres com diabetes gestacional a indicação é que a medição pós-prandial seja uma hora após a refeição, e não duas.

O que significa a glicemia alta

A glicemia alta pode estar relacionada a diversos quadros já citados: diabetes, sepse, infarto, covid-19, acromegalia, hipertireoidismo e síndrome de Cushing, entre outros. É muito importante buscar um endocrinologista quando percebe-se que os exames de rotina apresentam glicemia de jejum acima de 100 mg/dL.

Normalmente, quadros em que a glicemia está acima de 500 mg/dL são considerados emergências médicas. Mas pessoas com valores mais baixos, mas ainda assim considerados altos, podem ter problemas em longo prazo se não reduzirem os valores do seu sangue, já que a glicose pode levar à inflamação crônica dos vasos sanguíneos e dos nervos podendo desenvolver::

  • Problemas do coração e do cérebro, incluindo infarto e AVC;
  • Cegueira;
  • Problemas nos nervos;
  • Insuficiência renal;
  • Alteração nos vasos das pernas e maior risco para amputação dos membros.

Normalmente, pessoas com a chamada hiperglicemia (ou seja, taxas altas de glicose no sangue) apresentam os seguintes sintomas:

  • Vontade de urinar mais vezes por dia e a noite e em maior quantidade;
  • Boca seca ou sede intensa;
  • Desânimo, fraqueza e cansaço;
  • Dificuldades visuais;
  • Dormências, cãibras, sensação de pernas doloridas e pesadas;
  • Perda de peso sem estar fazendo dieta;
  • Mulheres podem apresentar candidíase vaginal.

Normalmente, a maior parte dos casos de glicemia alta estão relacionados ao diabetes. Esse quadro normalmente é relacionado ao consumo alto de alimentos ricos em carboidratos como doces, pães e farináceos e ultraprocessados. No entanto, outros fatores podem estar relacionados ao seu aparecimento como:

  • Consumo de bebidas alcoólicas;
  • Sedentarismo;
  • Estresse;
  • Ineficiência dos hormônios insulina e glucagon.

Além disso, situações de estresse, como infecções ou cirurgias, também podem ser causas de descompensação da glicemia não relacionadas ao diabetes.

O que significa a glicemia baixa

A hipoglicemia normalmente começa a causar sintomas quando está abaixo de 50 mg/dL. Nesses casos ela causa sintomas como:

  • Aumento dos batimentos cardíacos;
  • Sudorese;
  • Tremores;
  • Nervosismo;
  • Tonturas;
  • Sensação de fraqueza e de fome;
  • Palidez;
  • Pesadelos (quando ocorre durante à noite);
  • Dores de cabeça.

Em casos mais graves de hipoglicemia, a pessoa pode sentir:

  • Confusão mental;
  • Desmaio;
  • Entrar em coma.

Eles ocorrem porque a glicemia é uma importante matéria-prima de energia das células e a falta de glicose no cérebro pode até mesmo levar à morte. A hipoglicemia pode ocorrer devido ao jejum prolongado, excesso de atividades físicas, uso de alguns medicamentos ou mesmo como uma reação após uma refeição com grande quantidade de carboidratos.

Normalmente, quando uma pessoa tem uma crise de hipoglicemia, confirmada por um teste de glicemia capilar, é importante seguir os seguintes passos:

  1. Fornecer algum açúcar rapidamente absorvível para ela, preferência uma bebida açucarada, 3 balas de goma ou duas colheres de mel.
  2. Evite bebidas lácteas, chocolates ou biscoitos recheados nesses momentos.
  3. Após a melhora desses sintomas, realizar uma refeição ou lanche ajuda o paciente a ficar com a glicemia estável.

O mais comum é a pessoa ter episódios de hipoglicemia por usar insulina. Pessoas que costumam ter crises assim sem uso de remédios para glicemia ou insulina devem buscar aconselhamento médico para descobrir a causa das crises.

Como baixar a glicemia alta?

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Existem inúmeros fatores que podem influenciar na glicemia alta, como:

  • Alimentação: com a quantidade e tipo de carboidratos, além das quantidades dos outros macronutrientes e de fibras;
  • Atividade física e sedentarismo: ao realizar exercícios, os músculos conseguem absorver alta quantidade de glicose mesmo com a presença de pouca insulina. Mas tudo depende da intensidade e quantidade dessas atividades;
  • Medicamentos: as doses, horários de ingestão e até a interação entre os remédios podem ter relação com a glicemia de um paciente;
  • Fatores biológicos: existem pontos importantes, como distribuição da gordura no corpo, estresse, quantidade e qualidade do sono, período menstrual, presença de alergias ou mesmo de doença celíaca, que podem influenciar nas doses sanguíneas de glicose;
  • Ambiente: fatores como temperatura, altitude e presença de queimaduras de pele também podem ter alguma influência;
  • Comportamental: as decisões tomadas pelo indivíduo, bem como suas relações interpessoais e pressões que recebe da sociedade também são fatores.

No entanto, quando pensamos nos fatores mais controláveis da glicose no dia a dia, a alimentação é o que mais vem em mente, por isso vamos abordá-la um pouco mais!

Alimentação para reduzir a glicemia

Quando pensamos na alimentação, é preciso levar em conta dois fatores importantes do alimento e da refeição como um todo:

  • Índice glicêmico (IG): classifica os alimentos de acordo com o seu efeito sobre a glicemia pós-prandial, ou seja, de que modo eles impactam essas taxas no sangue após a refeição. O que influencia nessa medida é a natureza do carboidrato consumido e fatores como a quantidade de fibras, gorduras, proteínas (ou seja, a composição do alimento);

  • Carga glicêmica (CG): mensura quanto de carboidrato está no alimento e como cada grama de carboidrato no alimento aumenta os níveis de glicose no sangue.

Normalmente, é importante que você leve em consideração os dois fatores, afinal uma porção pequena de alimento com alto IG, mas baixo CG, como o abacaxi ou a melancia, acaba não impactando na glicemia da mesma forma.

Além disso, é preciso pensar na refeição como um todo, você pode consumir um alimento com alto IG com outro com mais fibras e menos carboidratos, portanto, é importante seguir as seguintes dicas:

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  • Consuma alimentos ricos em carboidratos com outros fontes de proteínas, gorduras (preferencialmente as mono e poli-insaturadas), já que estes tornam o processo digestivo do carboidrato mais lento, fazendo com que o impacto deles na glicemia seja menor. Ou seja, o arroz com feijão vale mais do que ele sozinho e adicionar salada à refeição sempre é interessante, ainda mais com vegetais folhosos;

  • Considere as fibras, já que frutas com casca e bagaço contêm fibras que também tornam sua digestão mais lenta e menos impactante nas taxas de glicose no sangue;

  • Não pense sempre só no IG, afinal, alimentos fritos podem ter menos índice glicêmico, mas ainda assim não são recomendáveis do ponto de vista de saúde geral e cardiovascular: um exemplo é a batata frita, que possui IG menor do que a cozida, mas ainda assim não é saudável.

Fontes: Cristina Façanha, endocrinologista, diretora do Departamento de Diabetes Mellitus da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e coordenadora do Ambulatório de Gravidez e Diabetes do CIDH-CE (Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do estado do Ceará); Denise Reis Franco, endocrinologista e membro da diretoria da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes); Jacqueline Rizzolli, endocrinologista do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e membro da diretoria da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica); Patricia Dualib, endocrinologista, coordenadora do Ambulatório de Diabetes e Gestação do Centro de Diabetes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora do Departamento de Diabetes e Gestação da SBD; Helio Magarinos Torres Filho, patologista clínico e diretor médico do Richet Medicina & Diagnóstico; e Clarissa Fujiwara, nutricionista, membro do Departamento de Nutrição da Abeso e Coordenadora de Nutrição da Liga de Obesidade Infantil do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).