Por que auxiliar técnico da seleção holandesa está sempre de óculos escuro?
O ex-jogador Edgar Davids, 49, membro da comissão técnica da Holanda, time que defendeu nos anos 1990, voltou a chamar atenção por causa de seus óculos. Dessa vez, o curioso foi que Davids usava óculos escuros mesmo na sombra. Desde jovem, entretanto, ele já entrava em campo usando o acessório, que sempre variava de cor e modelo.
O motivo é um glaucoma crônico, que foi diagnosticado cedo, em 1999. O jogador então começou seu tratamento e só conseguiu continuar sua carreira nos campos por conta do óculos, que serve como proteção em caso de acidente.
O oftalmologista César Motta explica que a pessoa com glaucoma, além do tratamento —em geral feito com colírios específicos—, não pode sofrer trauma no olho de jeito nenhum. "Uma eventual pancada aumentaria ainda mais a pressão do olho, que já é alta, podendo gerar uma perda ainda maior em um nervo óptico que já é muito sensível", explica.
O que é o glaucoma?
O glaucoma é um aumento da pressão de dentro do olho que gera uma danificação progressiva do nervo óptico, responsável por levar os impulsos ópticos dos olhos para o cérebro. Com o tempo, essa pressão danifica o nervo e pode levar à cegueira. O principal sintoma é a perda progressiva da visão, que começa a "escurecer" a partir das extremidades, em direção ao centro da vista.
Como a visão central é a última a se perder, é comum que as pessoas demorem para perceber ou mesmo não percebam que estão com problemas visuais. No caso de Davids, ele teve sorte de ser diagnosticado cedo e conseguiu iniciar o tratamento precocemente, evitando a progressão do glaucoma.
A doença se divide em dois tipos: agudo e crônico. O agudo é quando há episódios pontuais de pressão elevada no olho, com um tratamento que resolve o problema. Já o crônico não tem cura, apenas controle, e geralmente está associado ao histórico familiar.
Cirurgia não controla doença para sempre
Atualmente, segundo Motta, existem algumas cirurgias usadas em adultos para conter o glaucoma, mas elas duram apenas cerca de cinco a 10 anos —diferente do que ocorre com a catarata, em que uma única cirurgia costuma ser suficiente para resolver o problema. Assim, uma vez diagnosticado um quadro de glaucoma crônico, como aconteceu com o ex-jogador Edgar Davids, é preciso fazer um acompanhamento oftalmológico constante e usar a medicação indicada de acordo com o caso.
Se Davids tivesse sido diagnosticado ainda criança, porém, as chances de uma cirurgia bem-sucedida conseguir controlar o glaucoma congênito seriam maiores, explica o oftalmologista Leon Grupenmacher, professor do curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Nos caso dos pequenos, o problema genético se manifesta mais cedo e, então, é possível fazer a detecção antes dos três anos e realizar uma cirurgia capaz de prevenir o aumento da pressão ocular. O procedimento pode exigir atualização, mas costuma ter resultados melhores que em adultos, nos quais o tratamento em geral é feito apenas com colírios.
O glaucoma, muitas vezes, acomete pessoas jovens e é possível detectar a doença antes mesmo que os primeiros sinais de perda na visão apareçam, como parece ter sido o caso de Davids, que inclusive chegou a passar por uma cirurgia quando jovem.
Ricardo Guedes, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, destaca ainda que, em geral, após uma operação no olho, eles recomendam que os pacientes não pratiquem esportes de impacto. "Como ele era jogador profissional, precisou recorrer aos óculos como medida de proteção física para evitar danos à cirurgia."
O glaucoma pode ser diagnosticado em consultas oftalmológicas de rotina. Os exames indicados para prevenir a doença são a medição da pressão intraocular, o exame de fundo de olho e do campo visual. Daí a importância de consultar um oftalmologista ao menos uma vez por ano.
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