Melhor tirar casca para evitar agrotóxico ou comê-la para obter nutrientes?
Você costuma descascar frutas na hora de comer? E na hora de cozinhar os legumes, você tira a casca? Seja por gosto ou por hábito, descascar os alimentos antes do consumo divide opiniões.
Há quem não goste da textura da casca, quem coma só por acreditar que ali está a maioria dos nutrientes oferecidos pelo alimento e quem ache que descascar é uma maneira de driblar os agrotóxicos presentes. Mas será que é assim mesmo?
Realmente, as cascas concentram quantidades significativas de nutrientes. O valor nutricional delas varia de um tipo para o outro, mas geralmente elas concentram a maior parte dos antioxidantes e das fibras. Nas frutas cítricas, por exemplo, há mais compostos antioxidantes na casca do que na polpa, em geral.
Quanto aos agrotóxicos, como eles são pulverizados, sua maior concentração fica na superfície dos alimentos, como a casca e as folhas. Entretanto, naqueles que são mais porosos, tais substâncias tendem a penetrar até o interior dos vegetais, o que acontece também pelas raízes, caso sejam aplicadas no solo.
Pepino, morango, cereja e uva, por exemplo, são alimentos mais sensíveis, que absorvem grande parte dos resíduos.
Entretanto, de maneira geral, não vale a pena descascar os alimentos, pois o alto teor de fibras presente nas cascas é muito mais benéfico do que tentar reduzir o efeito acumulativo dos agrotóxicos.
Por que é melhor comer a casca do que descascar para evitar risco de agrotóxicos?
Como a maior parte dos resíduos dos agrotóxicos está na casca, descascar a fruta faria, então, com que boa parte dessas substâncias seja eliminada. A questão é que descascar os vegetais reduz a ingestão de fibras insolúveis, responsáveis pela manutenção do funcionamento intestinal e proteção contra algumas doenças crônicas como diabetes, problemas cardíacos e câncer de intestino.
Além disso, quando descascamos desperdiçamos muito do alimento, que poderia ser aproveitado integralmente. Partes comumente não consumidas, como cascas, aparas e sementes, podem ser utilizadas para o preparo de molhos, caldos, farinhas e bolos.
Fora isso, bater o martelo sobre o risco dos agrotóxicos à saúde também é complexo. Por questões éticas, não há estudos que relacionem a ingestão dessas substâncias a doenças. Depois, pelas análises feitas até o momento serem observacionais, muitos fatores podem confundir os resultados, afinal, o corpo é exposto a uma série de outros produtos potencialmente tóxicos, como a fumaça do cigarro, por exemplo, e a poluição.
Os dados que se tem até o momento também são mais evidentes em trabalhadores que lidam diretamente com os agrotóxicos e a população rural. Pouco se sabe sobre os impactos na saúde de quem apenas consome esses alimentos.
O ideal, portanto, seria comer os alimentos com a casca e reduzir ao máximo o contato com as substâncias que poderiam ser tóxicas ao organismo.
Como reduzir o nível de agrotóxico presente nos vegetais?
A ingestão das vitaminas e minerais pode ser compensada variando a alimentação por sazonalidade e optando por produtos orgânicos, o que reduz o risco de ingestão de agrotóxicos. Essas substâncias também podem ter seu teor reduzido com a higienização correta dos vegetais, principalmente dos que serão consumidos crus e com a casca.
Lave os alimentos com água corrente para retirar as sujidades e excesso de compostos químicos. Depois faça uma imersão com 1 litro de água e 1 colher (sopa) de água sanitária, deixe por 15 minutos e em seguida enxague bem. Apesar de só ter efeito na parte externa dos vegetais, essa higienização reduz a níveis seguros os microrganismos e formas parasitárias neles encontrados.
O cozimento também ajuda a reduzir os níveis de agrotóxicos, mas não os elimina. O ideal é cozinhar no vapor e com a casca, método que mantém mais minerais do que a cocção por ebulição dos vegetais descascados.
Atualmente já conhecemos quais são os vegetais que sofrem maior ataque de pragas durante o cultivo e por isso recebem maior quantidade de agrotóxico. De acordo com o Para (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos), da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), testes de 2017 e 2018 mostraram que os três alimentos com mais agrotóxicos são pimentão, goiaba e cenoura, seguidos de tomate, alface e uva. Outros vegetais que já apareceram no topo do ranking em pesquisas anteriores são morango, pepino e mamão.
Fontes: Eveline de Alencar, doutora em ciência e tecnologia de alimentos, professora adjunta do bacharelado em gastronomia e do programa de pós-graduação em gastronomia da UFC (Universidade Federal do Ceará); Laura Contin de Sousa, nutricionista pela Universidade São Camilo, especialista em nutrição na infância e adolescência pela EPM-Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo); Ana Paula Colares de Andrade, professora do Departamento de Engenharia de Alimentos da UFC (Universidade Federal do Ceará); Luciane Franquelin Gomes de Souza, doutora e professora no curso de engenharia de alimentos do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia).
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