MC Cabelinho faz tatuagem anestesiado: faz mal? Afeta o resultado? Entenda
MC Cabelinho quis fugir da dor e optou por terminar de tatuar suas costas anestesiado. Ele finalizou uma tatuagem gigante, em que aparece cantando junto a fãs, nesta quarta-feira (30), no centro cirúrgico do Hospital da Plástica, no Rio de Janeiro.
As fotos divulgadas no perfil do funkeiro no Instagram mostram uma equipe de oito pessoas envolvidas no processo, entre anestesistas e tatuadores. Por maior que seja, os especialistas ouvidos por VivaBem foram unânimes quanto ao risco de usar uma anestesia geral para um procedimento estético considerado simples, como é o caso de uma tatuagem.
O risco, nesse caso, não tem a ver com a tatuagem em si, mas com a anestesia geral, que é um procedimento delicado e sistêmico, ou seja, que afeta todo o organismo.
Antes de ser anestesiado, qualquer paciente precisa passar por uma triagem prévia, como acontece antes de qualquer cirurgia, para analisar possíveis condições de saúde e ver se há necessidade de suspender medicamentos de uso contínuo. Durante o procedimento, feito sempre com a pessoa em jejum, o paciente perde a consciência —como podemos ver nas fotos de MC Cabelinho.
Enquanto a pessoa está anestesiada, o médico anestesista precisa ficar ao seu lado acompanhando respiração, ventilação, pressão, batimentos cardíacos, temperatura corporal e outras possíveis alterações. Quando há histórico de problemas cardíacos, esses cuidados precisam ser ainda maiores. Tudo isso explica a presença de tanta gente na sala de cirurgia usada para a tattoo do funkeiro.
E o resultado estético?
Os anestésicos, tanto aqueles inalados quanto os injetados, agem sobre o cérebro, de modo que as substâncias analgésicas não afetam a pele e nem interagem com a composição das tintas usadas para tatuagem.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não autoriza que os tatuadores prescrevam ou administrem qualquer tipo de medicamento, por qualquer via, para seus clientes. Então, já que queria evitar a dor, MC Cabelinho fez bem ao procurar um hospital para realizar o procedimento da forma adequada, com o apoio de médicos anestesistas.
Por outro lado, talvez não fosse necessário se submeter aos riscos envolvidos na anestesia geral para a realização de uma tatuagem, em geral considerada como um procedimento estético pouco doloroso —quando comparada a operações como lipoaspiração ou colocação de próteses, por exemplo, que também são procedimentos estéticos, porém mais invasivos.
Do ponto de vista estético, o resultado só seria afetado se a opção analgésica escolhida fosse uma anestesia local feita com líquido. Nesse caso, poderia ser aplicado um soro anestésico líquido sob a região da pele a ser tatuada. Na hora de drenar esse líquido, isso poderia levar a um movimento que prejudicaria o desenho recém-tatuado. Como a anestesia escolhida foi a geral, não há riscos para a pele.
Considerando todos os riscos, que vão de complicações durante o procedimento até a demora para a recuperação pós-anestésica, a recomendação dos especialistas é que a anestesia geral seja evitada, sempre que possível, dando preferência para a anestesia tópica (mais simples e feita com pomadas) ou local (em que se usam injeções que anestesiam apenas uma região do corpo).
Fontes: João Manoel da Silva Junior, diretor do Serviço de Anestesiologia do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo); Gabriel José Redondano Oliveira, coordenador do Serviço de Anestesia e do Centro Cirúrgico do Vera Cruz Hospital (Campinas-SP); Carla Gayoso, professora da UFPB e dermatologista da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); e Luís Antonio Ribeiro Torezan, dermatologista e coordenador do Departamento Laser da SBD.
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