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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Qual a relação entre cigarro e DPOC, doença que afeta Pedro Paulo Rangel

O ator Pedro Paulo Rangel  - Reprodução/YouTube
O ator Pedro Paulo Rangel Imagem: Reprodução/YouTube

Do VivaBem*, em São Paulo

11/12/2022 12h12

O ator Pedro Paulo Rangel, 74, que está internado desde o início do mês em um hospital no Rio de Janeiro para o tratamento de um quadro de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), precisou ser intubado, segundo informações da colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo.

O ator está hospitalizado na Casa de Saúde São José, na zona sul do Rio. A DPOC é basicamente a manifestação de duas doenças respiratórias que obstruem a passagem do ar pelos pulmões: bronquite crônica e enfisema pulmonar, sendo que boa parte dos pacientes têm os dois problemas juntos.

Sem dar detalhes do estado de saúde do ator, a assessoria do hospital confirmou a Splash que ele está internado desde o dia 30 de outubro e no CTI (Centro de Terapia Intensiva) desde 6 de novembro.

Dificuldade de respiração. Os sintomas da DPOC variam de leves a muito graves e podem perdurar por meses ou anos. A respiração fica cada vez mais difícil conforme a evolução da doença, que também pode causar tosse acompanhada de muco, barulho no peito ao respirar (chiado) e infecções respiratórias frequentes.

É grave? Apesar de ter tratamento, a doença tem uma mortalidade bastante alta —de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), até 2030 a previsão é que a DPOC se torne a terceira causa de morte no mundo. Já no Brasil é a quarta causa de mortalidade: estima-se que 40 mil brasileiros morram todos os anos em decorrência de complicações da doença.

Qual a relação com o cigarro?

Pedro Paulo Rangel recebeu o diagnóstico da doença após anos de tabagismo. O ator contou que parou de fumar em 1988 e, apesar de ter adotado um estilo de vida saudável desde então, descobriu que tinha DPOC pouco tempo depois de largar o cigarro, em 2002.

"Se tem algo de que eu me arrependa profundamente é de ter começado a fumar. Se vejo um fumante, digo: 'Não faça isso, espelhe-se no meu caso'", afirmou o ex-ator da Globo em uma entrevista recente ao Jornal Extra.

De fato, o principal fator de risco para a DPOC é o tabagismo. Cerca de 85% dos casos ocorrem por causa dele. Por isso, fumantes e ex-tabagistas estão entre os mais atingidos pela condição. Estima-se que cerca de um a cada cinco fumantes desenvolve a doença.

Por quê? Isso ocorre porque as partículas e os gases tóxicos do tabaco causam inflamações nos pulmões.

A DPOC se instala no paciente depois de um quadro persistente de bronquite crônica associado ao uso de cigarro ou de um enfisema pulmonar. Entenda em cinco pontos:

  • O pulmão é como uma árvore de ponta-cabeça: o tronco da árvore é a traqueia, e os galhos são os brônquios, por onde o ar passa para chegar nos alvéolos;
  • A bronquite é uma inflamação crônica da parede dos brônquios, que dificulta a passagem do ar, e o enfisema também reduz o fluxo de ar, mas em paralelo ele diminui e destrói os alvéolos, que são as estruturas que promovem as trocas gasosas no órgão;
  • Na bronquite crônica, com o tempo, as partículas tóxicas da fumaça do cigarro vão lesando a parede dos brônquios e causando inflamação: as lesões vão remodelando e distorcendo as paredes desses brônquios, deixando o canal mais estreito, o que dificulta a passagem do ar;
  • Além disso, as células passam a produzir mais muco (catarro), deixando a pessoa com produção constante de secreção;
  • No caso do enfisema, as partículas tóxicas do cigarro destroem os alvéolos e deixam grandes espaços no pulmão na região onde ocorre a absorção do oxigênio e a eliminação do gás carbônico. É como se a pessoa fosse derrubando as paredes de um apartamento e criando um grande loft: quando há grandes espaços, aumenta a dificuldade para ocorrer as trocas gasosas, reduzindo a capacidade de absorver oxigênio.

Não é apenas o cigarro comum que causa DPOC. A queima do tabaco em outros dispositivos como cachimbos, charutos, narguilé ou cigarro eletrônico também são prejudiciais à saúde e aumenta as chances da doença.

Outros poluentes também causam a doença. Apesar de um pouco menos comum, a DPOC também pode ser causada pela exposição a outros poluentes e não apenas a fumaça associada ao tabagismo, entre eles a poluição atmosférica e inalação de fumaça de produtos químicos de limpeza (uso em indústrias).

Genética e asma. Há também casos de pessoas com predisposição genética para a DPOC. Acredita-se que 5% dos indivíduos com a doença tenham deficiência de uma proteína chamada alfa-1-antitripsina. Quem tem asma ou outras condições respiratórias também está mais suscetível à doença.

Como prevenir? Ficar longe do cigarro é a maneira mais eficaz de prevenir a doença, que não tem cura. Outra forma de prevenção é fazer check-ups de rotina para avaliar a capacidade pulmonar e estabelecer o diagnóstico mais cedo.

Existe tratamento? Após a identificação da doença, recomenda-se que a pessoa pare de fumar, caso ainda use cigarro —é a única forma de evitar a rápida progressão da doença e preservar o pulmão. Para quem sente falta de ar, são indicados medicamentos inalatórios (popularmente conhecidos como "bombinhas").

Já os medicamentos como corticoides diminuem as inflamações e retardam a lesão pulmonar. Também é preciso manter a vacinação em dia, especialmente a vacina pneumocócica (contra a pneumonia) e a influenza. Em casos mais graves, pode ser necessária uma reabilitação respiratória pulmonar, cirurgias ou suplementação de oxigênio

*Com informações de reportagens publicadas em 30/11/2020 e 31/05/2022.