É verdade que a dieta cetogênica pode ajudar no tratamento de câncer?
Não existe comprovação científica de que a dieta cetogênica ajude no tratamento contra o câncer, ou que previna a doença. A falta de evidências gera cautela, porque alimentações restritivas prejudicam a efetividade das terapias.
A dieta cetogênica prioriza a ingestão de gorduras no lugar de carboidratos —a maior fonte de energia do corpo— e sugere um consumo moderado de proteínas. A proporção, considerando o valor energético total, pode ser de: 90% de gorduras, 8% de proteínas e 2% de carboidratos.
Esse tipo de dieta tem efeitos positivos já conhecidos desde a década 1920 para tratar a epilepsia. Já a associação com o câncer surgiu após o médico alemão Otto Heinrich Warburg, ganhador do Nobel de Medicina de 1931, identificar que as células cancerígenas se alimentavam de glicose. Isso originou a ideia de reduzir o consumo de carboidratos como alternativa para frear a doença. Sem glicose, as células entrariam em estresse oxidativo, diminuindo a sua proliferação.
No entanto, seguir a deita cetogênica durante o tratamento oncológico, sobretudo por conta própria, traz riscos que comprometem a efetividade. Entre eles:
- Desidratação;
- Deficiência de vitaminas e minerais (como vitaminas A, B6 e E, folato, cálcio, magnésio e ferro);
- Perda de peso e de músculo;
- Redução da imunidade, aumentando o risco de infecções.
Entidades de saúde desaprovam a adoção da dieta para pacientes com câncer. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) tem uma cartilha contra a alimentação restritiva durante o tratamento. Entre os tópicos, há o alerta para a restrição do consumo de carboidratos.
O guia reforça a ausência de estudos que comprovem os benefícios da dieta. Especialistas consultados por VivaBem alertam para a necessidade de pesquisas amplas em humanos que investiguem a efetividade e segurança da dieta cetogênica para diferentes tumores. Até agora, as análises só foram feitas em animais.
Como deve ser a alimentação no tratamento de câncer?
Manter boa alimentação é essencial no tratamento do câncer e para controlar os sintomas. As orientações gerais são:
- Optar por alimentos in natura (frutas, legumes e verduras);
- Reduzir o consumo de ultraprocessados (bolachas, macarrão instantâneo, refrigerante e salgadinhos, por exemplo);
- Optar por alimentos de grupos variados (carboidratos, proteínas, vitaminas, fibras e minerais);
- Cuidados com a imunidade também são necessários, como: beber água fervida, filtrada ou mineral, evitar o consumo de carnes cruas e mal passadas ou ovos crus, descongelar alimentos com cuidado e higienizá-los antes do consumo.
Quando há complicações nutricionais, que incluem perda de peso, desnutrição e sintomas digestivos como náuseas, vômitos, boca seca e mucosite, é preciso buscar ajuda.
Fontes: Ana Marta Ximendes, nutricionista especialista em cancerologia e em nutrição, longevidade e envelhecimento, do Hospital Geral de Fortaleza; Ana Carolina Lúcio e Clélia Carla Carvalho, nutricionistas do Huol-UFRN (Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte); Gabriela Villaça, nutricionista e chefe substituta SND/HCII, programa de pós-graduação em oncologia e do programa de pós-graduação saúde coletiva e controle do câncer; Letícia Nascimento Carniatto, nutricionista clínica do AC Camargo Cancer Center, mestre em ciências da saúde e especialista em nutrição oncológica, ambas pela Fundação Antonio Prudente.
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