Tem muito açúcar? Ingredientes aparecem em qual ordem no rótulo? Entenda
Você tem o hábito de ler o rótulo dos alimentos? Se não tem, deveria. As compras normalmente são realizadas com base nas preferências pessoais ou no preço, mas saber o que há no produto é importante para entender o que você está levando para casa.
A nutricionista Osvaldinete Lopes, conselheira do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região), diz que as informações contidas no rótulo também são essenciais para favorecer escolhas alimentares mais conscientes. Quem tem restrições alimentares, por exemplo, precisa conhecer bem os alimentos que possam causar algum desconforto ou piorar a sua condição de saúde.
O primeiro passo é prestar atenção na data de validade, segundo Nathália Oliveira Leite Pessoa, nutricionista do Recife (PE). Depois, verifique a lista de ingredientes. Ela é descrita de forma decrescente, ou seja, o primeiro ingrediente é o mais predominante naquele alimento.
Mesmo se o alimento tiver uma baixa quantidade de calorias, ou se for apresentado como integral, e o seu primeiro ingrediente for açúcar (ou seus subtipos) ou farinha de trigo branca, esse não será necessariamente um bom alimento. Portanto, opte preferencialmente por aqueles com uma lista mais curta, sem açúcares, conservantes, estabilizantes e outros aditivos.
Por fim, é preciso observar os itens da tabela nutricional. Vale destacar que, na maioria das vezes, a porção considera apenas uma certa quantidade do alimento, e não a embalagem inteira. Por isso, geralmente, deve-se fazer um cálculo para saber a quantidade que realmente está sendo consumida.
Itens para observar na tabela nutricional
Valor energético: é a energia produzida pelo nosso corpo e proveniente dos carboidratos, proteínas e gorduras totais. Na rotulagem, é expresso na forma de quilocalorias (kcal) e quilojoules (kJ).
Carboidratos: são os componentes dos alimentos cuja principal função é fornecer energia para as células do corpo, principalmente do cérebro. São encontradas em maior quantidade em massas, arroz, açúcar, mel, pães, farinhas, tubérculos e doces em geral.
Proteínas: são componentes dos alimentos necessários para a construção e manutenção dos nossos órgãos, tecidos e células. Encontramos em carnes, ovos, leites e derivados, e nas leguminosas.
Fibra: está presente em diversos tipos de alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, feijões e alimentos integrais. A sua ingestão auxilia no funcionamento do intestino. Se a quantidade é de pelo menos 2,5 g por porção, o alimento já tem uma boa fonte de fibras. Para ser considerado realmente rico em fibras, ele deve ter pelo menos 5 g por porção.
Gorduras totais: as gorduras também são fontes de energia do corpo e ajudam na absorção das vitaminas A, D, E e K. As gorduras totais se referem à soma de todos os tipos de gorduras encontradas em um alimento, tanto de origem animal quanto vegetal.
Gorduras saturadas: tipo de gordura presente em alimentos de origem animal, como carnes, toucinho, pele de frango, queijos, leite integral, manteiga, requeijão, iogurte. O consumo desse tipo de gordura deve ser moderado, pois em grandes quantidades pode aumentar o risco de doenças do coração.
Gorduras trans: tipo de gordura encontrada em grandes quantidades em alimentos industrializados, como margarinas e outros cremes vegetais, biscoitos, sorvetes, salgadinhos, produtos de panificação e alimentos fritos que utilizam as gorduras vegetais hidrogenadas na sua preparação. O consumo desse tipo de gordura deve ser muito reduzido, pois em grandes quantidades pode aumentar o risco de doenças do coração. Não se deve consumir mais que 2 g de gordura trans por dia.
Sódio: está presente no sal de cozinha e alimentos industrializados, devendo ser consumido com moderação, uma vez que seu consumo excessivo pode levar ao aumento da pressão arterial. Se a quantidade for superior a 400 mg em 100 g do alimento, é considerado um alimento rico em sódio.
Açúcar: pode aparecer "disfarçado" com os nomes xarope de glicose, xarope de milho, glicose de milho, glicose, dextrose, frutose, maltose, galactose, maltodextrina ou sacarose. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que, no máximo, 10% das calorias diárias sejam derivadas de açúcar, ou seja, para uma dieta de 2.000 calorias, essa taxa equivale a 50 g de açúcar por dia.
Corantes e aditivos químicos: sorbatos, cloretos e ciclamatos são alguns exemplos. Geralmente aparecem no final da lista porque são usados em quantidades pequenas, mas suficientes para que o alimento se afaste da categoria "natural".
Mudança nos rótulos dos alimentos
No dia 9 outubro, a embalagem da maioria dos alimentos mudou de cara. Houve mudanças na tabela nutricional e a parte frontal ganhou um selo para avisar quando o produto tiver alto índice de açúcar adicionado, gordura saturada ou sódio.
O excesso desses componentes está associado ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e obesidade. Por isso, a Opas (Organização Panamericana de Saúde) e outras autoridades do setor vêm defendendo há anos o destaque de informações assim.
A exceção são as bebidas não alcoólicas com embalagem retornável, produtos artesanais, alimentos fabricados por agricultor ou empreendedor familiar rural, empreendimento econômico solidário, microempreendedor individual e agroindústria de pequeno porte. Esses terão maior prazo de adequação.
A tabela de informação nutricional não é obrigatória para:
- bebidas alcoólicas;
- água e gelo destinados ao consumo humano;
- vinagres, frutas, vegetais e carnes sem valor nutricional extra;
- alimentos embalados por estabelecimentos a pedido do consumidor;
- itens fracionados nos pontos de venda;
- produtos com embalagens de superfície visível para rotulagem menor ou igual a 100 cm².
Fontes: Nathália Oliveira Leite Pessoa, nutricionista do Recife (PE); Osvaldinete Lopes, nutricionista e conselheira do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região); Bárbara Matos, nutricionista formada pelo Centro Universitário de Sete lagoas; Adriane dos Santos da Silva, nutricionista do Hospital Adventista Silvestre; Kely Szymanski, especialista em nutrição e doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade e integrante do Conselho Regional de Nutricionistas do Rio Grande do Sul.
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