Tive uma ruptura uterina no parto. Quando posso voltar a me exercitar?
Daniel Navas
Colaboração para VivaBem
27/12/2022 04h00
A volta às atividades físicas geralmente é permitida após 4 ou 6 meses. Este tempo se dá principalmente para cicatrização da parede abdominal decorrente da laparotomia exploradora, que é a cirurgia realizada no abdome para conseguir chegar ao útero. Assim diminui-se o risco de hérnia incisional ou outras complicações pós-operatórias.
Por outro lado, o ideal é iniciar os treinos de forma mais leve, com caminhadas, ioga e alongamentos. Inclusive, é importante saber que a prática de atividade física não causará nenhum risco da rotura uterina —como também é chamada— acontecer novamente.
Isto porque, muitas vezes, o problema ocorre por conta de um esforço de contração do útero durante o trabalho de parto. E existem dois motivos essenciais para a ruptura uterina: falha congênita ou enfraquecimento de alguma parede do órgão, que pode ser causada por múltiplas cicatrizes advindas de diversas cesáreas.
Outra condição é a sobredistensão uterina, que ocorre quando o útero fica muito grande por gestação múltipla, muito líquido amniótico ou bebês muito grandes.
Os sintomas da rotura uterina são:
- dor abdominal intensa associada ou não a sangramento vaginal;
- ausência de movimentação fetal;
- perda do tônus muscular do útero, tornando as contrações mais lentas ou fracas;
- parada das contrações uterinas (caso esteja em trabalho de parto);
- dor súbita entre as contrações;
- diminuição de pressão e grande mal-estar.
Na maioria dos casos, as rupturas uterinas são parciais e assintomáticas, sendo diagnosticadas apenas no momento do parto cesárea ou por meio de exames de imagem de ultrassonografia obstétrica de rotina.
Além disso, durante o trabalho de parto, caso ocorra a ruptura parcial do útero, um dos sinais de alerta é a bradicardia fetal, que é a diminuição dos batimentos cardíacos do feto abaixo de 110 por minuto. Por isso, um monitoramento constante do trabalho de parto pela equipe de obstetrícia é fundamental.
Fontes: Lilian Miura, médica ginecologista do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba; Luciana Cartaxo da Costa, médica ginecologista e obstetra da MEJC/UFRN (Maternidade Escola Januário Ciccoda da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), vinculado a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Luciano Curuci, médico ginecologista do SUS e presidente do CMAeSP (Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo); e Shirley Bruno, coordenadora do serviço de obstetrícia do HGF (Hospital Geral de Fortaleza).