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Estudo: ivermectina foi tomada por 79,5% dos brasileiros que tiveram covid

Ivermectina é ineficaz e contraindicada para o tratamento da covid-19 - Divulgação
Ivermectina é ineficaz e contraindicada para o tratamento da covid-19 Imagem: Divulgação

Do VivaBem, em São Paulo*

11/01/2023 10h51Atualizada em 12/01/2023 11h12

Um estudo global publicado na prestigiada revista científica Nature, que ouviu pessoas de 23 países, entre eles o Brasil, mostrou que a ivermectina, ineficaz e contraindicada para o tratamento da covid-19, foi tomada por 79,5% dos participantes brasileiros que tiveram a doença.

O levantamento foi conduzido pelo Instituto Global de Saúde de Barcelona (ISGlobal) e ouviu 1 mil participantes de cada um dos países que fizeram parte da amostra.

Perfil dos entrevistados

  • A pesquisa analisou dados de 23 países, que representam mais de 60% da população mundial.
  • São eles: África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá, Cingapura, China, Coreia do Sul, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Gana, Índia, Itália, Quênia, México, Nigéria, Peru, Polônia, Rússia, Suécia, Turquia e Reino Unido.
  • Metade dos inquiridos (50,3%) eram mulheres e um quinto (22,2%) tinha um diploma universitário.
  • As faixas etárias (18-29; 30-39; 40-49; 50-59; e 60+) foram igualmente representadas (16,8-22,9%).
  • Quase metade de todos os entrevistados relatou renda acima da mediana de seu país (45,6%).
  • Os profissionais de saúde representaram um em cada dez (10,8%) de todos os entrevistados.

Resultados

Uso de remédios
  • No total, 36,6% de todos os entrevistados relataram infecção por covid-19 (eles próprios ou seus familiares) no último ano e 24% relataram ter recebido tratamento com uso de remédios.
  • Globalmente, 27% das pessoas disseram ter tomado ivermectina ao primeiro sinal de sintoma da doença.
  • Outros 27,2% receberam anticorpos monoclonais e 25,8% tomaram paxlovid. Os demais 20% receberam molnupiravir.
  • No Brasil, 79,5% dos respondentes disseram ter tomado ivermectina para tratar a covid.
  • 8,7% dos brasileiros entrevistados consumiram paxlovid, 3,3% tomaram molnupiravir e 8,4% receberam anticorpos monoclonais.
  • A OMS e outras agências de saúde, incluindo a Anvisa, não recomendam a ivermectina para prevenção ou tratamento da covid-19.
Hesitação vacinal
  • A aceitação das vacinas contra a covid-19 aumentou 5,2% entre 2021 e 2022 globalmente. No ano passado, 75,2% dos entrevistados se disseram dispostos a se vacinar. Neste ano, foram 79,1%.
  • Mas pelo menos oito países, entre eles o Brasil, estão na contramão dessa tendência. O grupo também inclui Reino Unido, China, Turquia, Quênia, México, Gana e África do Sul.
  • A queda na aceitação das vacinas nesses países varia de -1% no Reino Unido e na China, até -21,5% na África do Sul. No Brasil, foi de 3,3%.
  • Em relação ao reforço vacinal, o novo estudo concluiu que 12,1% dos entrevistados estavam hesitantes sobre tomar a dose adicional. No Brasil, apenas 3,6% disseram hesitar em receber o reforço da vacina.
  • Ainda assim, cerca de 100 milhões de brasileiros estão com a dose de reforço atrasada, segundo o Ministério da Saúde.
  • Os países com as maiores taxas de hesitação para tomar o reforço vacinal são Rússia (28,9%), França (26,1%), África do Sul (18,9%) e Canadá (17,6%).
Nossos resultados mostram que as estratégias de saúde pública para aumentar a cobertura de reforço precisam ser mais sofisticadas e adaptáveis para cada cenário e população alvo. Jeffrey V. Lazarus, chefe do Grupo de Pesquisa em Sistemas de Saúde da ISGlobal à revista Nature

Como o estudo foi feito

  • O formulário que os participantes tiveram que responder era formado por 30 questões e foi desenvolvido por um painel de especialistas após uma revisão abrangente da literatura sobre a hesitação vacinal contra a covid-19.
  • Os dados foram coletados entre 29 de junho e 10 de julho de 2022.
  • As perguntas incluíam questões relacionadas ao recebimento de pelo menos uma dose de reforço ou a vontade de tomar um reforço quando estivesse disponível e se houve uso de medicamentos para tratar a doença, por exemplo.

*Com informações da Agência Estado.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que afirmava o título que constava na primeira versão desta matéria, a ivermectina foi tomada por 79,5% dos brasileiros que tiveram covid-19, e não por 79,5% dos brasileiros. O título foi atualizado.