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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Varizes: têm cura? Subir escada piora? Creme trata? Veja 6 mitos sobre elas

Se não tratadas, varizes podem causar consequências graves - iStock
Se não tratadas, varizes podem causar consequências graves Imagem: iStock

Paula Carvalho

Colaboração para VivaBem

12/01/2023 04h00

Algumas vezes, um problema que pode parecer apenas estético, sem grandes consequências para a saúde, se não for devidamente tratado, pode, sim, levar a quadros muito graves e de difícil tratamento. Esse é o caso das varizes que podem evoluir e provocar doenças sérias.

Segundo dados da SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular):

  • A prevalência de varizes na população geral brasileira é de 38%.
  • Entre os homens, 30%, e entre as mulheres, 45%, levando em consideração todas as faixas etárias.
  • Quanto mais idoso maior a prevalência: 70% das pessoas acima dos 70 anos podem ter varizes.
  • Os maiores fatores de risco são predisposição familiar, ser mulher, idade, obesidade e número de gestações.

O que são varizes e vasinhos?

  • Variz é uma veia que dilatou e perdeu sua função de drenar o sangue nas pernas.
  • São divididas em microvarizes, varizes colaterais ou reticulares (mais calibrosas) e varizes tronculares, em geral englobando as safenas.
  • Os vasinhos são o que chamamos de aranhas vasculares ou telangiectasias. Elas são arroxeadas e menores. Essas estão entre a derme e a epiderme.

Atenção aos sintomas...

  • Dor tipo "queimação" ou "cansaço".
  • Sensação das pernas estarem pesadas ou ardendo.
  • Edema (inchaço) das pernas, principalmente ao redor do tornozelo, que melhora com a elevação dos membros inferiores e agrava-se no fim do dia, quando se permanece por longo tempo em pé ou sentado, no calor, nos períodos próximos ou durante a menstruação e durante a gravidez.

Varizes afetam também outras regiões como:

  • Esôfago: varizes esofagianas, frequentes em pacientes com cirrose hepática.
  • Região do reto: hemorroidas.
  • Bolsa testicular ou escroto: varicocele.

Também podem surgir após uma trombose em áreas como o membro superior e até na região do colo.

1. Varizes têm cura?

Mito. As varizes não têm cura já que são uma predisposição genética e tendem a piorar com a idade. Novas varizes aparecem de acordo com nosso processo de envelhecimento.

2. Depilação quente ou fria produz novas varizes?

cera depilação - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Mito. As ceras frias e quentes não causam varizes nem vasinhos nas pernas. As varizes são veias dilatadas na camada subcutânea e os vasinhos ocorrem dentro da camada da pele.

3. Subir escada faz com que as varizes aumentem?

Mito. Subir e descer escadas promove ativação do retorno venoso. Portanto, é o contrário: exercitar as pernas melhora e minimiza os sintomas de quem tem varizes.

4. Cremes tratam varizes?

Mito. Cremes para tratamento de varizes não funcionam, pois não conseguem ultrapassar a pele e agir na parede do vaso.

Existem cremes que funcionam como maquiagem e são usados para disfarçar ou cobrir estes pequenos vasos para ir a uma festa com um vestido mais curto ou usando uma bermuda. Saem logo após o banho. Existem outros cremes que podem ser prescritos por médicos vasculares, para dar alívio e conforto, mas não curam e nem diminuem as veias doentes.

5. Musculação dá varizes?

Veias saltadas, musculação, vasodilatação, bombado - iStock - iStock
Imagem: iStock

Mito. Como qualquer atividade física, a musculação é benéfica para o aparelho circulatório. Na musculação, o que acontece é uma hipertrofia muscular e esse músculo que fica com o volume aumentado, vai precisar de uma maior nutrição que é dada pelas artérias.

O sangue que vai para as artérias tem que voltar pelas veias. Naturalmente como a musculação promove o emagrecimento e uma hipertrofia muscular, vai acontecer uma hipertrofia venosa muito comum em halterofilistas que possuem baixo percentual de gordura e muitas vezes as veias ficam mais aparentes, mas essas veias são saudáveis.

6. Salto alto produz varizes?

Mito. O salto alto usado por um tempo prolongado pode contribuir com má postura, algum problema de coluna ou até alterar a musculatura da panturrilha, mas ele não determina o aparecimento de varizes.

Complicações podem ser graves

Os tratamentos podem ser injetáveis ou a laser. A decisão de qual ou quais tratamentos fazer depende de uma análise criteriosa do especialista. Dependendo do tipo de varizes a serem tratadas, o médico pode prescrever um ou mais tratamentos.

Alguns tratamentos são cobertos pelo SUS ou por planos de saúde. Os especialistas advertem: é preciso estar sempre atento aos sintomas ou desconfortos que podem surgir nos membros inferiores e o recomendado é se consultar com o angiologista pelo menos uma vez ao ano.

Pernas femininas com varizes - iStock - iStock
Imagem: iStock

Apesar de não ser uma regra, para evitar problemas vasculares é importante um acompanhamento precoce, além de manter hábitos de vida saudáveis, evitar fatores de risco como cigarro, hormônios, sedentarismo e procurar se hidratar de forma correta diariamente.

Quando não tratadas de forma correta, as varizes podem progredir e desenvolver severas complicações como:

  • Eczema: geralmente se inicia com coceira.
  • Dermatite.
  • Flebite e trombose (coágulo): flebite significa inflamação da veia. Varicoflebite consiste na inflamação das varizes.
  • Escurecimento da pele.
  • Hemorragias: a pele e a parede das varizes muitas vezes ficam tão finas que facilmente se rompem. Quando isto acontece pode ocorrer uma importante perda de sangue.
  • Úlceras: a complicação mais temida pela população é a formação de feridas nas pernas denominadas úlceras. No início, cicatrizam com certa facilidade, mas com o tempo e se tratadas de forma indevida, vão se tornando mais complexas.

Dicas para evitar o aparecimento de novas varizes:

  • Evite ganho exacerbado de peso;
  • Tenha uma dieta rica em fibras para evitar a constipação intestinal;
  • Procure não permanecer muito tempo parado: em pé ou sentado;
  • Não use cintas abdominais apertadas;
  • Realize caminhadas ou exercícios físicos sob supervisão médica;
  • Não fume;
  • Utilize sistematicamente meias elásticas, principalmente quem trabalha por muito tempo sentado ou em pé e durante a gravidez;
  • Evite hormônios anticoncepcionais;
  • Consulte regularmente seu angiologista.

Fontes: Almar de Assumpção Bastos, presidente da SBACV-RJ (Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular - regional Rio de Janeiro) e diretor geral do Iede (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia); Bruno Canto, cirurgião vascular e endovascular do Hospital Estadual Getúlio Vargas e nas clínicas Conceitto e Regenere, do Recife; Nostradamus Augusto Coelho, ecografista vascular sênior do Labs a+, no Rio de Janeiro, professor associado em angiologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); e Gustavo Marcatto, angiologista em São José do Rio Preto (SP).