Verde, vermelho, amarelo: o que a cor do catarro diz sobre a saúde?
Em tempos de pandemia com subvariantes e tantos outros vírus respiratórios circulando ao mesmo tempo por aí, não é surpresa encontrar muitas pessoas sofrendo com o excesso de secreção no nariz e na garganta.
O famoso catarro pode despertar nojo em muitas pessoas, mas é na verdade uma arma importantíssima do nosso sistema imunológico para nos defender de invasões parasitas.
"O catarro ou muco é uma secreção transparente produzida constantemente nas vias aéreas", afirma Natália Pacheco Griné, otorrinolaringologista do Hospital Nove de Julho e da Clínica Dr. Paulo Farias, em São Paulo.
"A função dele é carregar para fora as impurezas que entram no nariz enquanto respiramos e combater microrganismos como vírus, bactérias e fungos", completa.
Em geral, uma pessoa saudável vai produzir mais de um litro de catarro por dia. Se tudo estiver bem, você vai engolir a maior parte dele —sim, o excesso vai todo para o estômago sem você nem notar.
Mas esse cenário muda quando ficamos doentes. Aí, além de aumentar a quantidade de muco nas vias aéreas, sintomas como nariz congestionado e dor de garganta vão tornar essa deglutição mais perceptível.
Algumas situações podem provocar esse aumento na produção de muco, como gripes e resfriados. Mas não só isso: "Contato com poeira, pólen e ácaros pode desencadear crises de rinite alérgica, enquanto o contato com poluição e fumaça de cigarro também desencadeiam uma reação de defesa no corpo e aumentam a produção da secreção nasal", explica Larissa Leal Coutinho, médica otorrinolaringologista da clínica AmorSaúde de Juazeiro, na Bahia.
As cores do catarro
Quando surge uma infecção respiratória, o corpo manda células de defesa para eliminar o microrganismo invasor. As primeira linha de defesa são os neutrófilos, que iniciam uma inflamação no corpo enquanto vão neutralizando o agente causador da doença.
São os restos dessa batalha que vão formando o catarro mais espesso que comumente encontramos durante esses quadros infecciosos. E a cor dele pode dar sinais importantes sobre como tratar o quadro e quem o está causando.
"Em estado normal, o catarro é transparente e tem uma textura mais fluida", afirma Coutinho. A secreção se torna mais espessa e viscosa quando surge um processo infeccioso.
Aí, além de aparecer em maior volume, o catarro também muda de cor:
- Em geral, quando está mais esbranquiçado, o quadro mais comum envolve alergias ou infecções virais, como rinites, gripes e resfriados.
- Já o catarro espesso que adquire cor verde ou amarela é um forte indício de que uma infecção bacteriana (sinusite, faringite) está se instalando --embora seja necessário avaliar outros sintomas clínicos para bater o martelo nesse diagnóstico.
- Por fim, o catarro ainda pode adquirir coloração avermelhada ou amarronzada. Nesses casos, a causa pode ser o rompimento de vasos sanguíneos, que ocorrem com frequência durante as infecções respiratórias e não representa grandes problemas.
- Ou ainda ser um sinal de doenças mais graves, como tumores, pneumonia ou tuberculose.
Todo catarro verde ou amarelado precisa ser tratado com antibiótico?
Não. "O importante é analisar a evolução da doença, ou seja, há quanto tempo a pessoa está doente, quais os sinais e sintomas associados", afirma Danilo Sguillar, otorrinolaringologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. "A observação clínica é crucial para definir o diagnóstico e decidir o melhor tratamento", diz.
Em alguns casos, por exemplo, o catarro se torna esverdeado apenas pela manhã, já que, durante a noite, ficamos deitados e deglutimos menos. Esse "acúmulo" pode fazer com que a flora bacteriana normal do nariz prolifere —o que não quer dizer necessariamente que existe uma infecção a ser combatida.
Mas é bom saber que o catarro amarelado é característico de quadros mais arrastados —e com frequência, causados por bactérias, afirma Coutinho. Daí a importância de sempre buscar auxílio especializado quando a coloração do catarro muda e os sintomas persistem.
Quando é preciso buscar ajuda médica?
Uma infecção respiratória comum costuma durar entre cinco e sete dias. Nos primeiros dias, especialmente, é esperado um aumento na quantidade de muco e o catarro vai se tornar espesso.
Ao longo do tempo, e conforme o corpo vai combatendo a infecção, é esperado que esse volume diminua junto com os outros sintomas, como febre, congestão nasal e dores.
Se, no entanto, os sintomas não cessarem mesmo tendo passado 10 dias, é importante buscar ajuda médica para avaliar o que pode estar causando o problema.
Sintomas como febre persistente, falta de ar e cansaço excessivo sempre devem ser investigados por um especialista.
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