Por que antidepressivos prejudicam prática sexual e como resolver
Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) alertam que, somente no Brasil, cerca de 18,6 milhões de pessoas sofrem de ansiedade e 11,5 milhões enfrentam a depressão.
Os medicamentos mais utilizados para tratar esses quadros psiquiátricos atualmente, chamados de inibidores seletivos da recaptação de serotonina, são considerados efetivos para a maioria das pessoas e são seguros, mas em alguns pacientes podem causar efeitos colaterais, como a diminuição da libido e até a disfunção sexual.
Ao aumentar o nível da serotonina, conhecida como o "hormônio da felicidade", o remédio, por consequência, diminui o nível do neurotransmissor chamado de dopamina, que está relacionado ao desejo e à excitação.
"Essas consequências são observadas em mulheres e homens, mas fica mais evidente em pessoas com pênis por conta da falta de ereção e de ejaculação", explica Fernando Meyer, médico urologista e professor da Escola de Medicina e Ciências da Vida da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
O caminho contrário também é possível. O urologista Adelmo Aires Negre, professor de urologia na Universidade Federal do Tocantins e médico na clínica AmorSaúde em Palmas (TO), aponta que a própria doença de base, como em casos de depressão, podem ser responsáveis pela disfunção sexual, especialmente quando se trata da perda do interesse em ter relações, a falta de libido.
"O urologista ou qualquer outro médico que recebe um paciente com esse tipo de queixa precisa se preocupar se essa pessoa tem um acompanhamento do psiquiatra —caso não, é importante recomendar esse especialista. Uma equipe multidisciplinar, com médicos de diferentes especialidades, geralmente consegue controlar as queixas sem prejudicar um lado específico."
O que fazer se o antidepressivo causa disfunção sexual?
"Esses efeitos colaterais são mais comuns quando o paciente começa o tratamento. Então, se a queixa vem logo depois do início da medicação, eu peço para que espere um pouco. Depois de um tempo o corpo se acostuma", diz Negre.
O tempo de espera, indica Meyer, professor da PUC, pode variar de quatro a oito semanas do início da medicação.
Mark Neumaier, urologista do Hospital Marcelino Champagnat, aponta, ainda, que é importante verificar o histórico clínico do paciente para entender se ele já sofreu com disfunções sexuais previamente e se já foi tratado, para certificar de que o problema tem relação com o uso da medicação e não com algum quadro subjacente.
"Outro ponto essencial é o acompanhamento com psiquiatra que prescreveu o medicamento para depressão. Muitas vezes é necessário trocar os medicamentos para outra classe ou dose, mas isso só é feito com avaliação em conjunto com o especialista", aconselha.
Os especialistas consultados pelo VivaBem apontam que alguns medicamentos antidepressivos de classes diferentes, como a trazodona (da classe chamada de antidepressivos atípicos) e bupropiona (da classe de inibidores da recaptação de noradrenalina-dopamina), são opções de troca, quando a queixa é frequente, por interferirem menos na atividade sexual.
Adicionar outros medicamentos é estratégia possível
No caso dos homens, outra possibilidade, apontam os médicos, é manter o antidepressivo enquanto se trata a disfunção erétil com medicamentos que agem diretamente no problema, como sildenafil e tadalafila.
"O nome comercial mais conhecido é o Viagra, mas embora seja uma droga que ajuda em muitos casos, há um tabu, uma vergonha por parte dos pacientes em aceitar ou em comprar na farmácia, por exemplo. Além disso, há uma correlação falsamente difundida de que o Viagra aumenta o risco de ataque cardíaco, o que acaba afastando muitas pessoas."
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