Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Recém-nascido do AM tem mais de 7 kg; por que alguns bebês são 'gigantes'?

Angerson nasceu em Parintins, no interior do Amazonas - Divulgação/SES-AM
Angerson nasceu em Parintins, no interior do Amazonas Imagem: Divulgação/SES-AM

Do VivaBem*, em São Paulo

20/01/2023 14h42

Um bebê do Amazonas nasceu com 7,328 quilos. Ele se chama Angerson e é o maior já registrado nos hospitais do estado, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

A mãe, Cleidiane Santos dos Santos, 27, descobriu na última consulta que ele era um bebê GIG (Grande Para a Idade Gestacional). Por isso, ela precisou passar por uma cesárea.

Eu não esperava essa surpresa, pensei que seriam quatro quilos, mas vieram sete quilos. Cleidiane Santos dos Santos, mãe do bebê

O que é considerado um "bebê gigante"?

  • Para ser considerado um recém-nascido "gigante", é preciso ter mais de 4 quilos.
  • Outra métrica é o percentil do feto, a curva calculada a partir do tempo da semana gestacional em relação ao peso do bebê. A partir disso, os recém-nascidos são divididos em pequenos (percentil 10), "normais" (percentil 50) e grandes (percentil 90) --a tabela pode variar, chegando a 95 ou 97.

Por que alguns bebês são gigantes?

Os motivos para isso são os mais diversos, entre eles a genética —pais muito altos, como jogadores de basquete—, obesidade materna e o ganho excessivo de peso na gestação, com alto consumo calórico.

Mas a causa mais comum é o diabetes gestacional, de acordo com a ginecologista e obstetra Carla Muniz, da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo).

A mãe consome muito açúcar e envia para o feto, que vai responder a este aumento de glicose com um aumento de insulina [hormônio responsável por controlar o nível de açúcar do sangue]. Essa hiperinsulinemia pode levar ao crescimento exagerado do feto.

  • Outra situação é caso a gestante tenha diabetes tipo 2, que funciona basicamente da mesma forma citada acima. A diferença é que essa pessoa já vai ter o diagnóstico prévio da doença.

Riscos para a mãe e o bebê

Embora não exista uma regra, bebês macrossômicos, ou "gigantes", popularmente falando, podem, sim, trazer mais riscos à saúde da gestante e também à deles.

  • Na mãe: há maior risco de [parto] cesárea pela proporção entre o feto e bacia. A mãe tem mais risco de ter atonia uterina, quando o útero fica muito grande e tem maior dificuldade para contrair. Se ele não contrai, há mais probabilidade de ela ter uma hemorragia.
  • No recém-nascido: os riscos são de hipoglicemia, que é a queda de glicose no sangue, já que a fonte da substância era, dentro da barriga, da mãe. De acordo com Muniz, há também os riscos de imaturidade pulmonar, pois o excesso de açúcar causa impacto no desenvolvimento do órgão, hipocalcemia, falta de cálcio no sangue, e policitemia, aumento dos glóbulos vermelhos no sangue.

Bebês grandes podem ser desproporcionais em relação à bacia da mãe e o trabalho de parto pode não ser favorecido. Isso pode causar fratura de clavícula no recém-nascido e outras complicações no parto. Mas isso não é regra e precisa ser avaliado. Sandi Sato, pediatra da Maternidade Brasília (DF)

*Com informações de reportagem publicada em 25/05/22.