Por que bebês são tão dependentes se os seres humanos são tão inteligentes?
A espécie humana é incrivelmente inteligente. Comparados a outros animais, além de termos o eficiente polegar opositor ainda somos racionais, capazes de construir cidades e até de explorar o espaço. Mas essa inteligência tem uma ressalva curiosa: os bebês humanos são dos animais mais lentos ou, ao menos, os mais dependentes quando nascem.
Calma, não se ofenda. A frase soa cruel, mas pense bem: um filhote de girafa consegue andar após uma hora do nascimento, filhotes de macacos (primatas como nós) nascem e já se penduram nas mães, enquanto os nenéns humanos não conseguem nem sustentar a própria cabeça.
Um grupo de cientistas questionou o que poderia justificar o grau de impotência dos bebês humanos sendo que eles se tornam os bichos mais espertos do reino animal, e a resposta pode estar relacionada ao tamanho do nosso corpo e a amamentação, segundo artigo publicado na revista científica PNAS.
Os seres humanos dão à luz assim que o desenvolvimento do filhote é suficiente para sua sobrevivência. Em nove meses, o bebê deve se desenvolver completamente para viver, mas não pode ser tão grande a ponto da estrutura do corpo da mulher não conseguir sustentá-lo ou ter dificuldades no parto.
Acontece que um dos índices que medem a inteligência animal é justamente o tamanho da cabeça: aquele com a maior cabeça (proporcionalmente) será o mais esperto.
Os humanos saem em desvantagem por não nascerem com a cabeça grande e já formada. Mas nosso cérebro continua se desenvolvendo e a cabeça cresce por um bom tempo após o nascimento, o que faz com que a gente se torne mais inteligente e passe os outros animais.
Durante a pesquisa, Celeste Kidd e Steven Piantadosi, cientistas especializados em desenvolvimento cognitivo na Universidade de Rochester (EUA), também concluíram que quanto mais dependente é o recém-nascido, mais inteligente são os pais.
Segundo eles, a seleção natural favorece humanos com cérebros maiores por tenderem a ser mais inteligentes e isso cria incentivos evolutivos para que bebês nasçam mais lentos, requerendo mais inteligência dos pais na hora da criação.
Vira um ciclo vicioso: bebês impotentes tornam os pais mais inteligentes, o que faz que gerações futuras tenham bebês ainda mais impotentes e pais ainda mais inteligentes.
Kiss e Piantadosi relacionaram ainda a amamentação com a inteligência.
A dupla notou que o tempo que os animais amamentam seus filhotes também está relacionado à esperteza. Filhotes de orangotangos, por exemplo, são mais inteligentes do que babuínos e são amamentados por mais tempo. Os cientistas entenderam que para saber cuidar de bebês tão dependentes e ter um longo período de amamentação é preciso que os animais adultos sejam bastante inteligentes.
Resumindo o ciclo evolutivo: é justamente por sermos bebês tão impotentes que nos tornamos adultos tão inteligentes.
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