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BBB: Griphao e Gabriel; como reconhecer relacionamento tóxico ou abusivo?

Bruna Griphao e Gabriel se afastaram após alerta de Tadeu sobre comportamentos do brother - Reprodução/Globoplay
Bruna Griphao e Gabriel se afastaram após alerta de Tadeu sobre comportamentos do brother Imagem: Reprodução/Globoplay

De VivaBem*, em São Paulo

23/01/2023 13h38

Tadeu Schmidt alertou o elenco do BBB 23 sobre comportamentos abusivos do modelo Gabriel Tavares contra a atriz Bruna Griphao.

Nos últimos dias, atitudes do brother foram criticadas nas redes sociais e, inclusive, pelo pai da atriz. Entre elas:

  • Bruna brincou que era "o homem da relação", e Gabriel disse que daria cotoveladas na atriz. Tadeu usou esse diálogo na conversa com os participantes.
  • Bruna interrompeu Gabriel e ele lhe deu um puxão no braço.
  • O modelo insinuou que Griphao teria HPV, doença sexualmente transmissível.

Eu tô aqui para fazer um alerta antes que seja tarde. Quem está envolvido em um relacionamento talvez nem perceba, talvez ache que é normal, mas quem tá de fora consegue enxergar quando os limites estão prestes a ser gravemente ultrapassados. Tadeu Schmidt

Gabriel chamou Bruna após o recado e questionou se a atriz se sentia em uma relação tóxica. Ela disse que não e o modelo disse que eles "deveriam deixar isso bem claro [ao público]". Mais tarde, os dois decidiram se afastar.

O que é uma relação tóxica ou abusiva?

  • A relação é abusiva quando existe qualquer tipo de violência: seja ela física, como agressões; psicológica, quando há dano emocional; patrimonial, com a privação de bens, valores e documentos pessoais; sexual, em qualquer tipo de relação não consensual; moral, em caso de calúnia e difamação.

No relacionamento abusivo, a pessoa nunca tem estabilidade. Ou é tudo, ou não é nada. Existe uma sensação de muito desespero, desequilíbrio, ansiedade, adrenalina. Eglacy Sophia, psicóloga e doutora em amor patológico pela USP

Como reconhecer uma relação abusiva?

  • O discurso do abusador é para diminuir o outro, invalidando os questionamentos e indagações. O abusado não percebe, acaba entrando em uma espiral na qual sente muita culpa.
  • Sair desse ciclo é o principal desafio para a vítima, porque ela demora a acreditar que está errada e que o abusador é ruim.
Veja abaixo sinais de que uma relação é tóxica:

Esperança de momentos bons

  • A felicidade e angústia coexistem em relações tóxicas --e a última vence. A vítima nunca sabe o que vai esperar da relação e vive aguardando pelos bons momentos.
  • Isso se chama reforço intermitente, quando a recompensa após uma ação é imprevisível.
  • Quando há constância na resposta a uma ação, os estímulos se adaptam a ela. Em uma dinâmica tóxica, isso é impossível, porque as respostas dependem da vontade do abusador.
  • A imprevisibilidade altera o mecanismo de recompensa do cérebro, algo semelhante ao que acontece na dependência química. A partir disso, a pessoa fica mais propensa a tolerar comportamentos que antes rejeitaria.

Sabemos que o momento agradável vai voltar e ficamos viciados esperando que volte, pois temos certeza de que no fim das contas sempre volta. Esses momentos de euforia são tão agradáveis que esquecemos dos maus momentos. Marta Novoa, psicóloga em entrevista à BBC

Duvidar de si mesma

  • O gaslighting, marcado pela manipulação psicológica, é uma das principais ferramentas do abusador para manter a vítima em seu labirinto.
  • O termo surgiu após o filme À Meia-luz, ou Gaslight (1944), que contava a história de um homem que fez de tudo para convencer a esposa que ela estava perdendo a razão. A intenção era ficar com sua fortuna. Para isso, realizava manipulações frequentes até que ela questionasse a sua sanidade mental.
  • Ainda não há tradução para o português, mas o termo é definido como uma violência psicológica sutil. O objetivo é fazer com que a vítima duvide de sua memória e até da sua sanidade mental.
  • Frases como "você está ficando louca" e "você está exagerando" são comuns, assim como as mulheres carregarem o estigma de histérica e se desculparem mesmo sabendo que estão certas.
  • O abusador mente com frequência, nega informações (mesmo que apresente-se provas), joga a culpa na vítima, fala que a pessoa tem um gênio difícil para amigos e familiares, faz chantagem emocional e age para que a parceira duvide de si mesma constantemente.
Por exemplo: um parceiro infiel usa o gaslighting para que a mulher acredite que está delirando ou inventando situações ao questionar a traição.

Isolamento e mudanças de comportamento

  • Deixar de frequentar lugares que gostava e se afastar de amigos também é comum em vítimas de relações abusivas.
  • A entrega à relação é tão intensa que falta energia para as outras áreas da vida: como trabalho, estudo e as demais relações sociais.

A pessoa está totalmente sem energia para fazer as coisas dela. Você percebe que ele não se desenvolve. A gente tem no nosso emocional uma quantidade de energia, se a direcionamos por completo ao outro ou para o relacionamento, sobra zero. Eglacy Sophia

  • O isolamento, inclusive, é um mecanismo importante para o abusador, porque impede que a vítima seja alertada sobre os seus comportamentos nocivos por terceiros.

Reflexos no corpo

  • O corpo e a mente registram os abusam físicos e psicológicos. Por isso é natural que existam sinais quando algo não vai bem.
  • Ansiedade, estresse, queda na imunidade, gastrite nervosa, alterações de sono e apetite são alguns dos alertas para buscar ajuda e avaliar a relação. A longo prazo, as consequências podem escalar para quadros patológicos, como dores crônicas e depressão.

Veja mais práticas tóxicas

Fugir de conversas, mas nutrir expectativas

Conhecida como breadcrumbing, a prática consiste em deixar migalhas de amor e de atenção para a outra pessoa. Evita-se falar de compromisso, o que causa assimetria na relação. A pessoa faz isso na intenção de não consolidar um relacionamento, mas isso tampouco é dito.

Bombardeio de amor

Love bombing, ou bombardeio de amor, ocorre quando há aquela euforia enorme no início do relacionamento. Tudo é um conto de fadas, perfeito e intenso. Até que quem aplica esta prática, aos poucos, começa a ficar frio e distante, seco. É mais gradual, há mais envolvimento do que no tipo de relacionamento anterior. A pessoa que sofre muitas vezes pergunta o que fez de errado. Pede para que digam a ela, e quem aplica o love bombing nega (aqui já entramos em outra fase, que envolve manipulação).

Reaparecer do nada

Após o rompimento do relacionamento, a pessoa reaparece em sua vida, principalmente em datas especiais como aniversários e Natal. Isso é conhecido como hoovering. Pode até aparecer como se nada tivesse acontecido, como quem não quer nada e com a intenção de retomar algo, mas tampouco quer criar uma conversa real sobre o assunto, não quer saber como você está. Pode tentar se conectar a partir da vitimização, te causar pena, para que você se conecte com ele ou ela emocionalmente de alguma forma. O que a pessoa quase sempre busca é ampliar seu ego.

No banco de reservas

Benching é como estar no banco de reserva, esperando como uma segunda opção. A pessoa nunca se envolve totalmente, mas nunca vai embora, está sempre no pano de fundo. Reaparece quando não está se dando bem com outras pessoas ou quando se sente sozinha.

*Com informações de reportagens publicadas em 28/01/21, 13/02/21 e de reportagem da BBC publicada em 12/06/22.