'Até personalidade mudou': ela relata melhoras após tratar fibromialgia
A empresária Lela Brandão, 29, pensava que suas dores, principalmente no pescoço, eram normais. Acostumou-se tanto com elas que viveu quase 10 anos com os desconfortos, que foram piorando com o tempo.
Mas as pessoas ao redor dela sempre diziam que aquilo não poderia ser algo tão comum assim. Lela, então, resolveu ir atrás de alguma explicação médica.
Minhas dores na cervical eram insuportáveis e duravam o dia inteiro. E eu achava que era assim mesmo. É muito absurdo que a gente se acostume com isso, com um cenário totalmente desconfortável, que nos prejudica em várias áreas da vida. Lela Brandão
Quando passou na consulta médica, relatou as dores, que também afetam o quadril e a lombar, além das noites mal dormidas e do cansaço no dia seguinte. Como consequência, sentia dificuldade em focar nas atividades e falta de disposição. Fez diversos exames e, fisicamente, estava tudo bem.
Foi aí que Lela recebeu o diagnóstico da fibromialgia, uma doença crônica, sem cura e que tem como principal sintoma as dores difusas sem uma causa específica.
Três pontos para entender a fibromialgia
- Sintomas: além das dores, os pacientes costumam relatar alterações no sono (insônia, por exemplo), fadiga, problemas de memória, dificuldade de concentração, transtornos psicológicos (como depressão), formigamento ou dormências nas extremidades do corpo, entre outros.
- Causas: não se sabe ao certo, mas os médicos explicam que existe uma resposta anormal do sistema nervoso central aos estímulos dolorosos. Infecções, traumas (físicos e psicológicos) e estresse também estão relacionados.
- Tratamentos: depende da dor, mas pode envolver uso de medicamentos, como antidepressivos e anticonvulsivantes. Atividade física é fundamental no tratamento da fibromialgia, principalmente porque não há cura para a doença.
Uma das grandes dificuldades dos pacientes é que ninguém entende a dor deles. Mas é uma dor real e não 'da cabeça deles', exatamente por essa resposta anormal do sistema nervoso central aos estímulos dolorosos. É como se o cérebro interpretasse esses estímulos de forma exagerada. Juliana Trindade Costa, reumatologista do Hospital de Aeronáutica de Recife (PE) e membro da SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia).
'Tratamento mudou até minha personalidade'
Lela, que é empresária e comunicadora e que vive em São Paulo (SP), descobriu a doença em novembro de 2022 e iniciou o tratamento logo em seguida, adotando pequenas mudanças:
- Começou a fazer fisioterapia para auxiliar no manejo das dores;
- Aprendeu a inserir pausas durante o dia, para melhor controle do estresse;
- Está buscando um esporte que goste para incluir na rotina;
- Faz alongamento antes de dormir;
- Incluiu tratamento com óleo de CBD (canabidiol), um dos principais componentes da maconha medicinal, após orientação médica e autorização da Anvisa.
Sobre este último ponto, a reumatologista explica que, de fato, muitos pacientes relatam melhora após o uso, enquanto outros, não. "Por isso, não recriminamos o uso. Mas ainda faltam estudos com mais participantes, comparando os que usam o CBD e os que não usam, e que expliquem mais sobre a dosagem ideal, por exemplo", diz.
Com apenas um mês, Lela já sentiu mudanças significativas na vida. Todo o tratamento tem ajudado, inclusive na endometriose, que descobriu antes da fibromialgia —em comum, as duas doenças causam bastante dor.
"Por anos, eu acordava chorando porque dormia mal. Hoje, já estou um pouco melhor. Nem lembrava a sensação que era dormir e acordar renovada", conta.
A empresária diz ainda que até sua personalidade foi afetada. Antes, acordava tão cansada que mal conseguia aproveitar o dia. Queria logo ir dormir, mas quando o fazia, despertava ainda mais exausta. O estômago também agradece, já que, antes, ela tomava uma grande quantidade de analgésicos para ajudar com a dor frequente pelo corpo.
Estou muito mais bem-humorada, mais disposta e com energia para sair de casa. Antes, só passeava com meu cachorro no quarteirão e, agora, consigo ir ao parque. Lela Brandão
À procura do esporte perfeito
Como meta do ano, Lela espera encontrar uma atividade física que goste, algo fundamental para ajudar na frequência e, enfim, tirá-la do sedentarismo.
A empresária, por exemplo, gosta de fazer caminhadas com o cachorro. Mas espera encontrar outro esporte para incluir na rotina, pelo menos uma vez ao dia. "Quero que seja algo prazeroso. Nunca fui essa pessoa do esporte, então estou pedindo para as minhas amigas que são exatamente assim, viciadas em endorfina", diz.
Por fim, Lela reforça a importância em escutar os sinais do corpo e procurar médicos que respeitam isso.
Mulheres, não deixarem de ir atrás dos motivos dos seus desconfortos. A gente sente muita coisa que é menosprezada e não acredita que é dor. Isso aconteceu com a endometriose, com as cólicas, e agora com a fibromialgia. Mas isso não pode ser normal. Todo mundo merece ter qualidade de vida. Lela Brandão
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