Misturar produtos de limpeza pode causar sérios danos à saúde; saiba quais
Muitos boatos têm sido disseminados na internet a respeito de misturas caseiras para "incrementar" a limpeza dos ambientes. No entanto, esse tipo de procedimento pode ser muito perigoso.
Os produtos de limpeza são feitos com base em fórmulas químicas e considerados agentes desinfetantes, que eliminam vírus e bactérias; desinfestantes, que acabam com baratas e mosquitos, ou agentes de limpeza em geral, devendo ser sempre usados separadamente.
É comum as pessoas pensarem que vários produtos utilizados simultaneamente possa potencializar a limpeza e, justamente por falta de informação, não sabem que tais combinações podem causar reações químicas e formar novos compostos perigosos e prejudiciais à saúde, resultando em queimaduras, intoxicação respiratória ou até mesmo uma explosão.
Para Juliana Marra, química e presidente da Abipla (Associação Brasileira da Indústria de Higiene, Limpeza e Saneantes), o grande problema é que existem os mitos —informações falsas que levam as pessoas a misturar produtos esperando ter melhor eficácia.
"É importante reforçar que os produtos formulados foram desenvolvidos para serem usados de acordo com as informações que estão no modo de uso apresentado nos rótulos. Por isso, todos os produtos são registrados na Anvisa", reforça Marra.
De acordo com ela, essa prática de fazer as "misturinhas" foi ainda mais disseminada durante a pandemia.
Os riscos das misturas caseiras
A água sanitária é um dos produtos de limpeza que não deve ser misturado a outras substâncias, pois tem o hipoclorito de sódio como princípio ativo, que apresenta propriedades germicidas, além de ser suficientemente forte para matar uma série de vírus. A combinação dela com outros produtos de limpeza pode ser muito perigosa.
- Adicionada ao álcool em gel destrói tanto o álcool quanto o próprio hipoclorito de sódio da água sanitária, reduzindo a atividade de ambos.
- O hipoclorito é um agente que pode oxidar o álcool formando outro composto, o clorofórmio, que é tóxico, podendo causar irritação grave nos olhos e também é suspeito de provocar câncer.
- Além disso, pode prejudicar o sistema nervoso central e afetar os pulmões, rins, fígado, olhos e pele. Altos níveis de clorofórmio podem causar enjoos, perda de consciência e até mesmo a morte.
- A água sanitária misturada com amoníaco ou desinfetantes que apresentam esta substância química em sua composição pode agredir o sistema respiratório.
- O amoníaco em grandes quantidades é potencialmente explosivo e tóxico.
- Os desinfetantes, ricos em amônia, quando misturados à água sanitária formam cloroaminas, substâncias que, se inaladas, podem causar problemas de saúde que vão desde alergias até intoxicações e queimaduras.
- Pode-se citar ainda a mistura de água sanitária e vinagre: quando combinados formam o gás cloro (Cl2), que mesmo em pequenas quantidades pode ocasionar problemas de respiração, ardência nos olhos e ainda provocar queimaduras.
- Mais uma mistura que deve ser evitada é a água sanitária com detergente, pois além de reagirem entre si reduzindo o poder de limpeza de ambos, pode causar problemas para a saúde. O ideal é usar a água sanitária primeiro, enxaguar com água e só depois usar o detergente.
Valderi de Sousa Júnior, médico pediatra e urgentista do Samu Fortaleza e Samu Ceará, diretor do Coaph (Cooperativa de Atendimento Pré e Hospitalar), reforça que algumas substâncias, quando misturadas, podem causar até mesmo explosões.
"Quando se misturam ácidos, bases e alguns sais pode ocorrer de tornar o produto mais abrasivo, podendo causar danos à pele e às mucosas, como os olhos e a boca", explica.
Por isso, o pediatra afirma que, antes de mais nada, deve-se sempre seguir as recomendações do fabricante do produto e, quando indicado, usar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).
Sousa Júnior alerta também que as crianças são as mais afetadas, pois têm um grau de curiosidade maior e, normalmente, as embalagens são chamativas por causa da propaganda dos produtos e acabam atraindo os pequenos. Além disso, muitas vezes as pessoas guardam esses produtos em embalagens inadequadas, como garrafas de refrigerante e de leite.
Cuidado com os produtos clandestinos
Ubiracir Fernandes Lima Filho, químico industrial, doutor em Vigilância Sanitária e conselheiro do CFQ (Conselho Federal de Química), reforça que os produtos de limpeza são desenvolvidos por meio de estudos feitos por profissionais da química e só são aprovados para comercialização à população após a realização de testes para comprovar que as substâncias presentes na formulação não reagem entre si e são seguras e eficazes aos fins propostos.
"Quando diferentes produtos de limpeza são misturados sem aqueles testes controlados pelo profissional da química, ou seja, quando a mistura é realizada em casa, as diferentes substâncias químicas presentes podem reagir umas com as outras causando graves intoxicações e até inativando ou reduzindo a potência dos produtos misturados, tornando-os sem efeito", explica Lima Filho.
Para ele, tão importante quanto não realizar misturas caseiras de produtos de limpeza, é não utilizar produtos clandestinos, ou seja, aqueles que não são regularizados pela Anvisa.
Estes produtos não são testados por profissionais da química e podem causar sérios danos à saúde, bem como aos objetos. Além disso, ele reforça que, antes de usar qualquer produto de limpeza, é necessário ler atentamente as instruções do rótulo.
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