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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Tontura, sono, fraqueza: quais os riscos de se consumir álcool na praia?

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Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

30/01/2023 04h00

Na praia, sob céu azul e calor acima de 30ºC, uma cerveja estupidamente gelada parece ser uma ótima pedida, não é mesmo? Estando com a saúde em dia, beber somente uma latinha não oferece nenhum grande problema.

Entretanto, a maioria das pessoas se empolga, por assim dizer, e daquela simples cervejinha, passam para um engradado inteiro e outros drinques.

Caipirinha, gim tônica, piña colada, mojito, cuba-libre, são muitas as opções de bebidas alcoólicas consumidas no verão. Mas o que parece ser um momento de descanso e descontração entre amigos e familiares, depois de várias doses seguidas, vem acompanhado de uma conta bem cara —e não é ao bolso. A bebedeira acaba cursando com sintomas no dia seguinte ou até mesmo em poucas horas.

O saldo pode ser ainda mais sofrível se somado às temperaturas elevadas e às porções salgadas e gordurosas, como de pastel, espetinho de camarão empanado, batata frita, e por aí vai, que também correm o risco de estarem contaminadas ou estragadas. Sabe aquela maionese ou molho tártaro? Melhor evitar.

Para idosos, esse combo até mesmo pode render o acionamento urgente do Samu e uma internação hospitalar.

Desidratação afeta todo o organismo

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Não importa a bebida alcoólica, ela pode até ser refrescante, mas não hidrata. Pelo contrário, o etanol faz com que o corpo, que já está superaquecido e em processo de transpiração, por conta do sol ou mormaço, perca ainda mais água de forma acelerada.

  • A pele fica ressecada, a boca seca e, acima de 60 anos, por ter menos água no corpo, os efeitos são potencializados.
  • O álcool ainda bloqueia a produção da vasopressina, hormônio antidiurético responsável pela conservação de água pelos rins, como consequência, facilita o aparecimento de cálculos renais e aquela vontade desenfreada de urinar toda hora.
  • Além disso, desidratado, são quase certas as chances de se ter ressaca, mal-estar e diarreia, pois o álcool acaba absorvido pelo intestino.
  • Outros prejuízos da desidratação por álcool incluem agravo de condições como pressão arterial baixa (devido à diminuição do volume sanguíneo) e diabetes.
  • Cerveja, por exemplo, além de muito diurética, pode alterar os efeitos da insulina em diabéticos. A pessoa pode ter tanto hipoglicemia como hiperglicemia, em ordem: queda ou acúmulo de açúcar no sangue.

Altera mente, facilita acidentes, reduz imunidade

Atenção quem faz uso de medicamentos contínuos, pois o álcool interfere na ação deles, que pode ser reduzida ou aumentada, em se tratando de psicotrópicos.

Mas mesmo quem não toma remédio no dia a dia está sujeito a alterações no sistema nervoso por conta da bebida, que ainda desencadeia:

  • tontura
  • falhas de memória
  • alterações em fala
  • coordenação
  • raciocínio
Tontura, vertigem, tonta, desmaio, desmaiar - iStock - iStock
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Brigas e acidentes, como quedas e afogamentos, também são facilitados pelo consumo em excesso de álcool, que cursa com desinibição, valentia e muita alegria.

Alterado, mas contido, pode-se até não se meter em confusão ou ir para o mar, mas esquece-se cuidados básicos, como abrigar-se do sol e utilizar protetor, correndo risco de se ter insolação e queimaduras.

Embriagados, muitos relatam sonolência, cansaço, fraqueza muscular, sintomas decorrentes da perda de eletrólitos, como sódio e potássio.

Em casos graves, a pessoa pode apresentar taquicardia, náuseas, dor de cabeça e perder os sentidos.

Além disso, a bebida reduz com a eficácia da imunidade, enfraquecendo o reconhecimento e combate a bactérias e viroses.

Se gosta de beber, coopere consigo mesmo

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Intercale os drinques e latas de cerveja com água!
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Como andam as visitas regulares ao médico? É fundamental saber como anda a saúde geral e controlar eventuais comorbidades. Se você não bebe, é melhor que continue assim, mas se é adepto de umas bebericadas, precisa fazer exames, trabalhar o emocional, no que compete a dependências, e buscar equilíbrio no que consome para não contribuir com os danos do álcool.

Por exemplo, se gosta de comer na praia, priorize alimentos leves, preferencialmente trazidos de casa, como frutas (melancia, laranja e abacaxi são ricos em líquido), saladas e sanduiches frescos, de carnes magras e legumes. Isso evita má digestão, azia, obesidade e contaminações. Fuja de salgadinhos, alimentos pesados, ricos em sal, óleo, de cheiro forte e de origem incerta.

Durante esse período de lazer, também é importante caprichar na ingestão de água, sucos e água de coco.

O indicado é beber mais água do que álcool ou emparelhar o consumo dos dois.

Dessa forma, a chance de ficar embriagado e sentir o estrago é menor. Esquecendo dessa dica simples, terá de repor a água na sequência e continuar assim, até reestabelecer a hidratação.

Fontes: André Maurício, clínico-geral e cardiologista pela FMB-UFBA (Faculdade de Medicina da Bahia, da Universidade Federal da Bahia) e professor da Faculdade IPEMED-Afya; Gabriela Cilla, nutricionista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Clínica NutriCilla, em São Paulo; Marcelo Cabral, mestre em ciências da saúde e geriatra do Hospital Esperança, no Recife; e Thais Barca, nutricionista pós-graduada pela USP (Universidade de São Paulo) e da clínica CliNutri (SP).