Empresa anuncia cigarro eletrônico 'sem danos à saúde'; veja riscos
O anúncio de um tipo de cigarro eletrônico para "manter a energia" do fumante viralizou nas redes sociais. O dispositivo é descrito como natural, livre de nicotina e "sem danos à saúde".
A empresa IZ Health afirma que os produtos funcionam como um "difusor de óleos essenciais" para vaporização. Também há opções que reforçariam a imunidade e melhorariam a qualidade do sono. Todos "naturais", com raízes e óleos de plantas.
Após a repercussão, a IZ Health desativou o seu perfil nas redes sociais. Os produtos também passaram a aparecer como "esgotados" em um site em que eram comercializados. VivaBem tentou contato com a empresa por um número de telefone, mas não conseguiu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
Os "pods", dispositivos do anúncio, são cigarros eletrônicos da quarta geração. Eles têm bateria e limites de tragadas, com essências diversas.
Ausência de nicotina não anula riscos
- Mesmo sem ter nicotina, os riscos de usar cigarro eletrônico não são nulos, alerta o pneumologista Paulo Corrêa, coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia).
- Primeiro é preciso entender o funcionamento do cigarro eletrônico: após colocar o produto na boca e sugá-lo, o líquido (essência) inserido no cartucho é aquecido internamente e, depois da tragada, resulta no vapor --que, segundo os médicos, pode ser chamado de fumaça.
- A combustão é prejudicial, mesmo acontecendo em uma temperatura menor do que a do cigarro convencional. Isso também vale para produtos naturais, como raízes e óleos.
Não é porque a combustão acontece em temperaturas mais baixas, que ela é mais saudável. Ninguém sabe nada direito sobre o que há nesses produtos e você está colocando isso para dentro e brincando com a saúde. Paulo Corrêa, pneumologista
"Os riscos são muito grandes e os produtos teriam que ser submetidos aos processos de validação por meio de ensaios clínicos, incluindo grupos de seres humanos", completa Corrêa.
- Outro ponto é a bateria do dispositivo. Em alguns modelos há vazamentos de metais dela para o vapor aspirado. Isso pode causar problemas de saúde: o níquel, por exemplo, já foi associado ao câncer dos seios paranasais, na face.
Avaliação de cada modelo (e suas substâncias)
Cigarros eletrônicos não são liberados pela Anvisa, sobretudo pelo potencial de dependência causada pela nicotina (que a maioria dos modelos tem), problemas de coração e de pulmão.
É preciso que os produtos passem pelas fases de aprovação, com estudos de segurança para garantir a sua eficácia na função anunciada.
No caso dos DEF (dispositivos eletrônicos para fumar), é preciso avaliar se as substâncias presentes no cigarro eletrônico são seguras na versão inalável.
Já tentaram dar insulina por via inalatória, por exemplo, e descobriu-se que dava fibrose pulmonar. Por isso temos esse desenho de testes das grandes agências regulatórias, para mostrar que o negócio funciona e, por fim, poder liberar ao consumo. Paulo Corrêa, pneumologista
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