Os irmãos do meu marido têm esquizofrenia. Meu filho pode ter também?
Quando um tio apresenta o diagnóstico de esquizofrenia, o risco de o sobrinho vir a tê-la é de cerca de 2%. Por outro lado, é importante saber que o desenvolvimento da doença não é exclusivamente genético, mas sim de origem multifatorial. Ela pode ter relação com complicações durante a gestação, por exemplo, ou uso precoce de drogas psicoativas.
O transtorno, em geral, desenvolve-se entre a adolescência e início da fase adulta. Até o momento, não existe nenhum tipo de exame que possa medir o risco de uma pessoa ter ou não esquizofrenia. Por isso, é muito importante ficar atento aos sinais que podem estar associados ao transtorno, para que o médico psiquiatra possa avaliar se é necessário já iniciar o tratamento.
Entre os principais sintomas estão:
- Alucinações: ouvir vozes ou ver vultos;
- Delírios: pensamentos fixos e crenças que não correspondem à realidade;
- Desorganização do pensamento: quando a pessoa fala sobre assuntos que não fazem sentido;
- Alterações da volição: mudanças na capacidade de tomar decisões e iniciativas;
- Prejuízos na cognição: capacidade de raciocínio;
- Isolamento social;
- Dificuldades para expressar as próprias emoções.
Embora ainda não haja cura para esquizofrenia, existem tratamentos eficazes que possibilitam o paciente viver uma vida estável. A terapia é feita com o uso de medicamentos antipsicóticos, que têm boa efetividade no controle dos sintomas da doença. Um dos principais neurotransmissores desregulados no cérebro dos pacientes com esquizofrenia é a dopamina, e os antipsicóticos atuam na regulação deste neurotransmissor, promovendo a melhora do quadro.
As chamadas medidas não medicamentosas também estão indicadas, como terapia com psicólogo, terapia ocupacional e exercício físico. Assim, o paciente será estimulado a socializar, ter independência na vida diária, além da inserção no mercado de trabalho, para que ele possa ter uma vida plena e produtiva.
Vale ressaltar a importância de combater o estigma da esquizofrenia, que sempre foi considerada uma doença na qual o paciente precisava ficar internado e segregado da sociedade. Esse tipo de intervenção não é necessário. O mais importante é sempre buscar ajuda e tratamento médico para evitar que a doença vá se tornando mais grave.
Fontes: Débora Larissa de Araújo Leal, médica psiquiatra do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), vinculado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Helder Gomes, psiquiatra e diretor clínico do HSM (Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto), no Ceará; Mario Louzã, coordenador do Programa Esquizofrenia do IPq/HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
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