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Cicatrizes e queloides: é possível evitar, eliminar ou reduzir as marcas?

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Imagem: iStock

Janaína Silva

Colaboração para VivaBem

08/02/2023 04h00

Muitas pessoas exibem suas cicatrizes com orgulho, porém outras preferem escondê-las ou então passar por procedimentos para melhorar a aparência dessas marcas na pele.

Nessa busca é possível se deparar com receitas caseiras que prometem o desaparecimento dos sinais. Contudo, é preciso cuidado e atenção para impedir danos piores, como alergias provocadas por substâncias sem comprovações conclusivas.

Assepsia e atenção à formação de pus e crostas, bem como orientação médica, ajudam a reduzir as marcas de machucados, entre outros. Além disso, quanto mais saudáveis os indivíduos, maiores são as chances de que as cicatrizes se tornem quase imperceptíveis.

Vale a pena testar produtos naturais e receitas caseiras?

óleo de rosa mosqueta - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Óleo de rosa mosqueta, a flor da foto, tem potencial hidratante
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Para os especialistas entrevistados por VivaBem, as substâncias naturais devem ser usadas com parcimônia nos tratamentos de cicatrizes. As pesquisas científicas não comprovam a eficácia da grande parcela de produtos que são experimentados na pele em receitas caseiras, que vão de mel, azeite, babosa, batata a óleo de coco.

"Apenas o óleo de rosa mosqueta tem fundamento pelo potencial hidratante", informa Émerson Andrade Lima, dermatologista. Além disso, há risco de desenvolver dermatite ou até mesmo infecção, caso se aplique uma planta diretamente na pele.

Outro aspecto é que os produtos muitas vezes permanecem apenas na epiderme e nem sempre produzem o resultado esperado. Só tratamentos que conseguem atuar na derme, onde ficam as fibras elásticas e colágenas, são capazes de trazer resultados mais promissores.

Por isso, todos os especialistas concordam que a melhor indicação é consultar-se com um dermatologista para o tratamento adequado.

Como ocorre o processo de cicatrização?

queloide, cicatriz, costas, mulher com queloide nas costas  - iStock - iStock
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Consequência de traumas que vão de machucados, cortes, feridas, lesões, acidentes, cirurgias a infecções, as cicatrizes apresentam-se como alterações de coloração, depressões ou elevações do tecido na pele. As marcas significam que a pele foi lesionada e, às vezes, de forma definitiva.

O processo de cicatrização é variável e alguns têm mais facilidade para desenvolver queloides —cicatrizes mais exuberantes, que crescem de forma exagerada e podem ser dolorosas—, conforme explica Marco Túlio Cavalcante Oliveira, dermatologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da UFC (Universidade Federal do Ceará), ligado à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

Os queloides ocorrem quando o organismo se excede na produção de colágeno e elastina e esse acúmulo extrapola os limites da cicatriz. O processo de cicatrização exige muito esforço do organismo para reparar o tecido agredido e lesionado. Quanto maior o trauma, maior a necessidade de nutrientes —proteínas, vitaminas e sais minerais—, além de água e energia.

No caso de cirurgias, uma série de condutas são tomadas para reduzir os sinais na pele, com técnicas e uso de pontos específicos. Quanto mais espessa a derme, mais demora a cicatrização e mais tempo devem permanecer os pontos.

Cremes, pomadas e fitas de silicone melhoram a hidratação da pele e fornecem vitaminas e sais minerais que ajudam que o local cicatrize de maneira adequada.

Como cuidar de ferimentos para que não deixem marcas na pele?

Arranhões e mordidas de animais e insetos, se não tratados, e até tatuagens representam, também, riscos à saúde e à aparência da pele e merecem atenção.

A primeira medida é manter a ferida limpa, com água corrente e sabão. Se for superficial, as células da epiderme vão conseguir migrar para a derme existente e, praticamente, não haverá cicatriz.

Deve-se tomar todo o cuidado possível para não infectar o local com curativos oclusivos. Pode-se usar pomadas com princípios ativos como vitaminas e até antibióticos.

No caso de arranhões maiores como escoriações, além da assepsia, use produtos que mantenham a região hidratada, como óleos e pomadas específicos que também evitam a formação de pústulas.

Já as mordidas são mais complexas, pois há sempre muitas bactérias na boca que são inoculadas sob a pele. O trauma é irregular e com muitas células danificadas, por isso, após a limpeza da área, o ideal é levar a um atendimento médico.

Tatuagens provocam cicatrizes?

Tatuagem, tattoo, tatuador, pele, desenho - iStock - iStock
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"As tatuagens podem se tornar um problema em pessoas com histórico de queloide. Relatos de alergia às tintas específicas são bastantes frequentes também", fala o dermatologista Marco Túlio Cavalcante Oliveira.

Como o processo de cicatrização é sempre o mesmo, se houver formação descontrolada de colágeno e elastina, a tatuagem pode ficar com relevo. Além disso, o procedimento merece atenção para evitar infecções e contaminações.

Cicatrizes ficam menos evidentes ao longo do tempo?

A fase de remodelação é longa e o organismo vai trocando as fibras de colágeno e elastina por fibras cada vez mais parecidas com as do tecido ao redor.

Existe uma hiper vascularização ao redor de toda cicatriz que confere uma cor avermelhada. Isso é normal e necessário para que células e substâncias cheguem ao lugar que está sendo reparado. Com o tempo esses vasos não são mais necessários e a cicatriz vai clareando até ficar na cor da pele normal.

Com o tempo, melhoram os aspectos em relevo, textura e coloração. Porém, podem alargar, tornarem-se mais deprimidas e esbranquiçadas, o que causa um desconforto estético.

A recomendação é para não expor a região ao sol enquanto estiver avermelhada, pois pode provocar aumento da produção de melanina, deixando-o mais escura. Outro conselho é manter a hidratação adequada e proteção solar.

Existem tratamentos para reduzir as cicatrizes?

O tratamento das cicatrizes evoluiu muito nos últimos anos com a evolução das tecnologias.

  • Uma das técnicas que apresentam resultados satisfatórios é a IPCA (Indução Percutânea de Colágeno com Agulhas) que utiliza microagulhas com o intuito de corrigir as marcas.
  • O tratamento do queloide é um pouco mais complexo, sendo possível realizar infiltração de corticosteroides, cirurgias, procedimentos com laser, entre outras terapêuticas.
  • Nesses pacientes, logo após a cirurgia, por exemplo, recomenda-se a aplicação de betaterapia, que é uma irradiação superficial que diminui a produção exacerbada de tecido cicatricial.
  • A injeção de toxina botulínica também apresenta efeitos expressivos. Por isso, quanto antes intervir em uma cicatriz, melhor.

Fontes: Beatriz Lassance, cirurgiã plástica, atuou no OLVG (Onze Lieve Vrouwe Gusthuis) em Amsterdã (Holanda), é membro do ACLM (American College of LifeStyle Medicine), do CBMEV (Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida) e da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica); Émerson Andrade Lima, dermatologista e presidente da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica); Karina Passos, dermatologista titulada pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), atua em Recife; e Marco Túlio Cavalcante Oliveira, dermatologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da UFC (Universidade Federal do Ceará), ligado à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).