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Pesquisa busca relação entre poluição petroquímica e tireoidite

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Elaine Patricia Cruz

Da Agência Brasil

15/02/2023 12h42

Um estudo em fase inicial que está sendo realizado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo pretende avaliar se há alguma relação entre a tireoidite de Hasmimoto e a poluição ambiental causada pelo Polo Petroquímico de Capuava (PPC). Dados preliminares mostraram que 18,5% dos moradores vizinhos ao polo desenvolveram sintomas da doença. Esse estudo, que ainda não foi concluído, busca identificar se a poluição ambiental provocada pelo polo petroquímico pode estar deixando os moradores doentes.

O levantamento feito pela prefeitura foi realizado com 3,7 mil moradores da zona leste, nos bairros de São Rafael, São Mateus e Sapopemba. Esses bairros ficam na divisa do Polo Petroquímico de Capuava (PPC), que está instalado nos municípios vizinhos de Santo André e Mauá. Também participaram do estudo pessoas que vivem em bairros sem exposição aos poluentes do polo petroquímico, para efeito de comparação.

Do total de entrevistados no estudo, 687 relataram apresentar três ou mais sintomas prováveis para a doença. Essas pessoas agora farão exames e uma avaliação médica e, se constatada a doença, receberão tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação da tireoide, provocada por uma falha no sistema imunológico. O organismo passa a fabricar anticorpos contra as células, destruindo a glândula da tireoide ou reduzindo a sua atividade. A tireoidite de Hashimoto é a principal causa do hipotireoidismo, que é o funcionamento em um ritmo menor da tireoide, produzindo menos o hormônio T4.

Segundo a prefeitura, as doenças autoimunes da tireoide afetam até 5% da população adulta e sua prevalência aumenta com o passar dos anos. Se ela não for devidamente tratada, pode levar ao coma e à morte.

CPI

Esse estudo que vem sendo desenvolvido pela prefeitura é um desdobramento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que está sendo realizada desde maio do ano passado na Câmara Municipal de São Paulo. A CPI da Poluição Petroquímica busca investigar denúncias sobre a poluição e a contaminação ambiental no entorno do Polo Petroquímico que supostamente vem prejudicando a saúde de moradores de bairros da zona leste da capital, localizados próximos ao polo.

A Petrobras instalou na área uma das primeiras unidades Polo Petroquímico, a Refinaria de Capuava, em 1954. Atualmente, são várias as empresas que atuam no polo e alimentam indústrias químicas e plásticas.

Fases do estudo

Segundo a prefeitura, o estudo foi dividido em três fases. Na primeira etapa, iniciada em janeiro, um questionário foi aplicado com os moradores, que foram sorteados aleatoriamente. As entrevistas vão indicar se o indivíduo tem alguma doença na tireoide ou outro problema endocrinológico, dor de garganta, rouquidão, ganho de peso ou perda de cabelo.

Caso alguém da família tenha relatado três ou mais sinais relacionados ao foco da pesquisa, a pessoa será encaminhada para a Unidade Básica de Saúde (UBS) de atendimento, onde deverá comparecer no prazo máximo de 15 dias, para avaliação médica e possível coleta de exames, entre eles, TSH, T4 e anti-TPO. Essa é a segunda fase do estudo. Nesta fase, se as pessoas apresentarem resultados alterados serão direcionadas pelas equipes médicas para início do tratamento pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital.

Na terceira e última etapa, com encerramento previsto para o mês de abril, a secretaria fará uma análise estatística e comparativa entre as áreas supostamente afetadas pelo polo petroquímico e áreas onde não há essa exposição, os chamados grupos de controle.

Outro lado

Procurada pela Agência Brasil, o Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC (COFIP ABC), que reúne as empresas que funcionam dentro do Polo Petroquímico Capuava informou que aguarda o resultado das próximas fases da pesquisa. "Ressaltamos que as 17 empresas associadas ao COFIP ABC são monitoradas constantemente e operam estritamente dentro dos padrões recomendados e exigidos pelas autoridades competentes", disse o comitê, em nota, ressaltando que está à disposição para fornecer informações que possam contribuir para o esclarecimento do assunto.

A Petrobras informou que não vai comentar o assunto.