Silenciosos, sintomas iniciais de câncer de próstata não são perceptíveis
Qualquer oncologista sabe a regra de ouro quando o assunto é câncer: quanto mais cedo a doença for detectada, maiores as chances de tratamentos menos agressivos e de cura para o paciente.
Mas isso nem sempre é possível, especialmente quando falamos em tumores que crescem de forma silenciosa —ou seja, que só dão sinais de existência quando já estão em estágio mais avançado.
É o caso do câncer de próstata, considerado o mais comum entre os homens no Brasil e o terceiro mais incidente no país (perdendo apenas para o câncer de pele do tipo não melanoma e o câncer de mama).
- Em relatório divulgado recentemente, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que o país terá 71.730 novos casos da doença entre 2023 e 2025.
- A próstata é uma glândula do corpo masculino que está localizada entre o reto e a bexiga e tem como principal função produzir o fluído prostático, que faz parte da composição do sêmen e ajuda a proteger os espermatozoides.
- O principal fator de risco para a doença é a idade (acima dos 50 anos); no entanto, homens com histórico familiar da doença e indivíduos negros têm mais risco de desenvolver esse tipo de câncer.
- Além de o início do câncer não dar sinais de existência na maioria dos casos, a falta de hábito e até o preconceito que o homem tem em cuidar da própria saúde muitas vezes acabam prejudicando a prevenção da doença.
"O homem não tem o costume de ir ao urologista como rotina de prevenção igual a mulher vai ao ginecologista, por exemplo", afirma Luiz Henrique Araújo, coordenador de oncologia do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro, e head de oncologia da Dasa Genômica.
O especialista lembra ainda que, além da resistência que muitos têm em se colocar numa posição vulnerável ao buscar ajuda médica, ainda há o estigma por trás de um dos exames clínicos feitos para detectar possíveis alterações na próstata: o toque retal, procedimento em que o médico insere o dedo indicador no ânus do paciente para apalpar a glândula e conseguir sentir eventuais nódulos.
Quais os sintomas do câncer de próstata?
Como dissemos, os sintomas iniciais do câncer de próstata não são perceptíveis. "Na vasta maioria dos pacientes, o tumor não causa nenhum sintoma no começo", explica Fábio Schutz, médico oncologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
No entanto, quando a doença já está em estágio mais avançado, aí sim, é possível notar alguns sintomas locais, já que a presença do câncer influencia no tamanho da glândula e causa problemas principalmente na hora de urinar. "Isso ocorre porque a uretra, por onde a urina sai, passa no meio da próstata", explica o médico.
Os sintomas mais comuns do câncer de próstata são:
- Dificuldade para urinar (demorar para começar e terminar);
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia e/ou a noite;
- Diminuição ou alteração no jato de urina;
- Dor ou ardor ao urinar;
- Presença de sangue na urina ou no sêmen;
- Dor ao ejacular;
- Alteração nas fezes (pois o tumor pode pressionar o intestino).
Próstata aumentada sempre é câncer?
Não. A partir dos 50 anos, é bastante comum que os homens tenham uma condição chamada de hiperplasia prostática benigna —um aumento da próstata que também pode dificultar a saída da urina.
"Com isso, alguns homens passam a ir mais ao banheiro durante a noite, por exemplo, ou precisam urinar mais vezes durante o dia", explica Schutz. "É um problema bastante comum com a idade e que raramente é câncer", tranquiliza o especialista.
Como é feito o diagnóstico e a prevenção?
De acordo com Araújo, os principais exames que indicam uma suspeita do câncer de próstata são o PSA (dosagem do antígeno prostático específico, em inglês), realizado a partir de uma amostra de sangue; e o toque retal, feito em consultório pelo urologista para detectar qualquer alteração ou nódulos na próstata.
Vale ressaltar que o tão polêmico exame de toque é um procedimento muito rápido (não dura um minuto), com o médico utilizando luva e lubrificante, e não causa dor nem complicações.
Se houver alguma alteração suspeita, aí então o especialista pode pedir a biópsia —retirada de uma amostra de tecido da glândula para análise em laboratório. Só a partir do resultado dessa análise é que o diagnóstico de câncer pode ser confirmado.
Nem sempre a biópsia será pedida, mas os outros exames devem ser feitos de forma periódica como forma de rastreio da doença. "Quando detectados na fase assintomática, os tumores de próstata têm acima de 90% de cura", afirma Adelmo Aires Negre, urologista da rede de clínicas AmorSaúde, associadas ao Cartão de TODOS, que atende na unidade de Palmas (Tocantins).
"Por isso, a nossa orientação é sempre buscar detectar o câncer de forma precoce porque é justamente na fase sem sintomas que conseguimos maiores chances de cura", complementa o médico.
- De acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), os homens devem começar a realizar exames de rastreio aos 50 anos.
- No entanto, homens negros e com histórico da doença na família devem começar antes, aos 45 anos, pelo maior risco de desenvolver a doença.
"Sabemos hoje que um indivíduo com pai ou irmão que tenham tido câncer de próstata antes dos 60 anos de idade pode ter 3 a 10 vezes mais risco para a doença em relação à população", alerta Paulo Lages, oncologista do Grupo Oncoclínicas.
Quais os tratamentos para o câncer de próstata?
Felizmente, as opções de tratamento para o câncer de próstata avançaram muito nos últimos anos —em especial as cirurgias, que agora são feitas com a ajuda de robôs; e as chamadas terapias-alvo, com medicamentos que combatem especificamente as células tumorais.
No entanto, para determinar o melhor tratamento, é preciso analisar a idade do paciente, seu estado geral de saúde, a extensão do tumor e se houve ou não metástase (o espalhamento da doença para outros órgãos).
"Quando o câncer é de baixa agressividade e de crescimento lento, é possível fazer o acompanhamento vigilante da evolução da doença, poupando o paciente de tratamentos mais complexos", explica Lages.
Se isso não for possível, as opções passam pela remoção cirúrgica do tumor, aplicação de radioterapia e da hormonioterapia, com medicamentos orais para bloquear a produção de testosterona.
O médico pode, ainda, associar duas ou mais técnicas para aumentar as chances de sucesso do tratamento. Em último caso, quando o paciente não responde aos tratamentos ou está em metástase, é possível também usar a quimioterapia, sozinha ou combinada a outras terapias.
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