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O que é doença da vaca louca, que fez Brasil suspender exportação de carne

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do VivaBem*, em São Paulo

23/02/2023 11h00

O governo federal suspendeu a partir desta quinta-feira (23/02) a exportação de carne bovina para a China após a confirmação de um caso de "doença da vaca louca" no Brasil.

A suspensão é temporária e segue um protocolo sanitário oficial assinado pelos dois países. Segundo nota oficial do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a "carne para consumo no mercado não é afetada pela confirmação" do caso, registrado em um animal em Marabá (PA).

O ministro da Agricultura, Carlos Favaro, afirmou nesta quarta-feira (22) que o caso provavelmente é da variante atípica (entenda abaixo) e, portanto, não representaria risco para a saúde humana.

"A experiência dos nossos técnicos na avaliação, a rotina onde o animal era criado, sem consumo de rações [...] tudo isso permite dizer que a probabilidade é muito grande de que seja atípica", disse à CNN Brasil. "Eu posso garantir que a população brasileira não se preocupe com relação ao consumo de carne bovina".

A confirmação final será feita pelo laboratório da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal), no Canadá.

Segundo reportagem da agência de notícias Reuters, a suspensão das exportações à China levou à interrupção de abates em diversas regiões do país.

O que é a doença da vaca louca?

  • A EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), popularmente conhecida como "doença da vaca louca", é uma doença degenerativa fatal e transmissível do sistema nervoso central de bovinos, com longo período de incubação.
  • Leva, em média, cinco anos para que as primeiras manifestações apareçam.
  • O quadro é caracterizado por sinais de nervosismo, reação exagerada a estímulos externos e dificuldade de locomoção.
  • Não é passível de tratamento específico e é de difícil diagnóstico.
  • A versão humana da doença mais comum hoje em dia é conhecida como Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD) e também é letal. Ela está ligada ao consumo de carne contaminada.

Qual a diferença entre variante clássica e atípica?

A doença da vaca louca pode se manifestar de duas formas —a variante clássica e a atípica.

A forma clássica ocorre em bovinos após a ingestão de ração contaminada com príons e é considerada a forma mais preocupante da doença.

Nenhum caso da forma clássica foi detectado no Brasil até hoje. Foi essa variante que causou o pânico e as mortes na epidemia dos anos 1990, no Reino Unido.

Já a variante atípica pode aparecer espontaneamente em todas as populações de gado. Entenda em 5 pontos:

  • A forma atípica é considerada de ocorrência "natural e esporádica", ou seja, ela provavelmente sempre está presente em grandes populações de gado, mas em uma proporção muito baixa e só costuma ser identificada quando são adotados procedimentos de vigilância intensiva;
  • A variante atípica só foi identificada nos anos 2000 quando foram aprimorados os procedimentos de investigação de príons;
  • Além disso, a versão atípica costuma afetar apenas bovinos mais velhos --como foi o caso do animal identificado com a doença em Marabá (PA), que tinha 9 anos;
  • Todo ano, há relato de variantes atípicas registradas em rebanhos de países produtores de gado.
  • O número de casos de EEB atípica é insignificante no mundo, segundo a Organização Internacional para Saúde dos Animais.
É transmissível? Não existem provas de que a doença da vaca louca atípica seja transmissível, mas essa hipótese também não foi descartada.

É por isso que, como medida de precaução, autoridades de saúde fazem de tudo para impedir que essa variante seja introduzida na cadeia alimentar animal.

O MAPA informou que a vaca identificada com a doença em Marabá (PA) foi abatida e incinerada. Além disso, suas amostras foram enviadas ao laboratório de referência da OMSA (Organização Mundial da Saúde Animal), que fica em Alberta, no Canadá, para confirmar se realmente se trata de um caso atípico.

*Com informações de reportagem da BBC, publicada em 6 de setembro de 2021.