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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Qual a quantidade de cocô que o corpo consegue 'guardar' no intestino?

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Colaboração para VivaBem

08/03/2023 04h00

Incômodo, sensação de empachamento e até mau humor: quem sofre com prisão de ventre ou alguma dificuldade na hora de ir ao banheiro conhece bem esses sintomas e sofre com frequência com eles.

Também chamada de constipação intestinal, a prisão de ventre é caraterizada quando o indivíduo não consegue ou tem dificuldade para fazer cocô mesmo sentindo necessidade de ir ao banheiro.

Quem sofre com o intestino preso geralmente precisa fazer muita força para liberar o cocô e frequentemente vai ao banheiro mais de uma vez para eliminar toda a quantidade de fezes.

Outra característica do problema é a aparência das fezes: elas costumam ser ressecadas, arredondadas (em formato de bolinhas) e/ou endurecidas.

Quanto de cocô nosso corpo produz por dia?

De acordo com Daniel Baptista, médico gastroenterologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, o ser humano produz, em média, 150 a 200 gramas de fezes todos os dias.

"Em média" porque, claro, essa quantidade pode variar de acordo com o volume de comida ingerido nas refeições.

Beber mais água também faz o cocô crescer, já que ele é composto por nada menos que 75% dela.

Por outro lado, mesmo sem comer nada, o cocô ainda será produzido, já que ele serve para eliminar outras substâncias além dos restos de alimento.

Além de restos digeridos, como a celulose, as fezes são formadas por restos de células, bactérias mortas e secreções usadas na digestão, como o suco gástrico, o suco pancreático e a bile, produzida no fígado.

Todo o cocô vai sendo levado pelo intestino até a sua porção final, chamada de reto e que tem cerca de 15 centímetros.

Com mais ou menos 30 gramas de fezes, existe um sinal para o cérebro de que é a hora de ir ao banheiro —é quando a vontade de fazer cocô vem.

O que acontece quando não fazemos cocô?

Para começar, o mau humor é real: mais de 90% da serotonina, um neurotransmissor que atua na regulação das nossas emoções, é produzida no intestino. Isso significa que qualquer desequilíbrio no órgão tem o potencial de afetar a saúde mental —a ponto de alguns médicos ligarem a constipação a problemas como ansiedade e depressão.

Além disso, o desconforto físico também causa estresse (físico e mental). Os principais sintomas são:

  • Distensão abdominal;
  • Cólicas;
  • Ao fazer cocô, ele sai com dificuldade e provoca fissuras;
  • Dor na hora da saída do cocô.

Quando as fezes não são eliminadas no tempo certo e se acumulam no intestino, elas podem formar uma massa endurecida chamada de fecaloma, que vai dificultar ainda mais a saída do cocô.

"Quando o indivíduo fica mais de 10 dias sem evacuar, as fezes ressecam dentro do intestino e se tornam rígidas", afirma Antonio Guilherme Melo e Silva Guimarães, gastroenterologista da AmorSaúde Marabá (Pará), clínica parceira do Cartão de Todos.

Nesses casos, as fezes precisam ser removidas com ajuda de laxantes (via oral ou retal) ou aplicando medicamentos para dissolver o cocô por via endoscópica.

Mas existe ainda o risco de, em casos extremos, o paciente precisar de uma cirurgia para fazer a desobstrução e retirar parte do intestino, alerta Guimarães.

Algumas condições predispõem para a formação do fecaloma, como:

  • Idade avançada;
  • Pacientes acamados;
  • Pacientes com doenças psiquiátricas ou com demências (como Alzheimer);
  • Quem tem doença de Chagas.

Quanto de cocô o intestino consegue armazenar?

Essa é uma boa pergunta. Embora não exista um consenso médico, a literatura especializada tem alguns registros de pessoas que armazenaram quilos (sim, quilos!) de cocô dentro do corpo.

Uma dessas histórias ocorreu em 2017, na China, quando um homem precisou remover parte do intestino após o acúmulo de nada menos que 28 libras (cerca de 12,7 quilos) de fezes no órgão.

Felizmente, o caso é uma raridade: o paciente em questão sofre de uma condição chamada doença de Hirschsprung, também conhecida como megacólon congênito.

O problema é caracterizado por uma falta de inervação do intestino grosso (que inclui aí o cólon), geralmente em sua porção final, impedindo que as contrações para eliminar as fezes ocorram —o que causa seu acúmulo.

Nesses casos, assim como ocorreu com o paciente chinês, é preciso remover a parte problemática do órgão e reconstruir o intestino para que ele volte a ser funcional.

Quando procurar um médico?

De acordo com Rogério Alves, gastro-hepatologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o hábito intestinal é bastante individual e certamente vai variar de pessoa para pessoa.

"Por isso, consideramos uma média normal desde três evacuações no dia a três evacuações por semana", diz.

Quando a frequência foge dessa realidade e a pessoa ainda apresenta sintomas de prisão de ventre (como falamos acima), é recomendado buscar ajuda médica para entender o que está causando a dificuldade e evitar o acúmulo de fezes no intestino.