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Longevidade

Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Idoso que viaja: existe momento para parar ou dá para se adaptar?

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Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

10/03/2023 04h00

Pegar estrada, enfrentar voo internacional, explorar lugares que até então não se conhece: sendo idoso, há limite para parar de viajar, ainda mais sozinho? Embora a pergunta seja objetiva, a resposta depende de vários fatores, que não necessariamente têm a ver com a idade, mas com a autonomia, de como o idoso se sente e de suas condições gerais de saúde.

Uma dica simples é a família observar como anda a rotina desse sujeito 60+ e procurar saber:

  1. Ele já não se sente seguro para realizar tarefas que sempre desempenhou?
  2. Esquecimentos, dificuldades motoras e acidentes estão mais frequentes e perigosos?
  3. Pessoas do convívio pessoal e do dia a dia dele relatam mudanças, declínios, limitações?

Se o "sim" prevalecer em algum desses questionamentos, é bom ligar o alerta e procurar ter uma conversa sincera com esse idoso, mas sem entrar em embates ou de forma impositiva.

Afinal, estando o idoso capaz de tomar decisões conscientes, ninguém, nem mesmo os filhos e a família, tem o direito de decidir por ele ou impedi-lo de, por exemplo, ir até a Cochinchina.

Consulte médico e psicólogo

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Se o idoso estiver doente, ou fragilizado, mas irredutível em aceitar que não dá mais para viajar, sobretudo sozinho, é preciso fazê-lo compreender isso com bons argumentos, de forma gradual, com paciência, escuta e respeito. Do contrário, só desgasta a relação, gera sofrimento e piora o estado de saúde. A família com dificuldades deve consultar um médico e psicólogo.

Visitas regulares ao geriatra são fundamentais à medida que o idoso envelhece, mas também a seus entes, que se possível devem acompanhá-lo, para se informar de seu estado, esclarecer dúvidas, saber como proceder em alguns casos e pedir auxílio e apoio em questões difíceis. O médico, munido de informações, pode ajudar a convencer seus pacientes a evitar sérios riscos.

Na pior das hipóteses, se nada disso funcionar, que o idoso viaje em companhia de algum cuidador, familiar, ou que participe de grupos de viagem e, no destino escolhido, conte com monitores, guias e suporte adequado para programações recreativas específicas.

Além disso, caso ele sofra de algum problema, vale carregar consigo os contatos de sua rede de apoio e instalar no celular aplicativos de monitoramento da saúde e que carreguem todo seu histórico.

Riscos de idosos que viajam

Idosos com doenças não controladas ou com sintomas cardiovasculares e respiratórios estão desaconselhados a viajar. Se tiverem propensão para ter alergias, enjoos, tonturas, crises de coluna, ou com outra condição que demande cuidados imediatos, é prudente que não viajem desacompanhados e nem para lugares que não disponham de muitos recursos e profissionais.

Não é recomendável ainda que descuidem da dieta, ou seja, comam ou bebam qualquer coisa e em excesso, como frituras, gorduras e bebidas alcoólicas, ou passem muito tempo em jejum. Tem mais. É fundamental que respeitem os horários dos seus medicamentos de uso contínuo, não se exponham demais ao sol, se hidratem, se exercitem no trajeto da viagem e descansem.

  • Ignorar tudo isso é perigoso. Idoso que não se alimenta direito pode ter taquicardia, queda de pressão, alterações intestinais.
  • Se bebe demais, além da embriaguez, agrava diabetes, lapsos de memória, hipertensão, predispõe acidentes.
  • Direto no sol sofre insolação, desidratação e, no avião, carro ou ônibus, sem se alongar e caminhar a cada duas horas, até trombose venosa.

Afinal, o que devem priorizar?

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Antes de reservar passagens, hotéis e passeios, o idoso, preferencialmente com apoio de sua família, deve checar com a agência de turismo, ou pesquisar muito bem na internet (em sites, comentários, avaliações), o que o transporte e o destino para o qual pretende viajar oferecem pensando nele. Devem priorizar bom atendimento, infraestrutura, bem-estar e segurança.

  • No embarque, se há check-in prioritário e com acompanhamento especial.
  • Na recepção, se os atendentes oferecem mais suporte e atenção e menos formalidade.
  • No hotel, se conta com elevador, ambulatório médico, socorristas, rampas de acesso, corrimões e barras de apoio em áreas comuns, quartos e banheiros.
  • No cardápio, se é bem variado, com opções alimentares para quem não consome carne, leite e derivados e apresenta intolerâncias e restrições.
  • Nas adjacências, se há internet acessível, meios de transporte, farmácias e hospitais.

São cuidados adicionais, o idoso levar sempre consigo receitas médicas, quantidade mais do que suficiente de medicamentos para toda a viagem e contratar um seguro-viagem específico para a partir dos 60 anos.

Para os que gostam de campismo ou atividades na natureza, é indicado que procurem acampamentos e guias que atendam exclusivamente ao público sênior.

Fontes: Cláudia Messias, psicóloga do Hospital Geral de Palmas (TO); Emerson Zarour, diretor de inovação da MV, multinacional especializada no desenvolvimento de tecnologias como o aplicativo Personal Health, focado em tratar da saúde; Natan Chehter, geriatra membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia); e Paulo Camiz, geriatra e professor de clínica geral do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).