Ela não fala a verdade: quando as mentiras de uma pessoa podem ser doença
Você provavelmente já cruzou o caminho de uma pessoa que gostava de mentir. Aquela pessoa que sempre tem histórias de muitos relacionamentos com famosos, que inventa histórias para os pais, amigos e para si mesma, que diz que está em um lugar, quando está em outro.
Contar mentiras, todo mundo conta, em um momento ou outro. Seja para não magoar alguém, seja para evitar uma situação social desagradável ou para não se expor. Mas quando contadas compulsoriamente e sem avaliação das consequências, o ato de contar histórias falsas ou exageradas demais vira uma patologia, chamada mitomania ou doença da mentira.
"Quando usamos a mentira para obter algum tipo de vantagem, mesmo que seja pequena, comprometemos a situação de bom convívio interpessoal e podemos entrar em uma linha delicada de distúrbios e transtornos de personalidade", afirma Alfredo Maluf, médico psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
Quando é por má-fé, por assim dizer, pode haver um envolvimento entre mitomania e quadros como transtorno de personalidade antissocial, psicopatia, sociopatia. Porém, não é uma regra. "O comportamento mitomaníaco pode ser induzido por sofrimento e necessidade psíquicos", informa Leide Batista, psicóloga pela Faculdade Castro Alves, em Salvador (BA).
A mentira, nesse contexto, vem como autoproteção, para disfarçar ou melhorar a própria realidade do mentiroso, que pode estar insatisfeito, querer aparentar mais do que possui ou encobrir algo. Movido pelo desejo de contar mentiras, ele pode até simular ou produzir sintomas físicos ou mentais de doenças, como surtos psicóticos, dores de cabeça, vômitos, diarreias. Há quem ainda fabrique ou falsifique exames médicos, sinais da presença de algo chamado transtorno factício.
De acordo com o especialista do Einstein, vários fatores psicológicos (personalidade) e ambientais podem contribuir para o desenvolvimento da doença. "Os fatores ambientais podem ser desde as relações familiares e pessoais complicadas até eventos estressantes. A mitomania pode ser, também, associada a sintomas de várias patologias, como por exemplo transtorno de personalidade, bipolaridade e sociopatia".
O diagnóstico da doença da mentira não é fácil, requer tempo e, muitas vezes, ajuda de um psiquiatra ou psicólogo. Geralmente ela é percebida por pessoas que convivem com o mentiroso patológico que não conseguem confirmar as histórias ou que ao confrontar o autor da história recebem uma nova versão.
Por ainda não ser uma doença de diagnóstico definido e por ser sintoma de doenças psiquiátricas, o tratamento começa com a investigação da identificação das outras patologias associadas e os cuidados com o paciente podem variar da psicoterapia (terapia com finalidade de cuidar de problemas psicológicos como ansiedade e depressão), à psiquiatria clínica.
*Com informações de matérias publicadas em 20/11/2019 e 10/10/2020.
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