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O que é o fungo mortal que se espalhou em uma 'taxa alarmante' nos EUA

A infecção pelo Candida auris é resistente a medicamentos e pode ser fatal - REUTERS
A infecção pelo Candida auris é resistente a medicamentos e pode ser fatal Imagem: REUTERS

Do VivaBem*, em São Paulo

21/03/2023 13h31

Um fungo mortal se espalhou em uma "taxa alarmante" nos últimos anos em hospitais dos EUA, segundo dados divulgados pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) na segunda-feira (20).

Apelidado de "superfungo", o chamado Candida auris é resistente à maioria dos fungicidas e pode ser fatal em pessoas com sistema imunológico enfraquecido.

O aumento de casos foi observado principalmente durante a pandemia de covid-19, período em que surtos do fungo também foram registrados em outras partes do mundo, inclusive no Brasil.

O que diz o CDC

  • Um estudo publicado pelo órgão na revista científica Annals of Internal Medicine concluiu que os casos e a transmissão de C. auris aumentaram nos últimos anos, com um aumento dramático em 2021 --passou de um aumento de 44% em 2019 para 95% em 2021.
  • O artigo avaliou casos de C. auris relatados ao CDC a partir de 2016 --quando o fungo foi identificado pela primeira vez nos EUA--, até 2021.
  • Um total de 3.270 casos clínicos (nos quais a infecção está presente) e 7.413 casos de triagem (nos quais o fungo é detectado, mas não causou infecção) de C. auris foram registrados nos EUA até 31 de dezembro de 2021.
  • Além disso, o número de casos de infecções resistentes às equinocandinas --antifúngicos considerados a terapia de primeira linha contra o fungo-- em 2021 foi cerca de três vezes maior que em cada um dos dois anos anteriores.

E no Brasil?

  • EUA não foram o único país a registrar infecções desse tipo durante a pandemia. No Brasil, três surtos do fungo foram registrados no ano passado, levando a Anvisa a emitir um alerta de ameaça à saúde pública;
  • O terceiro e maior surto causado pelo fungo no país envolveu 48 casos confirmados em um hospital do Recife (PE), entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022.

Entenda o fungo

Os organismos do reino Candida são velhos conhecidos da população. Eles causam infecções orais e vaginais comuns, as candidíases, que são combatidas com fungicidas vendidos em qualquer farmácia.

No caso da Candida auris, porém, as infecções têm se mostrado extremamente difíceis de curar.

A espécie produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandinao, três dos principais compostos antifúngicos.

  • Fungo é capaz de sobreviver por meses em superfícies como macas, móveis e instrumentos. É possível, por exemplo, que indivíduos saudáveis transportem o fungo entre unidades hospitalares sem saber.
  • Transmissão. O fungo só é transmitido pelo contato direto com objetos ou pessoas infectadas.
  • Restrito aos hospitais. Até hoje, por exemplo, nunca foi identificada nenhuma infecção por Candida auris fora do ambiente hospitalar.

Por que os casos aumentaram?

Em comunicado, o CDC listou três fatores que podem estar por trás do aumento de infecções nos EUA:
  • Práticas inadequadas de prevenção e controle geral de infecções em unidades de saúde;
  • Aumento da capacidade laboratorial nos últimos anos para a detecção de infecções causadas pelo fungo, incluindo maior "triagem de colonização" (um teste para ver se alguém tem o fungo em algum lugar do corpo, mas não apresenta sintomas);
  • Pandemia. "A disseminação de C. auris pode ter piorado devido à pressão nos sistemas de saúde e saúde pública durante a pandemia de covid-19", avalia o órgão.
Segundo especialistas, diversos fatores tornam os pacientes infectados pela covid-19 alvos ideais para a C. auris, entre eles a internação prolongada, o uso de sondas vesicais e cateteres para acesso venoso central (uma porta de entrada para a corrente sanguínea), corticoides (que suprimem a resposta imune) e antibióticos (que desequilibram a microbiota intestinal). *Com informações de reportagens publicadas em 13/01/2022 e 16/01/2022.