Bolinha, secreção, odor: quais os sinais de que algo não vai bem lá embaixo
A saúde íntima ainda não recebe a devida atenção, por isso é essencial ficar de olho nos sinais de que as coisas não vão bem. Apenas conhecendo o próprio corpo —e não banalizando sintomas— é possível buscar ajuda para questões que envolvem a região genital.
De acordo com Karen Rocha de Pauw, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, é necessário ter em mente que qualquer incômodo nessa área pode indicar que algo não está adequado.
Vale ainda um destaque aos seguintes sintomas:
- cheiro
- secreções
- bolhinhas
- coceira
- ardor
Ninguém gosta de falar que está com corrimento, que está com um cheiro desagradável, mas nenhum sintoma pode ser ignorado. Por exemplo, um cheirinho diferente, mesmo que leve, ou uma bolinha que está lá faz muito tempo, isso tem que ser falado ao ginecologista.
A especialista explica que as causas são variadas, podendo contemplar:
- alergias
- desnutrição
- estresse
- imunidade baixa
- falta de sono
- comportamento sexual de risco --quando não se usa camisinha na transa, trazendo o risco de doenças infecciosas e/ou transmissíveis (as ISTs).
Dor, sangramento e corrimento
Para Lilian Fiorelli, uroginecologista, esses desconfortos íntimos podem ser divididos em três grandes grupos:
- Dor: na região genital, vagina e/ou embaixo do ventre;
- Sangramento: mulheres sangram todo mês, mas alterações no padrão desse sangramento são um sinal de alerta, como aumento, diminuição ou ocorrer fora do período menstrual;
- Corrimento: é normal ter secreção vaginal, mas alguns tipos de corrimento, não. Diante de uma diferença do habitual, como cheiro, consistência ou cor, isso também indica problema. Às vezes, vem associado à coceira, outro sinal de alerta.
De acordo com Fiorelli, a dor na região íntima, como por fora da vulva, por exemplo, costuma indicar herpes, lesões, fissuras por candidíase (doença causada por fungos), vaginismo (que consiste numa contração involuntária do assoalho pélvico) e até uma dor percebida somente de encostar, conhecida por vulvodínia.
Além desses motivos, também podem ser consequência de infecções no colo do útero, como a clamídia ou a gonorreia, que precisam de antibiótico para tratamento.
Já se o desconforto for sentido no fundo da vagina ou nas relações sexuais, vale investigar uma possível endometriose —doença inflamatória em que o endométrio se aloja além do útero.
Sobre os sangramentos, a especialista lembra que podem acontecer por pequenas fissuras geradas por uma candidíase, um descuido na depilação, por relações sexuais intensas, pelas infecções de colo de útero já citadas, e, também, pelo HPV, levantando o alerta para o câncer de colo de útero.
Pólipos, miomas, alterações hormonais e o uso da pílula anticoncepcional igualmente podem ser razões.
A cor dos corrimentos
Como explica Carla Iaconelli, ginecologista especialista em saúde íntima, é comum a mulher ter corrimento esbranquiçado com consistência mais melada ou transparente. Mas cor, volume e odor pedem atenção.
"Os contínuos não devem acontecer e são sinais de que a saúde íntima está prejudicada. Muitas pacientes com corrimento têm dor ao urinar e vermelhão nos lábios vaginais", observa. Cada tonalidade pode indicar um tipo de problema a ser investigado:
- Marrom: sinal de problema no endométrio ou câncer cervical, sobretudo se vier acompanhado de dor abdominal e sangramento;
- Rosado: é comum no pós-parto e carrega resquícios do endométrio e sangue, que são expulsos conforme a contração do útero;
- Amarelo: pode indicar vaginose, causada pela bactéria Gardnerella vaginalis, ou tricomoníase, infecção provocada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, quando apresentar cheiro forte;
- Acinzentado: também pode indicar a presença de Gardnerella vaginalis;
- Branco coalhado: indício de candidíase.
"Deve ser dada atenção, principalmente, ao odor característico de um peixe. Pode ser vaginose bacteriana, com sintomas de inchaço na vagina, na vulva, vermelhidão e ardência", alerta Carla.
Como tratar
As médicas ponderam que o tratamento depende do diagnóstico. Portanto, é fundamental observar o próprio corpo, conhecê-lo e, ao notar algum dos sinais apresentados acima, procurar um ginecologista de confiança e relatar o que vem acontecendo. A partir daí, dá-se início a uma investigação para encontrar a melhor solução.
De qualquer forma, algumas práticas corriqueiras são eficientes.
Hábitos saudáveis, higiene diária certa, controle do peso e não usar produtos que alteram o pH vaginal fazem toda a diferença. Os exames de sangue e imagens periódicos também são fundamentais. Carla Iaconelli, ginecologista especialista em saúde íntima
Além disso, a ginecologista Karen Rocha de Pauw lembra da tríade para prevenir os desconfortos: "dormir bem, comer bem e se exercitar". Afinal, qualidade de vida, saúde em dia e bem-estar são essenciais para manter a região saudável.
"Não é só por causa da saúde íntima; isso está relacionado a todo o organismo por completo. Para tratar bem a saúde íntima, é necessário tratar a saúde completa. É muito errado pensar que vagina e vulva são coisas à parte", justifica a especialista em reprodução humana.
Sem medo, nem tabu
Para completar, as profissionais destacam a importância de fazer sexo seguro, usando preservativo, a fim de prevenir ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) —e, principalmente, de não se calar diante de algum desconforto.
Fiorelli lembra que muitas pacientes tendem a pensar que fizeram algo errado, como relação sexual sem camisinha, e têm vergonha ou medo de relatar isso ao profissional que as acompanha. Mas os médicos estão preparados para essas situações com a finalidade única de contribuir com a saúde da mulher.
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