Sagui, arara, capivara: conheça riscos de interagir com animais silvestres
Conhece alguém que não pode ver um animal como arara, sagui, capivara, seja em parques naturais, trilhas, praias ou no quintal de casa e que já parte logo para a interação, como se o bicho encontrado fosse de estimação? Pois é bom tomar cuidado, embora possam parecer amigáveis, curiosos e bonitinhos, animais selvagens podem oferecer sérios riscos.
O maior problema é a transmissão de doenças, as chamadas zoonoses. Toxoplasmose, raiva, leishmaniose, leptospirose são alguns exemplos das que atuam como fontes de infecção para o ser humano.
Em crianças, idosos e adultos com imunidade baixa, podem ser potencialmente fatais, sendo que nos animais infectados algumas nem sempre se manifestam com sintomas.
Tem mais. Cães e gatos podem se contaminar e infectar seus tutores, caso tenham contato com espécies silvestres, que não deixam de oferecer perigo nem mesmo já sem vida. Há perigo ainda no consumo de suas carnes, sem que tenham sido criados, abatidos e processados em conformidade com a lei.
Portanto, na dúvida sobre a procedência do alimento, não o coma.
Saguis nem perto nem presos
Gosta de ver um macaco feliz, fazendo "macaquices"? Então observe-o na natureza e registre com celular de longe. De perto, havendo contato, eles podem transmitir doenças, como raiva, verminoses, enterites, ectoparasitos, pneumonia e até hepatites. Mantidos em gaiolas é pior ainda, pois acabam estressados e ficam ainda mais vulneráveis a contrair e transmitir doenças.
Saguis também podem morder. Caso isso ocorra é preciso acionar os Bombeiros ou a Polícia Ambiental para realizar a captura do animal, que deve ser levado para um CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), e se dirigir o quanto antes para um pronto-socorro ou UPA (Unidade de Pronto Atendimento), para ser avaliado, medicado e vacinado para evitar contágios.
Pensando nisso, a SBPr (Sociedade Brasileira de Primatologia), que tem uma cartilha chamada "Macaco não é Pet", que tem por objetivo orientar as pessoas quanto à proximidade com os primatas em geral, informa não publicar ou compartilhar fotos de primatas em contato direto com seres humanos e se assegurar de uma distância mínima de sete metros para fotografá-los.
Araras e papagaios, pode?
No Brasil, a zoonose mais comumente relacionada aos psitacídeos (papagaios, periquitos e araras) é a chamada psitacose ou clamidiose.
Em geral, os casos observados são decorrentes das apreensões de grandes números de aves do tráfico, mantidas em péssimo estado. Mas a transmissão também pode ocorrer por meio da manipulação de aves à venda ou na natureza.
A pessoa pode se infectar pelo contato com suas secreções, excrementos, ingestão de água e alimentos contaminados ou, a forma mais comum, por inalação, devido à presença de partículas no ar contaminadas com microrganismos. Os mais frequentes são vírus, bactérias ou fungos, que, em humanos, causam diarreia, febre, calafrios, dor abdominal ou nos músculos.
Muitos casos de humanos que contraem essas zoonoses por meio do contato com pássaros transcorrem de forma leve. Porém, em se tratando do vírus da influenza aviária, H5N1, segundo a OMS, 457 dos 868 casos de infecção em humanos conhecidos mundialmente de janeiro de 2003 a novembro de 2022 terminaram em morte.
Não queira capivara em casa
Com milhares de seguidores no TikTok, um criador de conteúdo do Amazonas conquistou a internet recentemente com um vídeo em que aparece em vários momentos de intimidade com seu "bichinho", uma capivara. O registro compartilhado conta com mais de 40 milhões de visualizações e diversos comentários de interessados em querer criar esse espécime em casa.
Não caia nessa. Capivaras são os maiores roedores do mundo e possuem dentes, igualmente grandes e que podem ser perigosos, principalmente quando assustadas ou em defesa.
Fora que por necessitarem de uma vida ao ar livre, em contato com água e mato, podem se tornar hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da doença febre maculosa brasileira.
Essa zoonose inicia-se com sintomas semelhantes aos de outras infecções, como febre, dor no corpo, dor de cabeça e desânimo e apresenta alta letalidade se não tratada precocemente.
Além da febre maculosa, as capivaras também podem ser acometidas por outras patologias: raiva, leptospirose, leishmaniose e tripanossomíase, enterobacterioses e doenças fúngicas.
Fontes: Cícero Matsuyama, otorrinolaringologista do Hospital Cema, em São Paulo; Júlio Pereira, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião; Lauro Ferreira, infectologista da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor na EMESCAM (Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória); e Vânia Maria Ribeiro, médica veterinária e professora da UFAC (Universidade Federal do Acre).
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