Etiqueta na consulta: como se portar ao acompanhar um idoso ao médico
A população brasileira está envelhecendo. Em dez anos, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população, e a parcela com mais de 65 anos é de 10%, conforme levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado em 2022.
Em números absolutos, os idosos somam 31,23 milhões de pessoas no país. Ações para melhorar as condições da saúde deles são urgentes, com abordagens capazes de proporcionar qualidade e melhoria do atendimento, assim como orienta a OMS nas diretrizes do envelhecimento saudável.
Não infantilizá-los —tratar de igual para igual, com carinho e respeito, sem trazer vocabulário diminutivo, tanto pelos profissionais da saúde quanto pelos familiares—, manter a autonomia preservada e respeitá-los são requisitos a serem sempre observados, principalmente, ao começar a acompanhá-los às consultas médicas.
Além disso:
- Respeitar a história de vida.
- Incentivar, reconhecer a independência e a capacidade de cuidar de si mesmo.
- Valorizar a liberdade de tomar decisões e fazer escolhas.
- Cuidar da autoestima e da dignidade.
- Não expor a vida dele a outras pessoas sem o seu consentimento.
É recomendável que sejam acompanhados por familiares quando apresentarem dificuldades de locomoção ou de se comunicar com os médicos ou outros profissionais de saúde, como confusão ao lembrar informações, de acordo com Sergio Alessandro Santos Alves, geriatra da UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Comercial, unidade gerenciada pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim).
A ideia de que são mais frágeis não é verdade. São mais experientes e já passaram por uma vida de perdas, de situações difíceis e complexas e, habitualmente, têm mais instrumentos para lidarem com as situações adversas até que os próprios filhos. Tudo deve ser discutido em aberto para participarem, inclusive das decisões. Charlys Barbosa Nogueira, geriatra e presidente da SBGG-CE (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - Secção Ceará)
Confira as recomendações dos especialistas consultados:
- Inteirar-se da rotina
O convívio é crucial para conhecer o dia a dia deles. Saber da rotina serve para conferir se a medicação está sendo tomada seguindo as orientações e outros sintomas que podem ser levados à consulta.
Quando há familiares que vivem longe, é indicado ter uma figura —filhos, sobrinhos, parentes próximos, amigos, se não forem viúvos, o marido ou a esposa, dependendo da situação— para relatar informações da rotina.
- Observar o que está diferente
- Dificuldades em realizar atividades diárias.
- Dúvidas ao resolver problemas.
- Comprometimento motor.
- Segurança no caminhar, avaliar risco de queda e presença de tapetes e degraus nos quais possam tropeçar.
- Esquecimentos ou episódios de desorientação no tempo e no espaço.
- Alterações de humor, sinais de tristeza, isolamento e pouca interação.
- Antes da consulta
- Separar documentos e exames mais recentes;
- Levar a lista de medicações em uso.
- Durante a consulta
É salutar que filhos, esposas ou maridos estejam presentes nas visitas aos médicos, demonstra afeto e companhia. O geriatra e presidente da SBGG-CE esclarece que, de maneira geral, fica-se feliz pelo interesse.
Entretanto, é preciso ter claro que o foco é o paciente. Quem responde primeiro é sempre ele —até mesmo em quadros demenciais. Em segundo lugar, o familiar ou o acompanhante. "Quando ocorre a inversão, o idoso se incomoda com razão", alerta Nogueira. Deve-se respeitar a individualidade e o espaço deles na consulta.
O que perguntar?
Para se inteirar das condições de saúde, o ideal é que o acompanhante faça algumas perguntas ao médico, tais como:
- Quais são as medicações em uso?
- As medicações têm algum tipo de interação ou efeitos colaterais?
- Tem alguma dieta a ser seguida ou restrição alimentar?
- Ele pode praticar algum tipo de atividade física?
- Qual a melhor forma de garantir sua segurança?
- Ele precisa de ajuda diária?
- Com qual frequência deve voltar em consulta ou realizar exames de rotina?
"De preferência, leve as questões anotadas e seja claro e direto ao perguntar. Não saia com dúvidas e, se necessário, pergunte de novo ou entre em contato com o médico", orienta
É necessário conversar separadamente?
Se o idoso tem capacidade cognitiva adequada e pode se comunicar com o médico, não há necessidade. No caso de doença mental, sintomas comportamentais, sexualidade, agressividade física ou verbal, pode ser apropriado discutir esses assuntos em particular.
Em prognósticos de enfermidades graves, como câncer, é importante lembrar que o personagem principal é o paciente e ele precisa estar ciente das condições de sua saúde para que possa tomar decisões acertadas.
"Não revelar que o paciente tem uma neoplasia, por exemplo, traz um questionamento ético delicado", enfatiza o geriatra da SBGG-CE.
Como ajudá-los na adesão ao tratamento?
- O tratamento depende de seguir à risca as instruções médicas, bem como tomar os medicamentos prescritos de acordo com as necessidades e condições de saúde.
- Explicar as consequências da interrupção dos remédios e, também, possíveis efeitos colaterais e reações adversas para recorrer ao médico.
- Os familiares podem colaborar no entendimento e auxiliar na organização, com a elaboração de planilhas, colocação de lembretes coloridos em papéis pela casa e escolhendo locais de fácil visualização.
- Fazer ligações periódicas para saber se há dúvidas em relação aos horários e dosagens e como estão se sentindo.
- Programar lembretes nos assistentes pessoais é uma estratégia para que não haja esquecimentos.
- A má resposta é resultado, em geral, de falhas na administração dos fármacos, por isso, deve-se monitorar.
- Não incentivar tomar medicamentos não prescritos ou indicados por amigos e vizinhos.
Segundo os especialistas, há uma porcentagem significativa de internações que ocorrem por efeitos colaterais de remédios que o paciente toma por conta própria.
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