'Convulsionei na esteira', diz atriz sobre diagnóstico de epilepsia
A atriz e empresária Júlia Almeida, fundadora da marca Florita Beachwear, foi diagnosticada com epilepsia após convulsionar enquanto fazia esteira.
"Acordei no hospital, mas não recebi o diagnóstico imediatamente. O neurologista analisou meu histórico e viu que, como tive três meningites, podia ser um caso de epilepsia", disse Júlia.
A crise convulsiva aconteceu em 2008, quando ela uniu a correria do trabalho a poucos cuidados com o bem-estar. "Estava comendo mal, fazendo muitos exercícios, não dormia bem e não tinha rotina, porque meu trabalho exigia isso de mim", conta. Para controlar a doença, ela precisou mudar completamente o estilo de vida.
"Tenho muita energia. Não espero, faço. Mas precisei mudar. Um dos fatores mais importantes para a epilepsia é o equilíbrio", disse. Seu medo era que a doença, se estivesse fora de controle, a incapacitasse. "Me perguntavam se eu tinha medo de olhar nos outros e ver o estigma, o julgamento, mas não. O preconceito nunca passou pela minha cabeça. Meu medo era não conseguir produzir, trabalhar, morar sozinha e cuidar de mim", explica Júlia.
Ela teve dificuldade para aceitar o diagnóstico. "Acho que passei por todos os estágios do luto", conta. Hoje em dia, além de viver bem com a doença, Julia já fez eventos para ajudar a disseminar mais informações sobre a epilepsia.
O que é a epilepsia?
- 2% da população brasileira têm o problema, de acordo com o Ministério da Saúde.
- A doença é como se fosse um curto-circuito do cérebro.
- Esse "curto" é a crise epiléptica, que pode ser convulsiva ou não.
- Para o diagnóstico correto, o especialista pede, além da descrição do ocorrido, exames de ressonância magnética e eletroencefalograma.
Sintomas
As crises epilépticas podem se manifestar de diferentes maneiras:
- Crise convulsiva: é chamada popularmente de "ataque epiléptico". A pessoa pode cair ao chão, apresentar contrações musculares, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar.
- Crise do tipo "ausência": a pessoa fica com o olhar fixo, perde contato com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração, muitas vezes não é percebida.
- Crise parcial complexa: é como se a pessoas estivesse "alerta" mas não tem controle de seus atos, fazendo movimentos automaticamente. Durante esses movimentos automáticos involuntários, a pessoa pode ficar mastigando, falando de modo incompreensível ou andando sem direção definida. Em geral, a pessoa não se recorda do que aconteceu quando a crise termina.
- Existem outros tipos de crises que podem provocar quedas ao solo sem nenhum movimento ou contrações ou, então, ter percepções visuais ou auditivas estranhas ou, ainda, alterações transitórias da memória.
Quais os riscos da epilepsia?
- O maior problema é no momento da crise convulsiva, quando é colocada em risco a vida da pessoa diagnosticado e outros ao seu redor. Crises quando se está nadando, dirigindo ou pilotando algum avião, por exemplo, são perigosas.
- Em teoria, o cérebro não é prejudicado após essas crises, a não ser nas prolongadas, chamadas de estado mal epiléptico, que duram mais de cinco minutos. Nelas, o cérebro tem risco de morte ou de perda de função. Nesses casos, há sequelas no QI, memória ou movimento, mas ocorre na minoria das vezes.
Tratamento costuma ser para o resto da vida
- O foco das crises epilépticas é como se fossem fios desencapados. O remédio, então, é a fita isolante. Ele estabiliza a condução elétrica do cérebro e não vai deixar que o curto ocorra. Os medicamentos trabalham a condução elétrica na bainha de mielina dos neurônios.
- O mais comum que a pessoa com epilepsia tome o remédio pelo resto da vida. Mas existem exceções. Se a pessoa segue o tratamento por três ou cinco anos e não teve mais nenhuma crise, o médico pode tirar o medicamento.
*Com informações da reportagem publicada em 06/02/2020.
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