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O que pode explicar emagrecimento exagerado de mulher que fez bariátrica?

Tracey Hutchinson ficou assustada com a rápida e radical perda de peso - Arquivo Pessoal/ Tracey Hutchinson
Tracey Hutchinson ficou assustada com a rápida e radical perda de peso Imagem: Arquivo Pessoal/ Tracey Hutchinson

Do VivaBem

01/04/2023 16h32

Nesta semana, a história da inglesa Tracey Hutchinson, 52, que não consegue parar de perder peso, chamou a atenção. Depois de ter seu pedido de realização de cirurgia bariátrica negado pelo sistema de saúde inglês, ela fez o procedimento na Turquia, onde é mais barato, no início de 2022. O problema é que desde então ela não para de emagrecer.

Tracey pesava 101 kg antes da cirurgia, atingiu 66 kg, o peso que desejava, em junho de 2022, e agora se descreve como uma pessoa de "pele e ossos", com apenas 41 kg.

O que pode explicar perda exagerada de peso?

De acordo com Jacqueline Rizzolli, endocrinologista e membro da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o tipo de procedimento feito pela inglesa deve estar causando uma desnutrição grave.

A médica diz que a maioria das bariátricas feitas hoje são:

  • Bypass gástrico: reduz estômago e faz um desvio intestinal (redução da área de absorção).
  • Gastroplastia vertical (sleeve): mexe só no estomago, que é transformado em um tubo que permite a passagem do alimento com um pequeno reservatório para a comida.

Mas existem outras técnicas que deixam o intestino mais curto, com menos absorção. "Quanto maior o desvio da passagem de alimento pelo intestino, maior a dificuldade de absorção de nutrientes", diz Rizzolli.

Segundo ela, na grande maioria das vezes, a cirurgia não faz a pessoa nem chegar no peso considerado "normal", só a 60 a 70% do que ela tinha. "Se ela tinha obesidade grau 3, por exemplo, após a bariátrica ela ficaria com uma obesidade leve ou sobrepeso. No caso dessa mulher, o que parece é que ela fez um procedimento que causou prejuízo maior e que a está desnutrindo gravemente."

O que pode ser feito?

A endocrinologista diz que o indicado, nesse caso, seria retornar à equipe que fez o procedimento ou, se não for possível, conversar com médicos especializados em bariátricas para saber que tipo de procedimento foi feito. Isso pode ser analisado por meio de uma endoscopia e/ou raio-x com contraste.

Também deve ser analisada a parte nutricional, para saber o grau de desnutrição e realização, se necessário, de suplementação. "E talvez teria que desfazer uma parte ou toda a cirurgia, para desfazer o desvio intestinal."

Rizzolli salienta que complicações do tipo são muito raras e que a comercialização do procedimento, como parece estar sendo feito na Turquia, em que o paciente vem de outro pais e não segue acompanhamento com colegas que fizeram cirurgia, é muito perigoso.

"Observamos um aumento no número de pacientes que tiveram complicações de cirurgias no exterior. Recomendamos fortemente que qualquer pessoa que esteja pensando em viajar para cuidados privados pesquise suas opções cuidadosamente e entenda os riscos", comentou Neil Jennings, diretor clínico de cirurgia do NHS Foundation Trust, unidade de saúde onde a empresária aguardava pela bariátrica na Inglaterra.

Rizzoli lembra que um dos pilares para a realização da bariátrica é o atendimento multidisciplinar, com cardiologista, endocrinologista, nutricionista e psicólogo, justamente para acompanhar o paciente e as possíveis demandas pós-cirurgia.