Rinite alérgica a pelos de animais? O que fazer para aliviar os sintomas

Espirros, coriza, coceira e obstrução nasal são sintomas comuns para quem sofre de rinite alérgica. As crises acontecem quando a pessoa entra em contato com alérgenos —substâncias que causam irritação, que variam a depender do gatilho de cada um— fazendo o sistema imunológico reagir excessivamente e causar as reações incômodas, além de criar anticorpos que fazem o ciclo se repetir a cada novo contato.

"No Brasil, o maior gatilho para as alergias respiratórias é o ácaro da poeira doméstica, seguido por pelos de animais", diz Gustavo Graudenz, alergologista e professor do curso de medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro), em SP.

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Segundo o médico, os sintomas podem ser tratados com medicamentos, ou, em alguns casos, somem naturalmente.

Por que os pelos de animais podem causar crises alérgicas?

Para alguns pacientes esses gatilhos são justamente os alérgenos presentes nos pelos de animais.

"Eles ativam o sistema imunológico do nariz, liberando uma série de substâncias que causam inflamação, entre elas a histamina [neurotransmissor que inicia a resposta imunológica à alergia]", explica Janaira Fernandes, alergologista pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin em Fortaleza.

A médica explica que o alérgeno mais comum carregado pelos pets é o ácaro, mas há proteínas na saliva, pele e até na urina desses animais que podem desencadear as crises de rinite.

"O animal, ao viver dentro do ambiente domiciliar, faz circular essas proteínas, além de que os tutores costumam manter um contato mais íntimo e frequente com o bicho. Muitas vezes não é a proteína do animal: a maior chance de sensibilização é pelo contato com os ácaros, seres que se alimentam de restos de pele tanto dos animais como dos humanos, presentes na pele e nos pelos."

Bárbara Gonçalves da Silva, consultora médica em alergia do Fleury Medicina e Saúde, explica que embora os animais de estimação mais frequentes sejam o gato e o cachorro, outros bichos também estão associados à sensibilização alergênica, como hamster, coelho e furão doméstico.

"É importante saber que os alérgenos desses animais estão presentes em maior quantidade em casa, mas também podem ser encontrados em outros locais, como creches, escolas e transporte público, provavelmente levados nas roupas de quem tem animais de estimação em casa."

O alergologista Gustavo Graudenz descreve que, no caso dos gatos, a principal causadora de alergia é o Fel d 1, proteína alergênica encontrada na saliva, urina e glândulas sebáceas de gatos, que é espalhada e aderida ao pelo do animal pelo hábito de se lamber.

O que fazer em caso de crises desencadeadas por pelos de animais

"Quem é alérgico não precisa ser privado do convívio com os animais. Se a alergia for intensa e estiver impactando a qualidade de vida, o contato deve ser minimizado, não sem antes buscar ajuda de um especialista, como o médico alergista", orienta Bárbara Gonçalves da Silva.

Soluções medicamentosas

As crises devem ser tratadas de acordo com a recomendação do alergista, como os antialérgicos (anti-histamínicos), mas que devem sempre ser prescritos por um profissional.

"Não faça automedicação, principalmente quanto ao uso dos descongestionantes (como as gotas nasais), que com o uso crônico podem desenvolver dependência dessa medicação", alerta Silva, consultora do Fleury.

Em casos mais específicos, pode-se fazer um tratamento com vacinas hipossensibilizantes para diminuir as reações. O tratamento, considerado auxiliar, geralmente é a longo prazo (cerca de dois anos) para educar o sistema imunológico a tolerar essas substâncias.

Mudanças no ambiente caseiro

São recomendadas medidas como manter o quarto da pessoa alérgica fechado, proibindo a entrada do animal, escovar regularmente os pets (fora de casa e não pela pessoa que tem alergia) e remover carpetes.

"Sabemos que os pacientes possuem um vínculo afetivo muito grande e essa remoção se torna impossível. Dessa forma, a limpeza da casa e remover o alérgeno logo após o contato direto com o animal [tomando banho e trocando as roupas, por exemplo]", sugere Fernandes.

Cuidados com os animais

Dar banhos frequentes nos animais (semanais ou quinzenais) e higienizar os seus itens de uso também auxiliam a evitar crises.

No caso dos gatos, o professor da Unisa explica que é difícil somente com a limpeza diminuir a quantidade de Feld 1 na casa para os pacientes sensibilizados.

"Produtos de limpeza para o banho do gato têm sido utilizados para diminuir a capacidade de desencadear alergia com resultados variáveis. Recentemente, foi desenvolvida uma ração para gatos suplementada com anticorpos neutralizantes anti-Fel d 1 extraídos da gema do ovo de galinhas. A oferta dessa ração após 10 semanas diminuiu a disseminação de alérgenos dos gatos em 50%, trazendo novas perspectivas para o convívio com esses animais", acrescenta.