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Menina de 3 anos contrai bactéria após mordida de iguana

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Imagem: iStock

Do VivaBem

08/04/2023 16h53

Uma menina de 3 anos foi infectada pela bactéria Mycobacterium marinum de uma forma incomum: após a mordida de uma iguana. O caso ocorreu quando a criança estava de férias na Costa Rica e será apresentado neste mês no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas pelos médicos que cuidaram dela.

Segundo o relato, a menina estava na praia, sentada e comendo bolo, quando uma iguana apareceu de repente, mordeu a mão dela e pegou o alimento. Imediatamente, a criança foi levada a uma clínica local, onde identificaram um único ferimento superficial no dorso da mão.

Após a desinfecção, a menina recebeu antibióticos de amoxicilina por cinco dias para evitar possível exposição a salmonela —comum após mordidas de répteis. Com o tempo, a ferida cicatrizou sem problemas.

Porém, cinco meses depois, os pais da criança notaram uma pequena protuberância na região da mordida, que foi aumentando gradativamente. A pele ficou vermelha e levemente dolorida nos três meses seguintes.

Então, a criança foi levada ao hospital infantil de Stanford, onde um ultrassom revelou uma massa consistente com um cisto ganglionar (nódulo com líquido). No entanto, a localização e os sintomas não eram compatíveis com o diagnóstico.

O cirurgião ortopedista que removeu a massa com espessas paredes de dois centímetros detectou uma liberação de pus na ferida, o que indicava uma infecção.

O exame histológico revelou uma extensa morte do tecido e inflamação granulomatosa necrotizante (área de inflamação onde o tecido morreu) e exames de cultura confirmaram um crescimento puro de M. marinum.

Como essa bactéria é resistente a antibióticos, incluindo amoxicilina, o tratamento inicial não fez efeito, então ela começou a tomar rifampicina e claritromicina, respondendo bem aos medicamentos. Os especialistas acreditam que esse é o primeiro caso de infecção pela M. marinum em decorrência de mordida de iguana.

Entenda a bactéria

A Mycobacterium marinum é uma micobactéria não tuberculosa, ou seja, não causa a tuberculose, mas provoca uma doença semelhante à tuberculose em peixes. Em humanos, é conhecida por causar infecção quando há feridas na pele expostas a água doce ou salgada contaminada.

A causa microbiológica de feridas infectadas por mordidas de iguana é pouco conhecida justamente por haver poucos casos relatados. Nestes casos, Serratia marcescens e Staphylococcus aureus são mais frequentemente associadas.

Salmonella entérica também é possível, uma vez que de 75% a 90% dos répteis selvagens e cativos (incluindo cobras, tartarugas e iguanas) são colonizados por essas bactérias.

Vários estudos relataram que os répteis domésticos abrigam micobactérias não tuberculosas devido a sua abundância em água doce e salgada.

"M. marinum prefere temperaturas mais baixas para crescimento ideal e é muito provável que o sangue frio das iguanas, com temperaturas corporais variando de 22ºC a 27°C, faça com que esses micróbios se tornem reservatórios", explica o autor do relatório, Jordan Mah, da Escola de Medicina da Universidade de Stanford

"A mordida resultou na colonização de uma bactéria raramente encontrada em humanos e demonstra que as iguanas podem ser portadoras de bactérias capazes de produzir infecções graves. Isto pode ajudar a informar os profissionais de saúde sobre infecções bacterianas menos conhecidas após exposições zoonóticas incomuns", acrescentou o especialista.