Engasgo, desmaio: o que fazer em caso de acidentes, se você mora sozinho

Morar sozinho pode ser uma grande fonte de alegrias, afinal é um sinal de independência e traz pequenos prazeres, como poder escolher tudo que diz respeito à casa e à rotina sem nenhuma interferência.

No entanto, a situação também tem seus lados negativos, como a solidão, o medo e o receio de que ninguém estará por perto caso aconteça algum imprevisto mais sério.

Relacionadas

Covid-19, HIV e gravidez: o que é possível detectar em casa?

'Não via motivo para colocar roupa dentro de casa': ficar pelado faz bem?

Com preguiça de cozinhar? Veja como se alimentar bem mesmo morando sozinho

Acidentes domésticos são comuns, e quem está sozinho precisa saber lidar com eles por conta própria. "Quem mora sozinho está em desvantagem neste ponto, já que terá recursos limitados na hora de sanar um acidente ou mesmo pedir ajuda", aponta o capitão André Elias, porta-voz do Corpo de Bombeiros de São Paulo.

Pessoas que moram sozinhas, especialmente as mais idosas, devem ter uma rotina com horários estabelecidos para fazer contato com parentes, para que sua falta seja sentida logo, caso este contato não seja feito.

Se você não conseguir contato com um familiar que mora sozinho, ligue para 193 para que o Corpo de Bombeiros ou algum outro órgão público faça uma verificação. Não existe um prazo pré-determinado: se a pessoa não está respondendo, essa ligação já pode ser feita. capitão André Elias, porta-voz do Corpo de Bombeiros de São Paulo

O que fazer em caso de acidente?

Os acidentes domésticos mais comuns são queimaduras, engasgos, intoxicação/envenenamento, quedas e desmaios. Em todos os casos, assim que possível, peça ajuda ligando 193 ou a um vizinho ou pessoa que estiver próxima.

• Em caso de queda

Se conseguir, apoie-se sobre mãos e pés, como um gato, e engatinhe até a o móvel que estiver mais próximo. Coloque as mãos sobre ele e ponha um dos pés à frente, levantando-se quando se sentir firme. Caso perceba alguma lesão importante em membros superiores ou inferiores, não tente colocá-lo em posição anatômica, em vez disso, proteja o membro e peça ajuda.

Se não conseguir se levantar, tente pedir ajuda: a colocação de uma campainha em local de fácil acesso ou até mesmo junto ao corpo (existem campainhas portáteis que funcionam com pilha), ou de um telefone, juntamente com os números de emergência, é uma medida importante para quem mora sozinho.

• Em caso de cortes

Com um tecido limpo, pressione o ferimento para interromper o fluxo de sangue, apertando contra o osso. Não tente retirar objetos ou fragmentos ósseos nem tente colocar nada de volta no lugar. Caso tenha condições, procure um serviço médico, caso contrário, peça ajuda.

• Em caso de queimaduras

Se houver, remova vestes em chamas (mas sem retirar tecidos que estiverem aderidos à pele) e lave a região atingida com bastante água em temperatura ambiente. Deite e eleve as pernas enquanto espera a ajuda. Não aplique nada sobre a superfície atingida (como creme dental, borra de café ou clara de ovo), para não dificultar o tratamento, e não fure as bolhas —elas são uma proteção contra infecções.

• Em caso de fraturas

Movimente-se o mínimo possível. Se tiver treinamento, imobilize o membro com talas ou apoios adequados, como tábuas, papelão, revistas ou travesseiros. Jamais tente colocar o osso de volta no lugar. Se houver exposição de ossos, proteja o ferimento com gaze ou tecido limpo. Caso haja fragmentos ósseos fora do corpo não recoloque.

• Em caso de engasgo

O engasgo é a obstrução das vias aéreas superiores por objetos estranhos que dificultam ou impossibilitam a respiração corretamente. São comumente causados por pedaços de alimentos, vômitos, pequenos objetos e até mesmo dentes quebrados.

Este é um dos eventos mais graves, pois o indivíduo não conseguirá pedir por ajuda. Ligue imediatamente para 193 ou acione a campainha de urgência. Enquanto aguarda ajuda, tente tossir cinco vezes e manter a calma.

Como se desengasgar sozinho:

1. Coloque o seu punho acima do umbigo e segure com a outra mão;
2. Jogue o corpo sobre as costas de uma cadeira ou uma bancada, apertando o seu punho em direção a si mesmo com um impulso para cima;
3. Se não conseguir, faça o movimento sem o uso das mãos, diretamente na cadeira ou balcão.

• Em caso de desmaio

O desmaio é a perda súbita dos sentidos, resultante da diminuição do fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro. Ele pode ser causado pela queda da pressão arterial, por excesso de calor, fadiga ou jejum prolongado, entre outras razões.

Ao ter a sensação de que vai desmaiar e apresentar sintomas como tonturas, fraqueza ou visão embaçada, a pessoa deve se deitar no chão, colocando as pernas em um nível mais elevado em relação ao corpo.

Além disso, para evitar o desmaio, deve-se beber muitos líquidos ao longo do dia, comer de três em três horas, evitar a exposição prolongada ao calor, e levantar-se da cama devagar, sentando primeiro para depois levantar.

Como se manter bem preparado para o caso de acidentes?

Tenha contatos de emergência sempre atualizados e com fácil acesso. De preferência, pessoas que saibam onde você mora, se toma algum remédio ou tem alguma condição específica de saúde.

Ofereça uma cópia de sua chave a um vizinho ou outro contato de confiança.

Mantenha uma campainha sempre por perto para acionar em caso de emergência (avise seus vizinhos sobre esse dispositivo).

Mantenha um kit de primeiros socorros em casa, e aprenda a usá-lo (a Cruz Vermelha oferece cursos de primeiros socorros).

Como diminuir o risco de acidentes para idosos que moram sozinhos

Manter dieta saudável e praticar exercícios físicos com regularidade para manter a boa forma física.

Ter cuidado ao tomar medicações. Caixinhas organizadoras que separam as doses da semana por dia podem ajudar a evitar repetições acidentais.

Evitar consumir bebida alcoólica.

Usar sapatos bem ajustados com solas antiderrapantes. Os sapatos devem ter saltos largos, calcanhares reforçados e presilhas, de modo a evitar que os pés se movimentem dentro deles. Evitar usar chinelos.

Não usar camisolas ou roupões compridos.

Dispor os móveis da casa de maneira a deixar espaço para poder circular sem encontrar obstáculos. Evitar deixar gavetas abertas.

Não andar sobre pisos escorregadios (molhados ou encerados).

Evitar o uso de tapetes. Caso sejam utilizados, devem cobrir todo o chão, de uma parede à outra.

A mobília não deve ter rodas e a cama e as cadeiras não devem ser muito baixas ou altas.

Colocar barras de apoio na banheira, no chuveiro e ao lado do vaso sanitário.

Utilizar tapetes de borracha antiderrapantes no chuveiro e na banheira.

Iluminar adequadamente toda a casa.

As escadas devem ter corrimãos e degraus antiderrapantes.

Manter todos os utensílios elétricos em boas condições de funcionamento e a salvo de respingos de água. Nunca utilizar quando estiver com as mãos e pés molhados.

As áreas de circulação externa devem estar desimpedidas, sem buracos, fendas ou outras irregularidades.

Usar bengala e óculos quando houver recomendação médica.

Fontes: Geane Chaves, enfermeira no Hospital das Clínicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Michele Pereira de Souza Brito, coordenadora de cursos regulares da Cruz Vermelha de São Paulo; André Elias, capitão e porta-voz do Corpo de Bombeiros de São Paulo.