Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


'Não conseguia mamar': Rafa Brites lembra internação do filho devido ao VSR

Felipe Andreoli e Rafa Brites com os filhos Rocco e Leon (no colo) - Reprodução/Instagram
Felipe Andreoli e Rafa Brites com os filhos Rocco e Leon (no colo) Imagem: Reprodução/Instagram

Danielle Sanches

Colaboração para VivaBem

11/04/2023 04h00

A falta de ar durante a amamentação alarmou a apresentadora Rafa Brites, 36, quando seu primeiro filho, Rocco, tinha apenas um mês de vida. "Eu amamentava no peito e ele não conseguia mamar, soltava logo o peito. Percebi que ele estava ficando sem ar", relembrou ela, em entrevista a VivaBem.

No hospital, Rocco realizou um exame chamado painel viral, que testa para diversos agentes causadores de infecções respiratórias como influenza, da gripe, e o VSR, o vírus sincicial respiratório.

Ele é um dos principais causadores da bronquiolite (infecção dos brônquios, pequenos tubos respiratórios dos pulmões) e pneumonia, especialmente em recém-nascidos e bebês prematuros.

A preocupação com o VSR é grande, já que ele pode ser fatal nesses grupos. O último boletim InfoGripe da Fiocruz trouxe dados mostrando um aumento expressivo no número de novas internações de crianças pelo VSR —que tem sua "alta temporada" principalmente agora, nos meses de outono e inverno.

No total, 15 estados apresentaram aumento nos casos de infecção respiratória provocada pelo VSR. "O risco maior é sempre com os prematuros, que já têm os pulmões mais sensíveis", afirma o pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

Os dados indicam que houve um aumento de 25% nos casos de infecções pelo VSR em crianças de 0 a 4 anos de 2021 para 2022. Já em 2023, até agora, foram notificados mais de 3.000 casos —um aumento de 7,2% em relação ao ano anterior.

Há anos em que o vírus se torna mais virulento, isso é esperado. A pandemia, no entanto, certamente mexeu com o equilíbrio que havia e desorganizou as temporadas desses e de outros vírus respiratórios. Renato Kfouri

"Vamos torcer para não ser VSR'

No hospital, a médica disse para Rafa "torcer" para não ser o VSR. "E, quando saiu o resultado, lá estava o positivo", lembra.

"Na hora, fiquei bem preocupada. Foram os piores momentos da minha vida, chorava, não queria comer, tomar banho, nada. Foi muito difícil porque, além de ver ele ali, internado, eu estava no auge do meu puerpério, sensível ainda com a amamentação, com a mudança, estava muito mexida com tudo", conta Brites.

O vírus sincicial respiratório é um patógeno já conhecido e que, em adultos e crianças saudáveis (e mais velhas), causa apenas sintomas comuns de resfriado. "O problema são os os extremos de idade [bebês e idosos] grupos que são os mais vulneráveis ao vírus", explica Kfouri.

O VSR é transmitido ao entrar em contato com as secreções do nariz ou da boca —que se espalham no ambiente por meio de tosses e espirros.

No começo, os sintomas da infecção são comuns: coriza, tosse leve e, em alguns casos, febre. No entanto, quando o quadro se agrava, ele evolui para tosses mais fortes.

Mas o principal sinal de alerta é a dificuldade para respirar, alerta Kfouri. Nesse caso, a criança fica cansada rapidamente e pode ter dificuldade para mamar por não conseguir respirar corretamente. "É importante buscar ajuda médica rápida nesses casos", diz o médico.

Internação pode ser necessária

vsr - Freepik - Freepik
Imagem: Freepik

Quando o quadro provocado pela infecção do VSR se agrava, é necessário buscar ajuda médica imediata para que a criança seja avaliada e, se necessário, ser internada para ter suporte de oxigênio e conseguir respirar corretamente.

Foi o que aconteceu com o filho de Brites, que precisou ficar nove dias na UTI neonatal por ser muito pequeno. "Ele não ficou intubado. Deixaram a gente numa ala separada, já que essa UTI tem outros bebês sensíveis, como os prematuros, e esse vírus é muito contagioso", conta.

O principal tratamento nesse período, além das medicações, eram as sessões de fisioterapia pulmonar e as massagens para "soltar" o catarro dos pulmões —que era aspirado depois por uma enfermeira.

A apresentadora lembra com carinho da equipe médica, que cuidou não apenas de Rocco como também dela, de certa forma. "O apoio psicológico dos médicos e das enfermeiras foi fundamental para o nosso bem-estar", diz ela, que dividia as noites no hospital com o marido, o também apresentador Felipe Andreoli.

"Tivemos o privilégio de ficar com o Rocco no hospital, porque a maioria dos pais precisa deixar seus filhos na UTI e voltar para casa. Deve ser muito, muito difícil essa situação, tenho muito respeito pelos que passam por isso", conta.

Em casa, depois da alta, Rocco precisou de cuidados especiais como seguir com a fisioterapia pulmonar e com a limpeza do catarro, mas ele se recuperou bem. Brites, no entanto, admite que teria preservado mais Rocco se soubesse dos riscos de contrair o vírus.

"Hoje, eu faria diferente. Eu era a mãe que levava para todo lugar, deixava todo mundo pegar. Não. Os bebês são resistentes, a gente sabe, mas até que eles recebam as vacinas, o sistema imunológico deles é muito vulnerável. Protejam seus bebês", diz.

Vacina à vista

Atualmente, as farmacêuticas Pfizer, Moderna e GSK trabalham em uma vacina de mRNA contra o VSR. A Moderna já anunciou que seu imunizante teve 83,7% de eficácia em testes realizados com idosos acima dos 60 anos; já a Pfizer anunciou eficácia de 66,7% contra dois ou mais sintomas em ensaios avançados.

Por enquanto, o único tratamento disponível para casos de infecção grave causados pelo VSR é o uso do palivizumabe, uma imunoglobulina (espécie de anticorpo "pronto") que oferece uma imunização passiva e previne os quadros graves causados pelo vírus.

De acordo com o Ministério da Saúde, a aplicação do palivizumabe (que não é uma vacina, é bom deixar claro) é recomendada para os seguintes grupos:

  • Crianças menores de 1 ano e nascidas prematuras (com idade gestacional menor que 28 semanas);
  • Crianças menores de 2 anos com doença pulmonar crônica causada pela prematuridade, que tenham necessitado de tratamento nos 6 meses anteriores ao período da sazonalidade do vírus;
  • Crianças menores de 2 anos, com doença cardíaca congênita e comprovada repercussão hemodinâmica.

Já a SBIm (Sociedade Brasileira de Pediatria) recomenda que, além dos grupos já contemplados pelo Ministério da Saúde, os bebês prematuros nascidos entre 29 e 31 semanas e 6 dias de idade gestacional também recebam o medicamento.

Em 2022, um outro medicamento foi autorizado pela Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) para a prevenção de infecções causadas pelo VSR em recém-nascidos e bebês durante o primeiro ano de vida. Trata-se do anticorpo monoclonal (proteína produzida em laboratório para combater um patógeno específico) nirsevimabe, produzido em conjunto pelas farmacêuticas Sanofi e AstraZeneca.

Em estudos, o nirsevimabe apresentou eficácia próxima a 80% contra infecções do trato respiratório inferior (que englobam traqueia, brônquios e pulmões) em bebês prematuros saudáveis nascidos com 35 semanas ou mais. Ainda não há previsão de quando esse medicamento será autorizado para uso no Brasil.