Grávida pode tomar chá de camomila? Saiba se a bebida traz perigos
A gravidez é um período de muitas dúvidas —e quais hábitos alimentares manter ou evitar está entre elas. Os chás, por exemplo, apresentam diversos benefícios à saúde, mas há alguns que precisam ser evitados.
Afinal, grávidas podem beber chá de camomila? Quais chás estão liberados?
Conversamos com especialistas que responderam a esses e outros questionamentos.
Chá de camomila está liberado na gravidez?
Alguns profissionais da saúde orientam que as grávidas não bebam chá de camomila, pois acredita-se que as propriedades relaxantes da bebida possam induzir contrações uterinas, levando ao aborto espontâneo.
Por outro lado, não há estudos científicos que comprovem essa informação, o que faz com que ginecologistas, obstetras e nutricionistas sugiram que o chá seja consumido com cautela e bom senso.
É importante ainda saber a procedência da erva, se ela é natural ou se tem alguma mistura.
O que há no chá de camomila que poderia ser ruim para a gestação?
Apesar de ser uma bebida calmante, o chá de camomila contém em sua composição os terpenos, que, segundo parte dos especialistas, promovem relaxamento no músculo do útero, dificultando a fixação do embrião e estimulando partos prematuros.
Uma revisão de literatura de dois cientistas poloneses, publicada pela revista Pharmaceutics em 2022, discutiu a eficácia e a segurança de alimentos como cranberry, camomila, equinácea purpúrea, alho, gengibre, ginkgo biloba e hortelã-pimenta, quando usadas para neutralizar sintomas comuns durante a gravidez. Ou seja, infecções, náuseas, vômitos, tonturas e cefaleias.
A busca foi feita nas bases PubMed, Google Scholar e Embase, no período de um ano. De maneira geral, a camomila vem sendo utilizada como um relaxante digestivo e é relatada como uma das ervas mais utilizadas por mulheres grávidas na Itália.
Ainda assim, um estudo de 2010, feito com 392 italianas, identificou que 21,6% das que bebiam o chá de camomila durante a gestação apresentaram maior frequência de abortos espontâneos e partos prematuros em comparação com aquelas que não utilizavam.
Não existem indicações seguras quanto ao uso do chá de camomila para gestantes, seja sobre a quantidade de erva ou o período da gravidez.
Porém, há quem afirme que a camomila não interfere na saúde do bebê ou da mãe, e que, na verdade, chás prontos é que podem trazer misturas perigosas, com metais pesados, presença de agrotóxicos e remédios soníferos.
Posso tomar o chá de camomila ou não?
A grávida deve receber orientações do médico que acompanha a sua gestação. Isso porque a camomila, assim como outras ervas, pode reagir com medicamentos, como analgésicos, sedativos e antibióticos.
Há ainda o caso de gestantes alérgicas a flores, que podem ter reações de alergia à camomila, com manifestações de pele e até respiratórias. Por isso, é essencial estar alinhada ao profissional que sabe de todas as particularidades dessa gravidez.
Existem chás que devem ser evitados por grávidas?
O consumo de qualquer erva ou fitoterápico na gestação deve ser orientado pelo médico que acompanha a gestante, pois é natural que algumas plantas possuam substâncias tóxicas em sua composição. Para evitar riscos, então, é essencial o acompanhamento.
Alguns nutricionistas orientam evitar:
- chá-verde
- chá-preto
- chá de cidreira
- chá-mate
- chá de boldo
- chá de buchinha do norte
Quais alimentos devem ficar fora da dieta da gestante?
Os ultraprocessados como:
- sorvetes
- biscoitos
- opções ricas em glutamato monossódico
- nitrito e nitrato (como mortadela, presunto e calabresa)
- ricas em açúcares, gordura trans e cafeína
- bebidas alcoólicas e energético
Por outro lado, é muito importante um cardápio com variedade —considerando o bom-senso— assim como identificar a procedência dos alimentos (como no caso de mel e palmito, por exemplo). O açaí, apesar de ser uma ótima fonte de vitaminas e minerais, também precisa ser puro, pasteurizado e sem xaropes.
Peixes ricos em mercúrio como, tubarão, cavala, peixe-espada, arenque e cação, ovos com gema mole, maionese e queijos como o brie, feta, camembert e roquefort devem ser evitados.
Entre os condimentos, a pimenta não oferece risco para o desenvolvimento fetal, mas pode gerar desconfortos gastrointestinais, como azia, náuseas, vômitos e alterações no intestino. Enquanto a cúrcuma, a canela e o orégano precisam ser ingeridos com cautela.
Por fim, não consumir carnes e vísceras malpassadas, e higienizar legumes, verduras e frutas da forma correta.
Quais chás a grávidas podem incluir na rotina sem medo?
Chás de frutas, como laranja, maçã, maracujá, abacaxi, tangerina, maçã, limão e frutas vermelhas. O chá de gengibre também é uma excelente indicação, principalmente por ser aliado no combate a náuseas e desconfortos gastrointestinais.
Recomenda-se usar a casca, a polpa das frutas ou as frutas secas.
Fontes: Carolina Boettge Rosa, nutricionista e professora do curso de nutrição do Centro Universitário Cesuca (Rio Grande do Sul); Karen Rocha De Pauw, ginecologista e obstetra pela UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e especialista em reprodução humana pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Natalia Barros, especialista em fertilidade e gestação, fundadora da NB Clinic; e Patrícia Kelly, nutricionista funcional, especialista em endometriose e modulação intestinal, professora convidada na UFT (Universidade Federal do Tocantins) e autora do livro "Nutrição do Adulto: Diretrizes para a Assistência Laboratorial".
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