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Zolpidem: Fernando Zor diz que tomava 15 comprimidos por dia; veja riscos

Fernando Zor teve crise ansiedade após misturar o remédio com bebida alcoólica e ficou internado para começar a tratar a dependência - Reprodução/Instagram
Fernando Zor teve crise ansiedade após misturar o remédio com bebida alcoólica e ficou internado para começar a tratar a dependência Imagem: Reprodução/Instagram

Do VivaBem*, em São Paulo

15/04/2023 15h02

Fernando Zor, da dupla com Sorocaba, disse que tomava por dia até 15 comprimidos de zolpidem, remédio para induzir o sono. Em entrevista ao "É de Casa" (TV Globo), ele contou usar o medicamento para "amenizar as angústias" em uma época em que teve depressão.

Zor ficou internado por sete dias no início deste mês para começar a tratar a dependência química. Isso aconteceu após ele ter uma crise de ansiedade durante a conexão de um voo para Vancouver, quando ia visitar a filha que mora no Canadá. O sertanejo misturou o zolpidem com bebida alcoólica e não conseguiu seguir viagem. "Foi a pior experiência da minha vida", afirmou.

Faz um bom tempo que eu faço o uso do zolpidem para dormir. Teve uma época que eu entrei em depressão, tive muitas angústias e eu acabava tomando zolpidem para amenizar. Usava talvez uns 15 comprimidos por dia porque durante o dia, às vezes, eu estava angustiado e tomava o remédio para relaxar. Fernando Zor

Para que funciona e como age o zolpidem?

O zolpidem é um hipnótico não benzodiazepínico do grupo das imidazopiridinas: essas substâncias agem nos centros do sono que estão localizados no cérebro. É por isso que o medicamento pode ser indicado para pessoas com dificuldade para dormir.

A substância só pode ser comercializada sob prescrição médica.

Uma das principais características do zolpidem é a rápida ação. A substância começa a agir no organismo em cerca de 30 minutos.

Os objetivos do medicamento são: encurtar o tempo de a pessoa pegar no sono e reduzir o número de vezes que ela acorda durante a noite.

A duração do tratamento deve ser a menor possível: não deve ultrapassar 4 semanas, assim como todos os hipnóticos. A recomendação é que a causa primária da insônia seja identificada sempre que possível e seja tratada antes da prescrição de um hipnótico.

Quem não pode tomar o zolpidem?

  • Grávidas ou lactantes;
  • Crianças;
  • Pessoas com insuficiência respiratória severa e/ou aguda (dificuldade respiratória);
  • Pessoas com insuficiência do fígado severa;
  • Pessoas alérgicas a qualquer componente do medicamento.

Risco de alucinações e dependência

Fernando Zor toma o remédio há quatro anos e, há dois, passou a usá-lo com maior frequência e em doses maiores do que as prescritas por seus médicos.

Se não apagar a luz, ele dá um efeito alucinógeno. Se ficar no celular, então, aí que o sono vai embora. Você fica com vontade de falar com todo mundo, promete as coisas. Realmente deixa você com a sensação de que tudo está resolvido.

O cantor teve problemas de memória e de consciência pelo uso excessivo do zolpidem. Segundo Zor, quando está "gatilhado" por algum problema, "você acaba fazendo besteira" usando o remédio. "Vi que estava atrapalhando também os meus shows. Músicas que eu estava acostumado a cantar desde criança, de dar um apagão assim, de esquecer a letra e eu percebi que isso era por causa do zolpidem."

Isso é comum?

O perfil de tolerabilidade do remédio é considerado alto e as reações adversas graves geralmente são mais raras, segundo Gabriel Freitas, consultor do CFF (Conselho Federal de Farmácia) e professor de ciências farmacêuticas da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).

Mas existem alguns fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa sofrê-las:

Os efeitos colaterais do zolpidem são determinados pela dose do remédio. Ou seja: quanto maior ela for, maiores serão também as reações adversas.

Altas doses de zolpidem também estão associadas a um aumento no risco de dependência, especialmente entre pessoas que apresentam risco, histórico de abuso ou dependência de outras substâncias.

Idosos acima de 65 anos ou pacientes debilitados têm maior risco de desenvolver reações adversas. No primeiro grupo, por exemplo, a bula do remédio afirma que a dosagem não deve exceder 10 mg por dia.

Misturar zolpidem com bebidas alcoólicas ou com medicamentos contendo álcool contribui para efeitos indesejados. O álcool intensifica a ação sedativa e hipnótica, afetando a capacidade de vigilância e aumentando o risco de acidentes ao dirigir ou na operação de máquinas, por exemplo.

Segundo a bula do medicamento, outro fator de risco são as interações medicamentosas. O uso concomitante de zolpidem com antipsicóticos (neurolépticos), hipnóticos, ansiolíticos/sedativos, agentes antidepressivos, analgésicos narcóticos, drogas antiepiléticas, anestésicos e anti-histamínicos pode aumentar a sonolência e o comprometimento psicomotor.

Alerta

Sedativos e hipnóticos como o zolpidem podem causar perda da memória para fatos que aconteceram logo após o uso do medicamento (a chamada "amnésia anterógrada"). Pela bula, isso geralmente ocorre algumas horas após a administração. Por isso a recomendação é tomá-lo sempre imediatamente antes de deitar.

Se o medicamento causar sonambulismo ou outros comportamentos incomuns (como dormir enquanto dirige ou faz uma ligação, por exemplo), além de episódios de delírio —na manhã seguinte a pessoa não lembrar o que fez durante a noite—, é preciso interromper o tratamento e que o paciente procure o seu médico.

*Com informações de reportagem publicada em 12/08/22.