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Remédio para engordar: o que é bom tomar e o que não funciona mais?

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Imagem: iStock

Diana Cortez

Colaboração para VivaBem

18/04/2023 04h00

O baixo peso pode ser tão incômodo quanto o sobrepeso para algumas pessoas, podendo afetar inclusive a saúde mental do indivíduo. Com isso, muitos buscam remédios para engordar.

Assim como o excesso de gordura, ser muito magro não é apenas uma questão estética. O quadro pode revelar a sarcopenia, condição caracterizada pelo baixo percentual de massa magra, que está relacionada a um maior risco de morte, principalmente nos idosos, de acordo com estudos.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), de modo geral, uma pessoa com baixo peso é aquela que apresenta um índice de massa corpórea (IMC) inferior a 18,5 kg/m2. Mas, além desse parâmetro, os médicos endocrinologistas também usam dados da balança de bioimpedância e do exame de densitometria óssea para avaliar o percentual de massa magra e gorda do corpo.

Isso porque mesmo os pacientes mais esguios podem apresentar maior percentual de gordura corporal e pouco músculo, caso popularmente conhecido como "falso magro", e que pode causar ainda mais impactos para a saúde, como a resistência à insulina e o diabetes.

Diante de um paciente com queixa de baixo peso, o médico deve entender se o emagrecimento foi involuntário, brusco e recente ou se é uma condição crônica, para investigar a possível causa do problema.

Daí a importância de não se fazer a automedicação, já que o uso de remédios pode prejudicar a identificação do problema ou até gerar outro impacto na saúde.

Remédios para engordar e aumentar o peso

A genética influencia em cerca de 50% a 70% do peso de uma pessoa adulta e na capacidade limitada dela ganhar massa muscular ou ainda de apresentar um metabolismo mais acelerado, e aí está a resposta para algumas delas apresentarem baixo peso mesmo com uma alimentação adequada.

Para esses casos, em que não há uma doença secundária envolvida, podem ser prescritas medicações que agem no centro da fome com o objetivo de estimular o apetite, contribuindo para que o paciente ingira mais alimentos e, consequentemente, nutrientes e calorias.

É o caso do:

  • dicloridrato de buclizina (Profol® e Buclina®)
  • omeprazol (Eupept®, Omenax®, Mopralpro®, Gastrium®, Novoprazol®, Lozeprel®)
  • cloridrato de ciproeptadina (Petivit BC®, Apetivan BC®, Apevitin BC®), que também é vendido associado à cobamamida (Cobavital® e Cobapetit®), coenzima da vitamina B12 que possui ação capaz de aumentar a síntese proteica, levando ao aumento da massa corpórea

O ideal é o paciente receber orientação nutricional para consumir os nutrientes e as calorias necessárias para ganhar peso de maneira saudável, além de praticar exercícios de força (musculação) para estimular a síntese de proteína.

Alguns suplementos também podem ser aliados neste processo de ganho de massa muscular juntamente com a atividade física e a alimentação adequada para esse objetivo. É o caso da proteína do soro do leite, o whey protein (Integralmédica®, Vitafor®, Herbalife®, Nutrify®), e do aminoácido creatina (Max Titanium®, Probiótica®, Black Skull®), que já possuem evidência científica suficiente para esta finalidade.

O que não funciona para ajudar no ganho de peso

Suplementos de ferro (Biotônico Fontoura®) ou mesmo o óleo de fígado de bacalhau (Unilife®) em cápsulas e a levedura de cerveja (Stem®, Probene®), que historicamente foram comercializadas com o apelo de aumentar o apetite e o peso, não possuem estudos que confirmem esses resultados.

Dicas para o ganho de peso saudável

Aumente a frequência das refeições. O ideal é fracionar a alimentação entre cinco e seis refeições por dia, sempre priorizando o consumo de comida e a rotina da pessoa.

Consuma proteína em todas as refeições, inclusive nos lanches. Se for o caso, lance mão de suplementos como o whey protein para oferecer um aporte proteico maior.

Acrescente mais calorias na comida de um jeito saudável, por exemplo, colocando um fio de azeite, consumindo castanhas e amendoim, ou abacate, que são alimentos mais calóricos e que possuem gorduras boas.

Varie o preparo dos alimentos para não enjoar.

Não deixe de consumir carboidratos. Eles são necessários para o processo de construção dos músculos juntamente com a proteína.

Pratique exercícios resistidos (musculação). Ela é essencial para estimular a síntese proteica, que leva ao ganho de músculos (hipertrofia), além de ajudar a aumentar o apetite.

Inclua suplementos que ajudem na construção de massa muscular (whey protein e creatina) desde que esteja praticando exercícios de força. Caso contrário, será dinheiro jogado fora.

Durma melhor. Duas horas antes de dormir, procure se desligar de eletrônicos, pois ela atrapalha a produção de melatonina —hormônio que induz o sono. Também evite consumir cafeína após 16h e não deixe para fazer a última refeição do dia após as 20h.

Fontes: Marcelo Miranda, médico endocrinologista, pesquisador do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp; Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP, com especialização em tireoide, membro da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), European Society of Endocrinology (ESE), European Thyroid Association (ETA) e da Endocrine Society; Clayton Macedo, médico endocrinologista, presidente do Departamento de Endocrinologia do Esporte e Exercício da SBEM e coordenador do Núcleo de Endocrinologia do Exercício e coordenador do Ambulatório de Endocrinologia do Exercício, junto ao Serviço de Medicina do Esporte da Unifesp; e Najla Kfouri, nutricionista graduada pela Unicamp.