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'Minha filha teve a doença mão-pé-boca, as unhas caíram e sangrava'

A doença-mão-pé-boca é ocasionada por um vírus e muito comum em crianças nos meses de verão e primavera - GettyImages
A doença-mão-pé-boca é ocasionada por um vírus e muito comum em crianças nos meses de verão e primavera Imagem: GettyImages

De VivaBem, em São Paulo

19/04/2023 04h00Atualizada em 19/04/2023 15h02

A jornalista Ana Konichi, 40, estava de férias na praia quando a filha, Isa, 6, começou a ter febre e apresentar bolinhas vermelhas pelo corpo. Ao acionar o pediatra da criança, veio o diagnóstico: era mão-pé-boca, uma doença viral que dá especialmente em crianças, nos meses de calor.

Os sintomas desapareceram dias depois, mas, para a surpresa da família, as unhas de Isa começaram a cair. A virose é muito comum e contagiosa entre os menores de 5 anos, mas pacientes com queda de unha são casos mais raros.

A VivaBem, Ana contou como foi o processo de recuperação da filha.

"Estava de férias na casa dos meus pais, na Bahia, e um dia minha filha teve febre. Depois, de novo no dia seguinte. Pensei que pudesse ser cansaço, de ter ficado no sol.

Fiquei observando, para saber se tinha outros sintomas, mas nada. Quando fui dar banho nela, vi que a mão e o pé estavam cheios de bolinhas.

Ela começou a chorar de desespero, porque eram muitas pintinhas vermelhas. Naquele momento, ainda não coçava.

Falei com o pediatra à distância, mandei fotos, e ele disse para acompanhar, porque se tivesse coceira, deveria ser mão-pé-boca.

Aí veio a coceira intensa. Foram dois dias enrolando ela em uma toalha molhada para ajudar a aliviar o sintoma. Depois, as mesmas bolinhas apareceram em volta da boca.

'Unhas fracas'

Aos poucos, as pintinhas e a coceira foram sumindo. Como não fez ferida, não ficou cicatriz. Achei que tivesse acabado ali, mas depois de uns 20 dias as unhas dela começaram a ficar fracas e lascar. Metade da unha descolava da mão dela.

Ela não reclamava de dor, mas eu via que as unhas descolavam sozinha. Começaram a enroscar em algumas coisas e decidi colocar curativos em volta dos dedos para não incomodá-la.

Foram quase dois meses assim — e em quase todos os dedos. As unhas caíam tanto dos pés quanto das mãos.

Tirei algumas fotos em que ela aparecia com todos os dedos com curativo, ficava o dia inteiro com eles.

Nos pés, por estarem protegidos pelo sapato, não precisou de tanto cuidado.

Mas as mãos deram trabalho e preocupavam. Ela ia para a escola, mexia no cabelo, tomava banho. Quando enroscava, fazia uma ferida, porque estava diretamente na pele e começava a sangrar.

Com o tempo, dava a impressão de que tinha começado a nascer uma unha fininha por baixo. Ficamos preocupados, porque a unha estava fraca.

Depois de quase três meses, caiu a última unha. As novas unhas são fininhas, não são fortes. Não sei quanto tempo deve voltar a ser o que era antes."

Entenda a 'mão-pé-boca'

  • A doença é uma infecção de um enterovírus altamente contagioso que acomete áreas determinadas do corpo como a mão, o pé e a boca, mas também pode afetar a região genital e as nádegas.
  • Ela é muito comum nas crianças, especialmente menores de cinco anos. Além disso, é mais frequente nos meses de primavera e verão.

A transmissão é fecal-oral, ou seja, ocorre mediante contato com pessoas, fezes, saliva, secreções, objetos ou alimentos contaminados. Mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas. A prevenção é lavar as mãos.
Fernanda Dias, coordenadora de pediatria da BP (Beneficência Portuguesa de São Paulo).

O contágio se dá de forma direta ou indireta, como:

  • Contato de pessoa a pessoa (por exemplo, por meio de um beijo);
  • Pelo ar (tosse ou espirro);
  • Pelas fezes (incluindo água contaminada);
  • Contato com superfícies e objetos contaminados.

Sintomas

  • Os sintomas são geralmente febre, dor de garganta, perda de apetite e mal-estar.
  • Podem ocorrer feridas dolorosas na boca e na língua (lesões vesiculares), erupções (lesões avermelhadas que se transformam em bolhas) nas palmas das mãos, nas solas dos pés, mas também nos tornozelos, cotovelos, genitais e/ou nádegas.
  • Em alguns casos, 3 a 8 semanas após a infecção, pode ocorrer também o descolamento da unha nas mãos e/ou nos pés, o que é definido pelos médicos como onicomadese.

Ocorre um processo inflamatório na pele e mucosa e, com isso, evolui para descamação do tecido na ponta dos dedos. A consequência disso é o descolamento da unha, ainda que seja pouco comum. Se a matriz (raiz) da unha não for afetada, ela vai crescer novamente no tempo de crescimento das unhas.
Fernanda Dias

  • Não existe vacina e a recomendação médica é a de que a criança fique afastada do convívio escolar no período da doença.