Mais da metade dos paulistas não sabe identificar o valor da pressão alta
Uma pesquisa da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) aponta que 53% dos entrevistados não sabem identificar "os números" da pressão arterial elevada.
Entre os que erraram, 34,1% disseram "16 por 9" e 18,9% "15 por 9".
A pesquisa, que acaba de ser tabulada, entrevistou 2.236 pessoas nas cidades de Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba e capital, além de cidades no Vale do Paraíba.
"O desconhecimento pode levar, mesmo aquele indivíduo que realiza a medição com frequência, a acreditar que está tudo bem e que não é hora de procurar ajuda médica mesmo com a pressão em alerta vermelho", destaca Luciano Drager, coordenador da pesquisa e diretor da Socesp.
Apenas 36% apontaram a hipertensão como fator de aumento do risco de problemas cardíacos quando, "na verdade, a doença anda de mãos dadas com as enfermidades cardiovasculares", alerta Drager.
No Brasil estima-se que 30% das mortes anuais —cerca de 1,3 milhão— são por causas do coração. A hipertensão está associada a 45% destas mortes cardíacas e a 51% dos óbitos por outras como o AVC.
32,3% dos brasileiros têm hipertensão e, na faixa etária após os 60 anos, este percentual sobe para 65%.
"Uma pessoa é considerada com a doença quando a pressão arterial sistólica —também conhecida como máxima— apresenta valores iguais ou maiores que 140 mmHg e a mínima (diastólica) igual ou maior que 90 mmHg. Isso de forma persistente em pelo menos duas ou mais ocasiões diferentes do dia. Popularmente dizemos '14 por 9'. A questão é que mais da metade da população desconhece este parâmetro", explica Fernanda Colombo, presidente do 43º Congresso da Socesp, que acontece em junho deste ano.
Sal e alimentação saudável
O sal é o principal inimigo da pressão arterial. Por isso, tanto quem tem hipertensão como para a população em geral, a orientação é consumir até 5 gramas por dia, apesar de o brasileiro consumir mais do que o dobro.
"Ficar dentro desta restrição não é simples porque grande parte dos produtos industrializados contém o ingrediente na composição. Evitar os ultraprocessados, como temperos e molhos prontos, salgadinhos, embutidos e enlatados, entre outros, é um excelente primeiro passo", ressalta o cardiologista Luciano Drager.
Uma dos orientações é substituir o sal por ervas aromáticas e outras opções naturais para não perder o sabor da comida e ainda mantê-la saudável.
A adoção de dietas como a DASH e a mediterrânea, ambas ricas em frutas, hortaliças e cereais integrais, também está entre as orientações dos nutricionistas.
Exercícios físicos
Apesar de exercícios regulares serem imprescindíveis para manter a pressão nos eixos, a pesquisa da Socesp apurou que 36,6% dos paulistas não praticam nenhuma atividade física e 31,4% o fazem duas vezes por semana.
Somente 32% declararam que se exercitam quatro ou mais vezes por semana, rotina considerada ideal para prevenção de doenças cardiovasculares e de seus fatores de risco, como a hipertensão.
De acordo com a Diretriz de Prevenção Cardiovascular, pacientes com hipertensão devem praticar pelo menos 30 minutos de exercício aeróbico de intensidade moderada (caminhada, corrida, ciclismo ou natação) de cinco a sete dias por semana e outros de resistência de dois a três dias por semana.
Os treinos podem ir se intensificando na medida em que o corpo se acostumar. O acompanhamento de um profissional de educação física é sempre recomendável tanto para aumento gradual da proposta de atividade como para supervisão da performance, evitando lesões e detectando sintomas que indiquem problemas cardiovasculares.
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