Por que voos longos de avião podem aumentar risco de parada cardíaca?
A advogada Sara Silva Raimundo, de 32 anos, morreu após uma parada cardíaca durante voo do Rio de Janeiro para Houston (EUA), na última sexta-feira (21). Ela viajava para participar do evento Brazil at Silicon Valley, na Califórnia.
Sara recebeu massagem cardíaca no voo, mas continuou desacordada e teve a morte confirmada em um hospital da Louisiana, para onde foi levada após o pouso de emergência.
O que é parada cardíaca?
A parada cardíaca ocorre quando o fluxo de sangue que o coração gera é incapaz de manter oxigenação mínima do corpo. Sem o oxigênio, o organismo não é capaz de continuar funcionando.
O quadro pode ser considerado uma morte súbita —os sinais, como arritmia e desmaio, geralmente acontecem de forma rápida, seguidos de óbito.
Os sintomas típicos de parada cardíaca são: falta de ar, suor frio, desmaio e dores no peito.
Tromboses são a principal causa
Paradas cardíacas em voos são mais associadas a trajetos longos e a quem já tem fatores de risco (como problemas cardíacos ou quem fez cirurgia no coração), explica o cardiologista Edmo Atique Gabriel, colunista de VivaBem.
Uma das principais causas são tromboses agudas, quando o fluxo sanguíneo é prejudicado pela formação de coágulos. Isso atrapalha o funcionamento dos órgãos, inclusive do coração, levando à parada cardíaca.
Voos prolongados, acima de 4 ou 5 horas, aumentam a possibilidade de estase do sangue, quando fica mais parado, circula mais devagar. Dependendo de cada pessoa, esse quadro aumenta o risco de trombose, que forma coágulos e, conforme a localização, fecha a circulação de órgãos vitais. É um evento rápido e súbito, que dificulta qualquer tipo de reanimação. Edmo Atique Gabriel, cardiologista
A estase sanguínea ocorre pela pessoa ficar horas na mesma posição durante o voo. Tem mais propensão ao quadro de trombose quem tem fatores de risco, sejam:
- Genéticos;
- De faixa etária;
- Alterações hormonais;
- Estilo de vida ruim;
- Medicações que usam no dia a dia;
- Problemas cardíacos;
- Antecedentes de eventos cardíacos, como infartos.
"O desafio das pessoas sem qualquer alteração, sobretudo as mais jovens, é pensar que elas podem ter problemas cardíacos não diagnosticados", diz Atique Gabriel.
Alimentação e ansiedade
Alergias alimentares durante os voos também podem levar à parada cardíaca. Nesses casos, quando não é possível frear a reação alérgica, a pessoa tem parada respiratória que leva à cardíaca.
Quem tem fobia de viajar de avião ou quadros intensos de ansiedade também merece atenção, sobretudo se há fatores de risco apontados em cima. O passageiro fica ainda mais vulnerável em voos com muita turbulência.
Como você está em uma câmara fechada, sem os instrumentos necessários, não dá para fazer o diagnóstico exato do que está acontecendo com o passageiro. Você trata as consequências, no caso a parada cardíaca, mas não delimita adequadamente para chegar à precisão maior da causa. Edmo Atique Gabriel, cardiologista
Dá para reduzir os riscos?
Sim, em especial pelo acompanhamento médico.
A recomendação é ir ao cardiologista a cada seis meses —obrigatoriamente se há viagens internacionais no radar. O acompanhamento, até mesmo por exames de sangue, indica alertas para possíveis problemas durante os voos.
Outros cuidados necessários são:
Antes do voo:
- Boa hidratação antes da viagem;
- Descanso nas 24 horas anteriores, incluindo sono de qualidade;
- Alimentação leve, principalmente na sala de embarque.
No voo:
- Movimentar membros inferiores, mesmo que sentado;
- Usar meias elásticas (para quem tem tendência a inchaço);
- Massagear as panturrilhas;
- Alimentar-se sem exageros;
- Manter a hidratação com líquidos saudáveis e evitar bebidas alcoólicas;
- Caminhar durante o voo sempre que possível --por exemplo: em um voo de 10 horas, o ideal é tentar circular de 2 a 3 vezes, no mínimo.
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