Saúde do fígado: veja 7 doenças e condições que afetam o órgão
Os médicos costumam dizer que "o fígado sofre calado, mas manda recado". Muitas vezes, as doenças que afetam o órgão são assintomáticas, ou seja, não apresentam sintomas iniciais. Portanto, as doenças hepáticas costumam ser silenciosas e se manifestam apenas nas fases mais avançadas.
Vale destacar que o fígado possui um papel fundamental para o funcionamento do organismo. É ele que dissolve e aproveita as gorduras e desintoxica o corpo, entre outras funções.
"É importante se atentar quando a pessoa tem casos na família de doenças relacionadas ao fígado. Além disso, é preciso ficar atento quando surgir sintomas persistentes de dor abdominal, olhos amarelos, urina escura e perda de peso abrupta sem outros diagnósticos médicos", explica Fabiola Rabelo, hepatologista e professora da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).
A seguir, confira 7 doenças que atingem o fígado e sintomas que merecem atenção.
1. Câncer de fígado
Na maioria das vezes, o câncer de fígado acontece devido a uma inflamação crônica do órgão, após doenças como hepatite ou cirrose.
A doença pode começar no próprio órgão ou ser metastática, quando há evolução do câncer, que se espalha e atinge também o fígado.
De forma geral, os tumores aparecem após mutações nas células hepáticas ou dos ductos biliares. O mais comum é hepatocarcinoma (ou carcinoma hepatocelular).
De acordo com o Inca, em 2022, ocorreram cerca de 10.700 casos de câncer de fígado. O diagnóstico geralmente é realizado em estágios avançados. No entanto, os sintomas mais comuns do câncer de fígado são:
- Dor abdominal
- Massa abdominal
- Perda de peso sem motivo
- Falta de apetite
- Mal-estar
- Icterícia (pele e olhos amarelados)
- Acúmulo de líquido no abdome
2. Hepatites
De forma simplificada, a hepatite significa uma inflamação no fígado, que pode surgir por conta de um vírus, consumo de álcool (ou outras substâncias) e também ser autoimune.
As principais hepatites são as virais, ou seja, ocorrem após o contágio do vírus A, B, C, D e E. Na maioria das vezes, são silenciosas. Mas surgem sintomas como cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
"As hepatites virais vêm diminuindo nos últimos anos, principalmente nos países industrializados, devido ao aumento da vacinação contra os vírus A e B. Assim como o tratamento adequado e a cura da hepatite pelo vírus C", complementa Edmundo Lopes, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia e professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
3. Esteatose hepática
Conhecida popularmente como "gordura no fígado", a condição vem aumentando em todo o mundo, principalmente em casos de obesidade. Em linhas gerais, acontece quando a gordura se acumula no fígado de forma excessiva. Em casos graves, leva a insuficiência hepática.
Muitas vezes, está associada a outras condições, como hipertensão, diabetes e colesterol elevado. É mais frequente em quem é sedentário, realiza refeições hipercalóricas e ingestão exagerada de álcool.
"Estima-se que 25% da população apresente gordura no fígado atualmente. O sobrepeso costuma ser a principal causa. Em casos mais raros, alguns medicamentos também favorecem o surgimento do problema de saúde", destaca Rogério Alves, gastro-hepatologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Geralmente, a esteatose hepática é silenciosa e diagnosticada em exames de rotina. Entretanto, algumas pessoas têm fadiga, aumento do fígado e dor do lado direito da barriga.
4. Cirrose
Durante a vida, é comum que o fígado acumule lesões e suas células são substituídas por "cicatrizes" que alteram a sua função. Dessa forma, a cirrose é o estágio avançado de doença no fígado, após um dano prolongado. As causas principais do problema de saúde são: etilismo e hepatite C.
"Ocorre em virtude da agressão contínua ao fígado, levando à destruição das células hepáticas após alguns anos. Com o tempo, o fígado deixa de realizar as funções (insuficiência hepática), como a metabolização e síntese de diversas substâncias", afirma Lopes.
Os sintomas são semelhantes às outras condições de saúde: fadiga, perda de peso e dor e inchaço abdominal. No entanto, também surgem manchas na pele (hematomas ou pontos vermelhos), febre e sangramentos fáceis.
Trata-se de uma doença crônica e o tratamento envolve mudanças no estilo de vida (parar com o consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo), medicamentos e, em casos mais graves, transplante de fígado.
5. Insuficiência hepática
Acontece quando há a perda da função do fígado. A condição, que também é chamada de falência hepática, acontece de forma súbita (aguda) ou quando o órgão vai se deteriorando de forma gradual ao longo dos anos (crônica).
As causas variam bastante, entre elas, estão: infecção viral, intoxicação por medicamentos, doenças autoimunes, consumo excessivo de álcool e cirrose.
Costuma provocar acúmulo de líquido na cavidade abdominal, icterícia, distúrbios neuropsíquicos (encefalopatia hepática), confusão mental e sonolência.
Em casos graves de insuficiência hepática, é comum que ocorra a necessidade de um transplante de fígado.
6. Doença hepática alcoólica
O excesso de bebidas alcoólicas provoca uma lesão no fígado que se torna a doença hepática alcoólica. Geralmente, o órgão é bastante afetado pelo consumo crônico e frequente do álcool, e o etilista desenvolve acúmulo de gordura no fígado (esteatose), inflamação (hepatite alcoólica) e cirrose.
De forma geral, após a metabolização do álcool são produzidas substâncias nocivas ao fígado. Além dos sintomas que envolvem as outras doenças citadas, quando há progressão do quadro, surgem problemas como febre, inchaços, confusão mental (devido à deterioração cerebral) e insuficiência hepática.
O tratamento é bastante complexo, já que envolve o controle da dependência do álcool. Portanto, o primeiro passo é a abstinência para evitar a progressão da doença. Em seguida, medicamentos são indicados para controlar os sintomas, assim como mudanças na dieta e uso de suplementos.
7. Doenças autoimunes
Quando o sistema imunológico não funciona adequadamente e ataca o próprio corpo surgem as doenças autoimunes. A mais comum que afeta o fígado é a colangite esclerosante primária, que afeta os ductos biliares, causando inflamação e "cicatrizes" no órgão.
Nesses casos, há uma redução do fluxo da bile, substância que ajuda na digestão e absorção de gorduras.
"Os pacientes com colangite apresentam icterícia e coceira generalizada pelo corpo, devido à deposição de sais biliares entre a derme e a epiderme. Ao longo de anos, a condição evolui para cirrose, e pode apresentar um tipo agressivo de tumor no fígado chamado de colangiocarcinoma", explica Lopes.
Além disso, há a hepatite autoimune que ocorre quando as células de defesa do organismo atacam o próprio fígado, causando inflamação. Geralmente, indica-se o uso de medicamentos imunossupressores para diminuir o funcionamento do sistema imunológico.
Como manter o fígado saudável
Algumas atitudes simples do dia a dia já diminuem o risco de doenças e condições que afetam o fígado.
"É importante realizar um check-up regular e fazer exames simples de sangue, avaliar as dosagens das enzimas hepáticas e também a ultrassonografia do fígado. Isso ajuda a identificar as doenças hepáticas de forma precoce, o que facilita o tratamento", acrescenta Alves.
Veja abaixo algumas recomendações:
- Praticar atividade física regular para evitar o sobrepeso e a obesidade.
- Manter uma dieta equilibrada, evitando o exagero de carboidratos e gorduras.
- Evitar o consumo exagerado de bebidas alcoólicas.
- Não usar medicamentos, como anti-inflamatórios, chás e suplementos sem orientação médica.
- Imunizar-se contra as hepatites virais.
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