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Tem como a sífilis ficar 'adormecida'? Dá para pegar sem ser por sexo?

Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

25/04/2023 04h00

Sim, a sífilis pode ficar latente, que é a fase "adormecida" da IST (Infecção Sexualmente Transmissível). Neste período, a doença não tem sintomas, mas, apesar de menos provável de acontecer, ainda pode ser transmitida a outras pessoas.

Por isso, é importante saber que a sífilis possui três fases, que não ocorrem necessariamente de forma sequencial, mas são intercaladas pelo período latente. Por exemplo, é possível que uma pessoa com sífilis não passe pelas etapas primária e secundária, entrando na fase latente, e aí, desenvolver diretamente a forma terciária após alguns anos. Cada fase funciona da seguinte maneira:

Sífilis primária: surge após três semanas da infecção por meio de lesões indolores de 1 a 2 centímetros, chamadas de cancros, na área onde ocorreu a exposição à bactéria que causa a sífilis, que, em sua maioria, é na região genital. Caso não sejam diagnosticadas e tratadas, essas lesões somem espontaneamente após três a seis semanas, quando o paciente entra na primeira fase de latência.

Sífilis secundária: ocorre em 25% dos indivíduos não tratados e apresenta sintomas bastante variáveis, como manchas avermelhadas por todo o corpo, aumento dos linfonodos (pequenas estruturas que possuem células do sistema imunológico que ajudam a combater infecções), mal-estar, cansaço, dor muscular, queda de cabelo, febre baixa, perda de peso, além de poder causar lesões hepáticas (fígado), renais e gastrointestinais. Essas manifestações também se resolvem espontaneamente após semanas a meses, quando ocorre a entrada da segunda fase de latência.

Sífilis terciária: pode surgir entre um a 30 anos depois que a pessoa foi infectada pela sífilis. Além disso, esta fase da infecção pode se manifestar por lesões cardíacas, neurológicas ou pelas gomas sifilíticas, que são lesões nodulares na pele, ossos ou qualquer órgão interno. Essa é a forma mais grave da sífilis, que pode levar ao óbito.

Se você costuma ter relações sexuais sem camisinha, mesmo que não perceba algo diferente em seu corpo, é de extrema importância realizar exames a cada três ou seis meses. Basta procurar a ajuda de um infectologista ou até mesmo de um urologista ou ginecologista. Estes especialistas estão aptos a prescreverem exames e, claro, indicarem o tratamento caso a sífilis seja diagnosticada.

A terapia indicada é a injeção intramuscular do antibiótico penicilina. A aplicação, que geralmente é feita na região do glúteo, deve ser realizada semanalmente entre uma a três semanas.

Sífilis é transmitida apenas por relação sexual?

Não. A principal forma de transmissão é por meio do contato sexual sem proteção com alguém que esteja infectado com a bactéria. E isso inclui tanto sexo vaginal quanto anal e oral.

Portanto, existem outras maneiras, menos comuns, pelas quais uma pessoa pode contrair sífilis. Uma delas é o contato direto com as feridas e as lesões cutâneas causadas pela infecção.

A transmissão também pode ocorrer ao compartilhar seringas usadas por alguém contaminado.

Outra é durante a gravidez, quando a mãe tem sífilis e não trata a infecção. Desse modo, ela pode passar a doença para o feto, o que pode levar a complicações graves no bebê, inclusive o óbito.

Por isso, é importante também realizar exames de IST durante a gestação, principalmente no começo da gravidez e no sétimo ou oitavo mês.

Fontes: Bernardo Almeida, infectologista do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba; Christianne Takeda, infectologista do HSJ (Hospital São José), no Ceará; Giovanna Sapienza, médica infectologista do Incor - HCFMUSP (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) e do Centro de Prevenção Meniá, em São Paulo; Michelle Cinthia Rodrigues, ginecologista e chefe da saúde da mulher do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), vinculado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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