Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Fisiculturista ex de Ronaldo para de usar anabolizantes; quais os efeitos?

Michele Umezu falou sobre experiência com as substâncias - Divulgação
Michele Umezu falou sobre experiência com as substâncias Imagem: Divulgação

Do VivaBem*, em São Paulo

26/04/2023 14h41

Fisiculturista e ex-namorada de Ronaldo Fenômeno, Michele Umezu, 40, contou que parou de usar anabolizantes após a decisão do CFM (Conselho Federal de Medicina), que proibiu as substâncias para fins estéticos, ganho de massa e melhora em competições.

"Como já consegui massa muscular, então fica mais fácil não usar esteroides. A dieta é a chave do shape. Se anabolizante fosse um milagre, todo mundo poderia competir fisiculturismo ou virar bodybuilder", disse.

Ela falou que usava as substâncias com indicação de um ex-namorado, e sofreu com os efeitos colaterais.

Meu ex aplicava errado, e fiquei com muitas acnes, queda de cabelo, os pelos engrossaram e a voz também. Foi horrível. Mas eu consegui resolver o colateral. Michele Umezu

Como parar de usar anabolizantes afeta os fisiculturistas?

Aumentar os músculos e diminuir a gordura são os principais objetivos dos fisiculturistas ao usar esteroides androgênicos e anabolizantes, conhecidos pela sigla EAA.

Ao interromper o uso, o fisiculturista não consegue manter a composição corporal alcançada com essas substâncias. A explicação é do endocrinologista Fábio Ferreira de Moura, diretor da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e do Hospital Universitário Osvaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco.

Quando para de usar, você não consegue manter aquele desempenho ou aquela massa magra. É a primeira dificuldade: não manter o mesmo nível de performance e a composição corporal. Por isso, cai por terra aquela história de usar só por um tempo e ter resultados prolongados. Quando para de usar, você perde o efeito. Fábio Ferreira de Moura, endocrinologista

Também é comum ter sintomas causados pela queda nos níveis hormonais, já que o organismo estava acostumado com eles nas alturas. Os principais são:

  • Fraqueza e indisposição;
  • Alterações de humor;
  • Dificuldade para dormir e/ou sono de má qualidade;
  • Sonolência durante o dia;
  • Diminuição da libido.
  • Homens, geralmente, ainda têm problemas de ereção (disfunção erétil). A fertilidade também fica prejudicada por dificuldades na produção de espermatozoides.

Dá para normalizar?

A extensão dos malefícios depende do tempo de uso, quantidade das doses, quais as substâncias usadas e o perfil de tolerância de cada pessoa a elas.

Essas consequências são individuais e devem ser acompanhadas por um médico.

Também é preciso ter auxílio para fazer suspender do uso. Os médicos devem indicar como parar de usar as substâncias, pois algumas pessoas podem precisar de um tipo de "desmame" —principalmente aquelas que usaram por tempo prolongado. Nesses casos, costumam ser administradas doses cada vez menores (chamadas regressivas).

Sobre a fertilidade, por exemplo, alguns homens levam meses ou anos para normalizar os espermatozoides. Outros, porém, podem ter danos permanentes.

Entenda a resolução do CFM

A resolução do CFM, publicada no Diário Oficial da União no dia 11 de abril, trata exclusivamente da vedação do uso de esteroides androgênicos e anabolizantes com a finalidade estética.

A medida destaca não haver estudos clínicos de boa qualidade que demonstrem a magnitude dos riscos associados à terapia hormonal androgênica em níveis acima dos fisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres.

O documento reforça que as terapias de reposição hormonal estão indicadas em caso de deficiência específica comprovada, de acordo com a existência de nexo entre a deficiência e o quadro clínico, ou de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados.

Está "vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda não aceita pela comunidade científica", completa a decisão.

Quem precisa de reposição? Alguns exemplos são homens com doenças genéticas que impedem a fabricação natural de testosterona, ou que perderam o testículo em algum acidente, além de crianças com falta do hormônio de crescimento.

*Com informações de reportagem publicada em 11/04/23.