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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Judoca e professor com Síndrome de Down obtém faixa preta e inspira alunos

Yves Levy Dupont (no centro) com seu professor de judô (atrás, também de faixa preta) e seus alunos do Instituto Social Pertence - Luciano Nagel
Yves Levy Dupont (no centro) com seu professor de judô (atrás, também de faixa preta) e seus alunos do Instituto Social Pertence Imagem: Luciano Nagel

Luciano Nagel

Colaboração para VivaBem

27/04/2023 04h00

O atleta Yves Levy Dupont, 33 anos, é o primeiro judoca com Síndrome de Down a obter faixa preta (2º Dan) em judô no Rio Grande do Sul.

Com 1,48 m de altura e pesando cerca de 50 kg, o gaúcho está sempre no pódio de competições estaduais e nacionais e brilha fora do país: já conquistou a medalha de bronze no Mundial de Judô ''For All'', na Holanda, em 2013, e no ano seguinte trouxe para o Brasil outro bronze, desta vez recebido em Ravena, na Itália, no torneio ''Days of Sports as Integration and International Judo Meeting''.

Formado recentemente em educação física, Yves Levy Dupont integra o projeto Esporte & Energia, do Instituto Social Pertence (ISP). Lá, sob a supervisão de seu professor Daniel Rodrigues Pires, Yves treina e também ensina a arte marcial para 20 alunos com deficiência intelectual, física ou sensorial.

''Está sendo uma experiência muito boa poder dar aula para essa turma. Quero seguir na carreira como professor e voltar com os treinos na Sogipa, onde comecei (a praticar judô) aos 7 anos'', disse Yves, que ficou sem treinar durante 2 anos por causa da pandemia do coronavírus.

Yves Levy com o professor Daniel  - Luciano Nagel - Luciano Nagel
Yves Levy com o professor Daniel
Imagem: Luciano Nagel

Para seus alunos, Yves é uma grande inspiração:

''Quero ser que nem ele: faixa preta e dar aula de judô. Eu me sinto 100% aqui. Esporte é tudo na vida, é saúde'', afirmou Pablo Varela, 38 anos, que tem déficit cognitivo.

Já a aprendiz Kelly Cristine Gomes da Conceição, 34 anos, diz que, desde que iniciou os treinos de judô, sente-se mais ativa e menos inibida. "Agora falo mais, sou mais comunicativa e não tenho medo de lutar.''

O professor Daniel Rodrigues Pires, que dá aulas para Yves desde 1997, diz que trabalhar com o aluno lhe traz muitos ensinamentos:

"Acho que a maior lição que aprendi nestes 26 anos em que estamos juntos é que o judô é um esporte muito democrático. Não precisa ser somente competitivo, tem espaço para todos. Essa inclusão é muito gratificante'', acredita Daniel, que pratica judô desde os 8 anos de idade.

Yves Levy Dupont - Luciano Nagel - Luciano Nagel
Imagem: Luciano Nagel

Sobre o Instituto Social Pertence (ISP)

De acordo com o presidente Victor Daniel Freiberg, o ISP é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como objetivo oferecer atividades que promovam a sociabilização e a construção da cidadania a pessoas com deficiência física, intelectual ou sensorial e/ou em vulnerabilidade social e econômica.

O instituto atende mais de 400 pessoas com atividades presenciais virtuais, culturais, esportivas, gastronômicas, pedagógicas entre outras. O judô e o jiu- jítsu estão inseridos no projeto Esporte & Energia e visam trabalhar a autonomia dos alunos.

''Além das aulas, oferecemos lanche, almoço, transporte de ida e volta, assistência social, psicológica e nutricional para os participantes'', explicou Victor. Ele espera que a instituição possa dar continuidade à proposta, inicialmente criada para ter um período de seis meses, que se encerra agora, no mês de abril.