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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Levanta daí! Ficar sentado por muito tempo traz inúmeros prejuízos à saúde

Andrew Neel/Unsplash
Imagem: Andrew Neel/Unsplash

Janaína Silva

Colaboração para VivaBem

27/04/2023 04h00

Permanecer horas na posição sentada —ao trabalhar, estudar ou mesmo durante os momentos de descanso e lazer— e ter um estilo de vida sedentário representam danos à saúde e aumento da probabilidade de desenvolver doenças.

E bastam só 4 horas ou mais para aumentar os riscos de enfermidades crônicas não transmissíveis, como síndromes metabólicas, câncer, entre outras, de acordo com Ana Beatriz de Oliveira, docente do departamento de fisioterapia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e Luiz Augusto Brusaca, fisioterapeuta.

O comprometimento independe do tipo de trabalho exercido, o que conta é a inatividade e a postura do corpo sentado por horas.

"Toda atividade que favorece o sedentarismo prejudica o sistema cardiovascular, especialmente por provocar obesidade, perda de massa muscular e, consequentemente, o diabetes e suas complicações", explica Marcelo Risso, ortopedista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

A lista de disfunções inclui ainda:

  • dores generalizadas
  • hipertensão arterial
  • inchaços nas pernas e pés
  • problemas circulatórios devido à dificuldade no retorno venoso que podem levar a tromboses e varizes
  • problemas coronarianos, como infarto e arritmias
  • síndromes metabólicas, como colesterol alto e gordura no fígado
  • e outras

São também sintomas da falta prolongada de movimento:

Sentir dormência e formigamento dos membros que se relaciona à eventual compressão de nervos periféricos.

Processos inflamatórios em virtude da fadiga muscular, pois as estruturas músculo-ligamentares sofrem sobrecarga.

Dores e, a longo prazo, comprometimento degenerativo na região da lombar, coluna vertebral e membros inferiores, provocados pela fadiga da musculatura.

Osteoporose e risco de fraturas, principalmente em idosos, consequências da perda de massa óssea que aumenta com a inatividade.

A saúde mental é também afetada. Depressão, ansiedade e estresse são problemas recorrentes e estudos apontam aumento do risco de demência, em função dos maus hábitos.

Muito além da postura, consciência corporal e ergonomia

Dor nas costas; dor lombar; má postura; coluna - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

No passado, a postura sentada chamava a atenção dos pesquisadores para questões ligadas ao seu efeito nos músculos e articulações. Hoje, contudo, as pesquisas desenvolvem-se sobre o comportamento sedentário.

"É comum tentarmos atribuir ao indivíduo uma espécie de culpa pelas posturas ou movimentos adotados no dia a dia. Porém, é importante frisar que nosso corpo responde às condições de trabalho que estão colocadas, para cumprir a tarefa que foi solicitada. O cérebro trabalha para que as ações ocorram e, dentre as inúmeras possibilidades, realiza aquela possível no momento", explicam os pesquisadores da UFSCar.

Ter consciência postural e ergonômica é importante para se ter uma boa qualidade de vida e, segundo Risso, envolvem elementos relacionados ao movimento, caminhada e prática esportiva, não apenas ao ato de sentar-se, bem como a situações de como se posicionar diante de uma tela de computador, celular ou tablet, teclado e como utilizar o telefone por longos períodos.

"O cuidado ergonômico não é suficiente para anular as consequências de uma falta de consciência corporal, que evita que não se faça esforços além do exigido para determinado movimento, protege do uso desnecessário de determinados grupos musculares e previne o surgimento de dores", enfatiza José Rivaldo Lima Coelho, profissional de educação física, especialista em fisiologia e biomecânica dos movimentos.

No entanto, apenas a consciência corporal não é suficiente para resolver os efeitos decorrentes do tempo em que se passa sentado. Os pesquisadores da UFSCar explicam que são necessárias políticas públicas que promovam mudanças de comportamento para combater a epidemia de doenças crônicas não transmissíveis.

"Afinal, sabe-se que qualquer movimento conta, quebrar períodos na mesma posição com pausas ao longo do dia já traz benefícios comparado a ficar o dia todo sentado", ressaltam.

Os especialistas aconselham:

  • Manter uma rotina de exercícios semanais regulares para fortalecer o corpo como um todo
  • Não é preciso dar atenção a apenas uma parte específica do corpo
  • Ter uma boa tonicidade muscular, isto é, músculos fortes o suficiente para suportar a falta de atividade por longo período
  • Para diminuir o risco de lesão e dores: fortalecimento da musculatura paravertebral --que dá sustentação à coluna vertebral-- e abdominal
  • Para o controle da dor, treinamento de força com faixas elásticas, no mínimo, 3 vezes por semana, por, pelo menos, 15 minutos

Fontes: Ana Beatriz de Oliveira, docente do departamento de fisioterapia e do programa de pós-graduação em fisioterapia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos); José Rivaldo Lima Coelho, profissional de educação física, especialista em fisiologia e biomecânica dos movimentos, atuação na reabilitação de pacientes e na qualidade de vida do trabalhador no HUWC-UFC (Hospital Universitário Walter da Universidade Federal do Ceará), ligado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Luiz Augusto Brusaca, fisioterapeuta e aluno de doutorado do programa de pós-graduação em fisioterapia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos); e Marcelo Risso, ortopedista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.